Agrishow encerra com reação de 2% no volume de negócios, diz direção
Feira de tecnologia do agronegócio em Ribeirão movimentou R$ 1,950 bi.
Para Abimaq, balanço mostra que campo tem sustentado economia brasileira.
A 23ª edição da Agrishow, feira de tecnologia para o agronegócio que se encerra nesta sexta-feira (29) em Ribeirão Preto (SP), movimentou R$ 1,950 bilhão em negócios, 2% a mais em relação à edição de 2015. Na abertura do evento na segunda-feira (25), os organizadores estimavam um faturamento igual ao do ano passado.
O número, divulgado na tarde desta sexta-feira durante entrevista coletiva dos organizadores, supera em R$ 50 milhões o montante de vendas da edição passada, quando o evento registrou queda histórica de 30%.
“Acho o número muito positivo, muito alvissareiro, porque havia temores de que houvesse uma queda forte de vendas por conta desse clima [crise econômica]. Isso mostra a pujança desse setor econômico do agronegócio que, de fato, está sustentando a economia do Brasil”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza.Segundo a direção, o saldo é atribuído a fatores como valorização de commodities como a soja e a articulação dos bancos na oferta de linhas de crédito.
De acordo com o presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, o montante pode ultrapassar os R$ 2 bilhões na divulgação do resultado consolidado, em maio.
"Há uma convicção de que possivelmente alcançaremos ou até poderemos passar dos R$ 2 bilhões, o que demonstra à organização o desenvolvimento em um momento de grande dificuldade na política econômica", afirma.
A organização também registrou alta de 23% nas rodadas internacionais de negócios, com saldo de US$ 18 milhões em pedidos fechados entre 46 empresas exportadoras e 18 delegações estrangeiras, de nações como Argélia, Canadá, Colômbia, Senegal e Tailândia.
A próxima edição da feira está programada para acontecer entre 24 e 28 de abril de 2017.
Público mais focado
Apesar das altas, o número de visitantes foi 6% menor em relação ao ano passado, totalizando 150 mil pessoas. Fato que organizadores e expositores relacionam à presença de visitantes mais intencionados em finalizar compras.
Apesar das altas, o número de visitantes foi 6% menor em relação ao ano passado, totalizando 150 mil pessoas. Fato que organizadores e expositores relacionam à presença de visitantes mais intencionados em finalizar compras.
"O público que recebemos ou veio para consulta técnica para futuras aquisições ou realmente veio para negociar. Veio extremamente mais focado, foi bastante interessante nesse sentido", afirma o gerente comercial de tratores da Agrale, Eduardo César Nunes.
Participante desde a primeira edição da Agrishow, a fabricante especializada em tratores que atendem de micro a grandes produtores rurais presente estima um crescimento de 15% nas vendas deste ano em relação a 2015, principalmente pela recuperação no segmento de tratores de maior porte.
O resultado também foi garantido pelo incremento em exportações para países da África e da América Latina, algumas delas por intermédio do Mais Alimentos Internacional - linha de crédito oferecida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. "Isso vem ganhando importância dentro do faturamento", diz.
A incerteza climática também foi um fator que impulsionou os negócios, afirma Vinicius Melo, gerente de vendas da Valley, multinacional norte-americana que produz equipamentos para irrigação no Brasil.
Uma maior utilização de recursos próprios na hora das compras, na comparação com 2015, demonstrou confiança por parte dos produtores, mesmo em um cenário de instabilidade política nacional, segundo Melo. A empresa espera ao menos igualar os dados do ano passado, o que contraria a expectativa inicial de queda.
"Isso mostra que o agricultor está otimista e economia é confiança. Se a confiança está grande e ele está tirando dinheiro do próprio bolso para colocar nas vendas, é porque o mercado agrícola vai responder melhor ainda nos próximos meses", diz.