sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Brasil deve iniciar em 2017 programa de melhoramento genético do feijão fava

Brasil deve iniciar em 2017 programa de melhoramento genético do feijão fava




Brasil deve iniciar em 2017 programa de melhoramento genético do feijão fava
30/12/16 - 13:26 

O feijão fava (Phaseolus lunatus L.) é uma espécie alimentar de grande importância no Brasil, sobretudo na região nordeste. Entretanto, apesar dos inúmeros benefícios que apresenta para a nutrição, saúde e segurança alimentar, ainda é uma cultura que tem recebido pouca atenção da pesquisa a nível nacional, sobretudo no aspecto do melhoramento genético. A Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalham há mais de 10 anos para ampliar o conhecimento genético acerca dessa cultura agrícola, investindo em ações de coleta de variedades tradicionais em diversas regiões brasileiras, caracterização molecular e conservação em seus bancos genéticos. O conhecimento gerado aponta para a necessidade de iniciar no País um programa nacional de melhoramento genético do feijão fava, em colaboração com outras instituições nacionais de pesquisa e ensino e de países da América Latina que já possuem vasta experiência nessa área, como México e Colômbia.
A criação desse programa é uma das conclusões da 1ª Reunião internacional de pesquisa sobre feijão-fava, realizada em Teresina, PI, no período de 07 a 09 de dezembro de 2016. O evento reuniu especialistas nacionais e internacionais e discutiu estratégias para o melhoramento genético da cultura no Brasil, México e Colômbia.
A fava é muito famosa em todo nordeste brasileiro. É também uma importante fonte proteica para diversas comunidades indígenas brasileiras. Com um grão pouco maior que o do feijão, é ótima companheira do arroz, não só no sabor, como também no teor nutricional, já que é uma leguminosa rica em diversos nutrientes, como proteínas, fibras alimentares, vitaminas e minerais, além de possuir baixo teor de gordura e ser livre de gordura saturada. Por todos esses benefícios para a nutrição e saúde humana, é fundamental que essa cultura seja mais difundida no País.
Segundo a pesquisadora e chefa adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia - unidade da Embrapa localizada em Brasília, DF – Marília Burle, que participou da reunião internacional, o evento foi muito produtivo, especialmente porque possibilitou reunir experiências do Brasil, México e Colômbia com essa cultura, abrangendo todos os aspectos importantes no que se refere à pesquisa agropecuária. "O foco principal da reunião foi "o que sabemos e não sabemos sobre Phaseolus lunatus". Isso significa que tentamos esgotar todas as questões relacionadas à essa cultura, com base no estado atual do conhecimento e nas principais lacunas que precisam ser esclarecidas, incluindo: conservação, domesticação, reprodução e pragas e doenças relacionadas ao seu cultivo", explica.
Durante o evento, os especialistas presentes apresentaram a situação da pesquisa com o feijão fava em seus respectivos países. Marília falou sobre a conservação dessa espécie no Brasil; Jaime Castillo, do Centro de Investigação Científica de Yucatán (CICY), em Mérida, expôs a pesquisa no México; e Maria Isabel Sanchez, da Universidade Autônoma de Bogotá, relatou o que está sendo feito na Colômbia.
A palestra de abertura da reunião internacional foi do pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Francisco Freire sobre o exemplo de sucesso do feijão-caupi no Brasil. Freire foi o principal responsável pelo sucesso do programa de melhoramento genético dessa espécie de feijão no País, o que lhe rendeu inclusive o prêmio Frederico de Menezes Veiga em 2009. Esse prêmio é outorgado pela Embrapa todos os anos a cientistas que se destacam na pesquisa agropecuária na Empresa e em instituições parceiras.
Foram apresentadas também palestras de professores da UFPI sobre: perspectivas do melhoramento do feijão-fava no Brasil (Ângela Celis de Almeida Lopes e Regina Lucia Ferreira Gomes); avanços na fixação biológica de nitrogênio em feijão-fava (Ademir Sergio Ferreira de Araújo) e doenças do feijão-fava no Brasil (José Evandro Aguiar Júnior).
Cooperação técnico científica em prol do melhoramento genético da fava
De acordo com a chefe de P&D, um dos resultados da reunião será a formação de um grupo de trabalho em rede, incluindo Brasil, México e Colômbia, sobre estudos e colaboração em Phaseolus lunatus. Esse grupo ficará responsável por buscar mecanismos de intercâmbio de recursos genéticos; capacitar estudantes e pesquisadores; padronizar métodos e protocolos de análise genética e por criar o programa de melhoramento genético de feijão fava no Brasil e na América Latina, para o qual deverá prospectar financiamento local e internacional.
As ações no Brasil serão lideradas pelos professores e alunos da UFPI, que segundo Marília, constituem hoje a equipe mais atuante na pesquisa com feijão fava no País, em parceria com a Embrapa e outras instituições. "Após mais de 10 anos de pesquisa com recursos genéticos dessa espécie, é chegada a hora de se estruturar um programa nacional de melhoramento de fava. Acredito que a Embrapa tem muito a contribuir nesse futuro programa, sob a liderança ativa da UFPI", constata a pesquisadora.
Coleta de variedades de fava em parceria com o México
    

O evento derivou também na definição de ações de coleta de variedades tradicionais de fava no Maranhão, norte de Minas Gerais, Mato Grosso e em outros estados brasileiros, em conjunto com a UFPI, Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e com pesquisadores mexicanos.
A próxima reunião será realizada no Centro de Investigação Científica de Yucatán (CICY), em Mérida, México.
Fernanda Diniz (MTB/DF 4685/89) 

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