sexta-feira, 29 de abril de 2016

Principal fabricante de cerveja na Venezuela suspende produção

29/04/2016 21h38 - Atualizado em 29/04/2016 21h56


Principal fabricante de cerveja na Venezuela suspende produção



Cervejaria Polar já havia anunciado que conseguiria produzir até 29 de abril.
Medida terá um impacto negativo sobre 10 mil empregos.

Do G1, em São Paulo


Fábrica da Cerveceria Polar, maior favricante de cervejas da Venezuela (Foto: FEDERICO PARRA / AFP)Fábrica da Cerveceria Polar, maior favricante de cervejas da Venezuela (Foto: FEDERICO PARRA / AFP)
A   Cervejaria Polar, pertencente ao maior grupo empresarial da Venezuela e principal fabricante de cervejas, suspendeu nesta sexta-feira (29) a última de suas quatro unidades de produção no país, já atingido por uma severa escassez de outros produtos, como alimentos e medicamentos. A medida configura uma disputa com o governo sobre o controle do câmbio.
Será preciso beber muito menos... Em ocasiões especiais, aniversários, batizados"
Jorge Díaz, comerciante
A Polar produz cerca de 80% da cerveja consumida na Venezuela. De acordo com a empresa, a paralisação deve ter impacto negativo sobre os 10 mil empregos diretos e os mais de 300 mil postos de trabalho indiretos - entre franqueados, transportadores e fornecedores - ligados à cervejaria.

Na semana passada, a empresa havia anunciado que só tinha "cevada maltada para produzir cerveja até 29 de abril", devido à falta de moeda internacional para pagar seus fornecedores estrangeiros, provocada pelo controle estatal do câmbio no país.
O governo de Nicolás Maduro, por sua vez, acusa a Polar de exagerar suas necessidades de dólares e armazenar produtos como parte de uma "guerra econômica" em favor da comunidade empresarial, políticos e os Estados Unidos com o objetivo de minar o socialismo na Venezuela, informou a Reuters.
"Será preciso beber muito menos (...). Em ocasiões especiais, aniversários, batizados. Se antes você bebia 6, agora serão 3", declarou à AFP Jorge Díaz, um comerciante de 33 anos.
Grave crise econômica
A partir do dia 22, a Venezuela passou a ter cortes de energia de quatro horas diárias durante 40 dias em seus dez estados mais populosos e industrializados, anunciou o governo, que culpa a seca provocada pelo fenômeno El Niño.
Menina de San Cristobal faz lição de casa com iluminação de uma vela em dia de corte de energia  (Foto: REUTERS/Carlos Eduardo Ramirez)Menina de San Cristobal faz lição de casa com iluminação de uma vela em dia de corte de energia (Foto: REUTERS/Carlos Eduardo Ramirez)
"Cada usuário terá uma suspensão temporária de quatro horas diárias. O plano vai durar aproximadamente 40 dias. É o tempo para começar a conter a queda no volume da principal hidrelétrica do país", declarou o ministro de Energia Elétrica, Luis Motta, à emissora local.
Motta disse que quase 60% do consumo total de eletricidade está na zona residencial, o que afeta severamente o nível da central hidrelétrica El Guri, que fornece 70% da energia do país.

A partir de 1º de maio, os relógios serão adiantados em meia hora na Venezuela, com o país retornando ao horário que vigorou até 9 de dezembro de 2007, quando o então presidente Hugo Chávez fixou a hora em -4h30 GMT, em outra medida para poupar energia.
O país com as maiores reservas de petróleo do mundo, que viveu uma dura crise elétrica em 2010, sofre apagões e racionamentos de água, aumentando as dificuldades do dia a dia.
O governo também declarou as sexta-feiras dia de folga para o setor público nos próximos dois meses. Além disso, a carga horária de trabalho em ministérios e empresas públicas foi reduzida durante a semana.
No início do mês, Maduro decretou a ampliação para nove horas diárias o racionamento de energia para grandes consumidores, como os hotéis, que devem gerar sua própria eletricidade. A medida teve início em fevereiro, por quatro horas, e levou as lojas a encurtar seu horário de funcionamento.
Analistas econômicos advertem que tais medidas afetam a produtividade de um país que já enfrenta uma aguda crise econômica, recessão, a mais alta inflação do planeta (180% em 2015) e escassez de alimentos.
Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro (Foto: Juan Barreto / AFP Photo)Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro (Foto: Juan Barreto / AFP Photo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário