sexta-feira, 29 de abril de 2016

Agrishow encerra com reação de 2% no volume de negócios, diz direção

29/04/2016 16h08 - Atualizado em 29/04/2016 18h54


Agrishow encerra com reação de 2% no volume de negócios, diz direção



Feira de tecnologia do agronegócio em Ribeirão movimentou R$ 1,950 bi.
Para Abimaq, balanço mostra que campo tem sustentado economia brasileira.

Rodolfo TiengoDo G1 Ribeirão e Franca


Fabricantes aproveitam a Agrishow em Ribeirão Preto, SP, para lançar novidades para o agronegócio (Foto: Érico Andrade/G1)Fabricantes aproveitam a Agrishow em Ribeirão para lançar novidades (Foto: Érico Andrade/G1)
 A  23ª edição da Agrishow, feira de tecnologia para o agronegócio que se encerra nesta sexta-feira (29) em Ribeirão Preto (SP), movimentou R$ 1,950 bilhão em negócios, 2% a mais em relação à edição de 2015. Na abertura do evento na segunda-feira (25), os organizadores estimavam um faturamento igual ao do ano passado.
O número, divulgado na tarde desta sexta-feira durante entrevista coletiva dos organizadores, supera em R$ 50 milhões o montante de vendas da edição passada, quando o evento registrou queda histórica de 30%.

“Acho o número muito positivo, muito alvissareiro, porque havia temores de que houvesse uma queda forte de vendas por conta desse clima [crise econômica]. Isso mostra a pujança desse setor econômico do agronegócio que, de fato, está sustentando a economia do Brasil”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza.
Segundo a direção, o saldo é atribuído a fatores como valorização de commodities como a soja e a articulação dos bancos na oferta de linhas de crédito.
De acordo com o presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, o montante pode ultrapassar os R$ 2 bilhões na divulgação do resultado consolidado, em maio.
"Há uma convicção de que possivelmente alcançaremos ou até poderemos passar dos R$ 2 bilhões, o que demonstra à organização o desenvolvimento em um momento de grande dificuldade na política econômica", afirma.
A organização também registrou alta de 23% nas rodadas internacionais de negócios, com saldo de US$ 18 milhões em pedidos fechados entre 46 empresas exportadoras e 18 delegações estrangeiras, de nações como Argélia, Canadá, Colômbia, Senegal e Tailândia.
A próxima edição da feira está programada para acontecer entre 24 e 28 de abril de 2017.
Organizadores da Agrishow, em Ribeirão Preto, SP (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)Organizadores da Agrishow estimam alta de 2% nas vendas este ano (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)
Público mais focado
Apesar das altas, o número de visitantes foi 6% menor em relação ao ano passado, totalizando 150 mil pessoas. Fato que organizadores e expositores relacionam à presença de visitantes mais intencionados em finalizar compras.
"O público que recebemos ou veio para consulta técnica para futuras aquisições ou realmente veio para negociar. Veio extremamente mais focado, foi bastante interessante nesse sentido", afirma o gerente comercial de tratores da Agrale, Eduardo César Nunes.
Participante desde a primeira edição da Agrishow, a fabricante especializada em tratores que atendem de micro a grandes produtores rurais presente estima um crescimento de 15% nas vendas deste ano em relação a 2015, principalmente pela recuperação no segmento de tratores de maior porte.
O resultado também foi garantido pelo incremento em exportações para países da África e da América Latina, algumas delas por intermédio do Mais Alimentos Internacional - linha de crédito oferecida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. "Isso vem ganhando importância dentro do faturamento", diz.
Gerente comercial de tratores da Agrale, Eduardo César Nunes (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)Gerente comercial de tratores da Agrale, Eduardo César Nunes (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)

A  incerteza climática também foi um fator que impulsionou os negócios, afirma Vinicius Melo, gerente de vendas da Valley, multinacional norte-americana que produz equipamentos para irrigação no Brasil.
Uma maior utilização de recursos próprios na hora das compras, na comparação com 2015, demonstrou confiança por parte dos produtores, mesmo em um cenário de instabilidade política nacional, segundo Melo. A empresa espera ao menos igualar os dados do ano passado, o que contraria a expectativa inicial de queda.
"Isso mostra que o agricultor está otimista e economia é confiança. Se a confiança está grande e ele está tirando dinheiro do próprio bolso para colocar nas vendas, é porque o mercado agrícola vai responder melhor ainda nos próximos meses", diz.
Agrishow 2016 atraiu público de 150 mil pessoas em Ribeirão Preto, estima direção (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)Agrishow 2016 atraiu público de 150 mil pessoas em Ribeirão, estima direção (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)

Contra desperdício, Agrishow tem sistemas de irrigação a partir de R$ 20

29/04/2016 14h55 - Atualizado em 29/04/2016 15h06


Contra desperdício, Agrishow tem sistemas de irrigação a partir de R$ 20




Agricultores buscam tecnologias diante da escassez de água e de chuvas.
Embrapa leva para feira em Ribeirão Preto (SP) irrigador solar feito em casa.

Adriano OliveiraDo G1 Ribeirão e Franca


Agrishow em Ribeirão Preto, SP, reúne lançamentos para irrigação de lavouras (Foto: Érico Andrade/G1)Economizar água na irrigação é desafio dos agricultores diante da falta de chuvas (Foto: Érico Andrade/G1)
As altas temperaturas e a escassez de chuvas em março e abril voltaram a deixar em alerta agricultores do centro-oeste e do sudeste brasileiro. O medo é que a seca enfrentada há dois anos se repita e prejudique as lavouras.
Em busca de soluções para o problema, produtores de todo o país buscam na 23ª Agrishow tecnologias que que consigam aliar economia de água com máxima produtividade no campo. A feira oferece opções de sistemas a partir de R$ 20.
Produtor de milho, João Sebastião Sanchez viajou 650 quilômetros até Ribeirão Preto (SP) na expectativa de encontrar um sistema que o ajude a monitorar a irrigação da propriedade de 200 hectares em Goiás. A principal exigência é que o produto caiba no orçamento.
“A gente sabe que a falta de água é uma realidade, e que pode piorar. Então, mesmo nessa crise, acaba sendo obrigado a investir em irrigação para não perder tudo o que tem”, diz o agricultor, surpreso com as opções disponíveis na feira.
Sistema monitora dados climáticos e do solo em tempo real (Foto: Adriano Oliveira/G1)Sistema monitora dados climáticos e do solo em tempo real (Foto: Adriano Oliveira/G1)
A  que mais chamou a atenção de Sanchez é o sistema que monitora dados climáticos e do solo em tempo real, a partir de equipamentos instalados na lavoura. A central calcula temperatura e umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, radiação solar, nível de evaporação e umidade do solo em diferentes profundidades.
As informações são disponibilizadas em um aplicativo no celular do produtor rural a cada 15 minutos. A partir daí, é possível determinar a necessidade de irrigação e ainda avaliar se as condições apresentadas são favoráveis ao surgimento de fungos e pragas, evitando perdas.
“Com a variação climática que acontece hoje, talvez não tenha muito valor tomar decisões em cima do que ocorreu no ano passado, no ano retrasado. O sistema permite tomada de decisão em tempo real. Isso é o uso inteligente e racional da água”, diz o gerente da empresa Marcelo Zlochevsky.
Produtor rural pode acessar informações atualizadas a cada 15 minutos por aplicativo no celular (Foto: Adriano Oliveira/G1)Produtor rural pode acessar informações atualizadas a cada 15 minutos no celular (Foto: Adriano Oliveira/G1)
Pecuária
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% da água potável do planeta é utilizada na agricultura. Ao mesmo tempo, a pecuária também consome parte considerável desse recurso e, por isso, criadores também buscam na 23ª Agrishow alternativas para economizar água.
A principal preocupação é com a destinação dos resíduos gerados pelos animais nas propriedades. Os locais de ordenha, por exemplo, devem ser lavados diariamente e essa água, misturada a fezes e urina dos animais, muitas vezes é despejada no campo.
“O problema é que isso acaba sobrecarregando o solo de matéria de orgânica. O excesso disso acaba indo para o lençol freático e até para os rios e acaba contaminando essa água”, explica Marcos Espósito, gerente de vendas de uma empresa expositora na Agrishow.
Após passar pelo separador, parte sólida pode ser usada como fertilizante (Foto: Adriano Oliveira/G1)Após passar pelo separador, parte sólida pode ser usada como fertilizante (Foto: Adriano Oliveira/G1)
O grupo apresenta um equipamento que separa os dejetos da lavagem dos currais em duas partes: uma sólida, que pode ser usada como fertilizante nas lavouras e forragem para o gado, e outra líquida, com ainda mais utilidades.
“A parte líquida vai para o biodigestor e o gás gerado ali é transformado em energia elétrica para a própria fazenda. O líquido restante é usado na lavoura, na forma de irrigação, ou mesmo para lavar as áreas de manejo”, afirma Espósito.
O separador, que também pode ser usado em abatedouros e nas indústrias alimentícia e farmacêutica, custa entre R$ 120 mil e R$ 240 mil. Segundo o gerente de vendas, o investimento é recuperado em até um ano e meio.
“O produtor está percebendo que pode transformar um problema em dinheiro. Economiza água da irrigação e da lavagem dos locais de ordenha, economiza energia elétrica da rede, economiza na compra de fertilizantes e ainda contabiliza aumento de produção”, diz.
Líquido sai do separador e vai para biodigestor, onde o gás poderá gerar energia elétrica (Foto: Adriano Oliveira/G1)Líquido sai do separador e vai para biodigestor, onde o gás poderá gerar energia elétrica para a fazenda
(Foto: Adriano Oliveira/G1)
Agricultura familiar
Os pequenos agricultores também encontram opções mais acessíveis para economizar água nas lavouras. Uma delas é o irrigador solar desenvolvido pelo físico e pesquisador da Embrapa Washington Luiz de Barros Melo, que pode ser montado no campo por R$ 20.
O sistema por gotejamento é montado com quatro recipientes conectados com mangueiras, e é acionado pelo calor gerado pela luz solar. O pesquisador explica que o sistema é controlado pela temperatura do ambiente e pelo nível dos reservatórios.
“Quando o sol vai embora, a pressão diminui e para de funcionar, esse é o princípio. Se chover, fizer frio, fica parado. Quando o sol aparece, ele volta a funcionar, dependendo também da intensidade do calor e da umidade do solo”, explica o pesquisador.
O pesquisador Washington Barros Melo conta que ideia de irrigador solar surgiu durante as férias (Foto: Adriano Oliveira/G1)Pesquisador Washington de Barros Melo conta que ideia de irrigador solar surgiu durante as férias
(Foto: Adriano Oliveira/G1)
A ideia surgiu há quatro anos, durante as férias de Melo, e o primeiro protótipo foi construído em casa mesmo, com garrafas PET e uma bexiga de aniversário. O modelo foi aperfeiçoado e o atual é capaz de irrigar uma área de 100 metros quadrados.
O pesquisador afirma que o sistema pode ser feito em escala industrial, substituindo as garrafas por reservatórios maiores. No lugar do tanque, o produtor pode usar uma caixa d’água. Já a garrafa de vidro pode ser substituída por recipiente de cobre ou alumínio.
“É só fazer recipientes maiores para acoplar mangueiras maiores. A vazão depende do diâmetro da mangueira e do nível da água no distribuidor e no tanque. Fatalmente, uma bomba com todo o sistema elétrico de irrigação, ainda fica mais caro de que um irrigador solar mais sofisticado”, diz.
Patenteado pela Embrapa, o irrigador solar já é produzido por agricultores em vários estados brasileiros e também em países como Argentina, Angola, Moçambique, Espanha, Rússia, China e Finlândia.
“Eu quero que as pessoas usem. O meu interesse é que mais pessoas usem e me deem retorno, para que o sistema possa ser aprimorado. A água é um produto que vai se tornar cada vez mais caro. Por isso, temos que usar com consciência”, conclui o pesquisador.
Irrigador solar pode atender área de até 100 metros quadrados (Foto: Adriano Oliveira/G1)Irrigador solar pode atender área de até 100 metros quadrados (Foto: Adriano Oliveira/G1)

BRF voltará a aumentar preços para enfrentar alta do custo do milho

29/04/2016 13h36 - Atualizado em 29/04/2016 13h38


BRF voltará a aumentar preços para enfrentar alta do custo do milho




Afirmação é do presidente-executivo da exportadora, Pedro Faria.
Reajuste nos preços deve ser de 7% em maio.

Da Reuters

A BRF planeja aumentar seus preços em cerca de 7% em maio para ajudar a enfrentar aumento de custos e um mercado que deve continuar desafiador até meados do ano, afirmou o presidente-executivo da fabricante de alimentos processados e exportadora de carne de frango, Pedro Faria.
Em teleconferência com analistas, Faria afirmou que o reajuste de 10% nos preços da empresa no começo do ano não foi suficiente para compensar as pressões de custo geradas pela alta nos preços do milho, principal item da dieta dos animais abatidos pela companhia.

Os custos do milho foram cerca de 60 por cento mais altos que um ano antes no primeiro trimestre por causa de escassez do grão, afirmaram executivos.
A BRF divulgou na noite da véspera lucro líquido de 39 milhões de reais para o primeiro trimestre, uma queda de 91 por cento sobre o resultado obtido no mesmo período do ano passado.
O presidente do Conselho de Administração da BRF, Abilio Diniz, afirmou que o excesso de produção de frango no Brasil, combinado com o aumento dos custos e taxas de câmbio desfavoráveis que atingiram as exportações da empresa resultaram em um dos trimestres mais desafiadores já vividos pela companhia.
Apesar dos desafios, Faria disse que a BRF ainda espera investir R$ 2 bilhões em 2016. Embora haja preocupações de que a seca possa afetar a segunda colheita de milho do Brasil, que deve vir ao mercado em maio ou junho, a BRF avalia que os preços locais do grão vão cair.
"Pode haver uma segunda colheita de milho um pouco melhor ou um pouco pior, mas os preços vão cair", disse Faria.
A BRF tem importado milho da Argentina e Paraguai, mas afirmou à Reuters no começo da semana que não planeja aproveitar uma nova cota para comprar milho sem tarifas de países fora do Mercosul.
Às 12h44, as ações da BRF subiam 0,2 por cento, à 49,10 reais, enquanto o Ibovespa mostrava desvalorização de 0,9 por cento.

Venda de centenária produtora de carnes deve ser barrada na Austrália

29/04/2016 13h29 - Atualizado em 29/04/2016 13h29


Venda de centenária produtora de carnes deve ser barrada na Austrália




No dia 19, foi anunciada a venda do império pecuarista por US$ 288 mi.
Segundo governo, venda para chinesas seria contrária a interesses do país.

Do Estadão Conteúdo

O acordo de venda da maior criação de gado bovino na Austrália, a S. Kidman, para um consórcio liderado por chineses deve ser vetado, informou um funcionário do governo australiano nesta sexta-feira (29).
No último dia 19, foi anunciada a venda do império pecuarista pela cifra de US$ 288 milhões. Os compradores seriam as holdings Dakang Australia, com sede na China e controlada pelo Shanghai Pengxin Group, e Australian Rural Capital.
Nesta sexta-feira, o chefe do Tesouro australiano, Scott Morrison, informou ter conversado com o consórcio sobre seu julgamento "preliminar" do acordo, que deixaria cerca de 80% do controle da empresa centenária em mãos chinesas, e que o negócio seria contrário aos interesses australianos.
"Somos favoráveis a investimentos estrangeiros. Ainda assim, devemos estar confiantes de que este investimento não é contrário aos interesses nacionais", afirmou. O tesoureiro pediu à S. Kidman e ao consórcio respostas em torno de algumas preocupações, antes da divulgação do orçamento do governo, que deve ocorrer na próxima terça-feira.
A S. Kidman não quis comentar o posicionamento do governo, enquanto o consórcio de compradores não foi localizado.
A principal preocupação de Morrison se dá pela forma como o acordo foi firmado, diante da dimensão do portfólio da S. Kidman. "O tamanho do ativo dificulta a compra da operação inteira por algum grupo australiano", disse, apontando que há grande interesse nos ativos da empresa, conforme um levantamento realizado anteriormente.
O tesoureiro apontou que a S. Kidman é a maior proprietária privada de terras na Austrália, concentrando 1% de todo o território e 2% das terras cultiváveis. Desta maneira, uma possibilidade de aprovação do acordo pode ser a divisão das propriedades em porções menores.
No ano passado, a Dakang já havia tido um acordo barrado pelas autoridades locais, que entendiam que o negócio era contrário aos interesses do país.
Aquisições por empresas estrangeiras são uma questão política sensível na Austrália, onde os nacionalistas se opõem vigorosamente a essas ofertas, alegando que ameaçam a segurança alimentar e a água do país justo em um momento de crescente demanda global por alimentos. O investimento da China é especialmente contestado por causa da influência de empresas estatais. O gigante asiático é o maior investidor no setor agrícola australiano. Fonte: Dow Jones Newswires.

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Instabilidade política dificulta novos negócios com o exterior na Agrishow

29/04/2016 06h30 - Atualizado em 29/04/2016 06h30


Instabilidade política dificulta novos negócios com o exterior na Agrishow




Crise brasileira faz compradores externos também esperarem por definições. 
Câmbio flutuante e queda das commodities são vilões na hora da compra.


Felipe TurioniDo G1 Ribeirão e Franca



Com cenário econômico desfavorável, visitantes pesquisam preços antes de fechar negócios na Agrishow 2016 (Foto: Érico Andrade/G1)Com cenário econômico desfavorável, visitantes pesquisam preços antes de fechar negócios na Agrishow 2016 (Foto: Érico Andrade/G1)
Os reflexos causados na economia pela instabilidade na política brasileira e o recuo no preço das commodities são os maiores vilões das fabricantes nacionais de máquinas agrícolas que tentam fechar negócios com o exterior durante a 23ª Agrishow, feira de tecnologia agrícola que termina nesta sexta-feira (29), em Ribeirão Preto (SP).
Apesar da desvalorização do real, o câmbio flutuante observado nos últimos meses, em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, dificulta a exploração de novos mercados. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as vendas caíram 30% devido à instabilidade.

De acordo com ele, tanto o comprador nacional quanto o internacional aguardam definições no cenário, principalmente político, para poder investir. "Existe uma demanda reprimida que você tem devido ao câmbio em relação à exportação e que todos os investidores têm em relação a investir neste momento, e ele fica parado, observando o que vai acontecer".
"Tínhamos um dólar numa situação melhor em relação à exportação, mas por outro lado você tem uma instabilidade que faz com que você não repasse a cotação do dólar para o preço final, porque você não sabe se o dólar que você vai vender estará um pouco mais baixo ou não", diz o diretor executivo da Abimaq, Klaus Curt Müller.
A situação negativa do mercado de máquinas agrícolas no exterior pode mudar a partir do segundo semestre, com a possibilidade de resolução dos problemas políticos no Brasil. "Tirada essa incógnita, seja ela qual for, se Temer, Dilma ou até mesmo novas eleições, haverá uma recuperação razoável", analisa Müller.
Compradores e vendedores travam negociações em estande da Agrishow 2016 (Foto: Érico Andrade/G1)Compradores e vendedores travam negociações em estande da Agrishow 2016 (Foto: Érico Andrade/G1)
Commodities
A Jacto, empresa brasileira especializada em tratores e máquinas pulverizadoras, viu suas exportações caírem 40% no primeiro trimestre do ano, sob impacto do dólar instável, mas também do preço das commodities (produtos 'in natura'), principalmente em países da América Latina, onde sempre atuou, como Argentina, Paraguai e Bolívia.
"Mesmo a gente com preços favoráveis frente às empresas estrageiras, em países que produzem milho e soja principalmente o mercado não está muito receptivo, e nós temos um volume de exportação menor que no ano passado", comenta o gerente de exportação da Jacto, José Emílio de Castro Filho.
Crise externa
Atuante em 76 países, a também brasileira Baldan encontra dificuldades no mercado externo, que já é o principal foco de trabalho da marca, segundo o gerente Aparecido Sidney Cândido. Entretanto, para ele, as dificuldades econômicas não são privilégio apenas do Brasil. "As crises lá fora também estão difíceis", diz.
A alternativa para lidar com a situação, segundo ele, é mudar a estratégia com o cliente. "Nós temos 10 ou 15 empresas brigando pelo mesmo negócio, por isso você tem que ser mais competitivo ainda. Estamos vistando os clientes constantemente, indo ao campo, para tentar alavancar as vendas".

Principal fabricante de cerveja na Venezuela suspende produção

29/04/2016 21h38 - Atualizado em 29/04/2016 21h56


Principal fabricante de cerveja na Venezuela suspende produção



Cervejaria Polar já havia anunciado que conseguiria produzir até 29 de abril.
Medida terá um impacto negativo sobre 10 mil empregos.

Do G1, em São Paulo


Fábrica da Cerveceria Polar, maior favricante de cervejas da Venezuela (Foto: FEDERICO PARRA / AFP)Fábrica da Cerveceria Polar, maior favricante de cervejas da Venezuela (Foto: FEDERICO PARRA / AFP)
A   Cervejaria Polar, pertencente ao maior grupo empresarial da Venezuela e principal fabricante de cervejas, suspendeu nesta sexta-feira (29) a última de suas quatro unidades de produção no país, já atingido por uma severa escassez de outros produtos, como alimentos e medicamentos. A medida configura uma disputa com o governo sobre o controle do câmbio.
Será preciso beber muito menos... Em ocasiões especiais, aniversários, batizados"
Jorge Díaz, comerciante
A Polar produz cerca de 80% da cerveja consumida na Venezuela. De acordo com a empresa, a paralisação deve ter impacto negativo sobre os 10 mil empregos diretos e os mais de 300 mil postos de trabalho indiretos - entre franqueados, transportadores e fornecedores - ligados à cervejaria.

Na semana passada, a empresa havia anunciado que só tinha "cevada maltada para produzir cerveja até 29 de abril", devido à falta de moeda internacional para pagar seus fornecedores estrangeiros, provocada pelo controle estatal do câmbio no país.
O governo de Nicolás Maduro, por sua vez, acusa a Polar de exagerar suas necessidades de dólares e armazenar produtos como parte de uma "guerra econômica" em favor da comunidade empresarial, políticos e os Estados Unidos com o objetivo de minar o socialismo na Venezuela, informou a Reuters.
"Será preciso beber muito menos (...). Em ocasiões especiais, aniversários, batizados. Se antes você bebia 6, agora serão 3", declarou à AFP Jorge Díaz, um comerciante de 33 anos.
Grave crise econômica
A partir do dia 22, a Venezuela passou a ter cortes de energia de quatro horas diárias durante 40 dias em seus dez estados mais populosos e industrializados, anunciou o governo, que culpa a seca provocada pelo fenômeno El Niño.
Menina de San Cristobal faz lição de casa com iluminação de uma vela em dia de corte de energia  (Foto: REUTERS/Carlos Eduardo Ramirez)Menina de San Cristobal faz lição de casa com iluminação de uma vela em dia de corte de energia (Foto: REUTERS/Carlos Eduardo Ramirez)
"Cada usuário terá uma suspensão temporária de quatro horas diárias. O plano vai durar aproximadamente 40 dias. É o tempo para começar a conter a queda no volume da principal hidrelétrica do país", declarou o ministro de Energia Elétrica, Luis Motta, à emissora local.
Motta disse que quase 60% do consumo total de eletricidade está na zona residencial, o que afeta severamente o nível da central hidrelétrica El Guri, que fornece 70% da energia do país.

A partir de 1º de maio, os relógios serão adiantados em meia hora na Venezuela, com o país retornando ao horário que vigorou até 9 de dezembro de 2007, quando o então presidente Hugo Chávez fixou a hora em -4h30 GMT, em outra medida para poupar energia.
O país com as maiores reservas de petróleo do mundo, que viveu uma dura crise elétrica em 2010, sofre apagões e racionamentos de água, aumentando as dificuldades do dia a dia.
O governo também declarou as sexta-feiras dia de folga para o setor público nos próximos dois meses. Além disso, a carga horária de trabalho em ministérios e empresas públicas foi reduzida durante a semana.
No início do mês, Maduro decretou a ampliação para nove horas diárias o racionamento de energia para grandes consumidores, como os hotéis, que devem gerar sua própria eletricidade. A medida teve início em fevereiro, por quatro horas, e levou as lojas a encurtar seu horário de funcionamento.
Analistas econômicos advertem que tais medidas afetam a produtividade de um país que já enfrenta uma aguda crise econômica, recessão, a mais alta inflação do planeta (180% em 2015) e escassez de alimentos.
Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro (Foto: Juan Barreto / AFP Photo)Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro (Foto: Juan Barreto / AFP Photo)