A queda acentuada dos alimentos deverá dar um alívio ao bolso dos consumidores, principalmente os de menor renda
A agricultura está segurando a taxa de inflação no país. Os preços dos produtos agropecuários já caíram 8% no atacado nos quatro primeiros meses do ano, enquanto a inflação média medida pelo IGP-M teve recuo de 0,4%. Nesse mesmo período, os produtos industriais subiram 1,2%.
A queda acentuada dos alimentos deverá dar um alívio ao bolso dos consumidores, principalmente os de menor renda.
Esse cenário deverá se manter nos próximos meses, com a inflação de 2017 ficando em 4%, e a dos alimentos em 1%.
A evolução menor dos preços dos alimentos vai ajudar a preservar o poder de compra dos consumidores, segundo André Braz, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Esse quadro reverte cenário de 2016, quando os alimentos subiram 10%, e a inflação média ficou em 6,3%, afirma ele.
Clima favorável e supersafra permitem essa queda nos preços dos alimentos, tanto os que vão diretamente à mesa dos consumidores, como feijão e arroz, como os que vão indiretamente, como soja e milho.
Esses dois últimos, com a queda de preços, geram custos menores para os produtores de proteínas e garantem um recuo no valor das carnes, afirma o economista.
A recessão não deixa de ter sua parcela de culpa, uma vez que, principalmente devido ao desemprego, provoca uma redução na demanda.
Ainda bem que há essa conjugação de supersafra e de preços baixos dos alimentos neste ano. Já imaginou uma alta de alimentos nesse período de recessão da economia, de perda de emprego e de queda de renda dos consumidores, destaca Braz.
No ano passado, a alta dos alimentos foi superior à da inflação, mas o país ainda não vivia esse processo agudo de desemprego.
Se 2017 está garantido, 2018 ainda é uma incógnita em relação à participação dos alimentos na inflação.
Há previsões de que o El Niño volte a prejudicar a produção de grãos no segundo semestre. Se isso ocorrer, uma eventual queda de produção vai afetar apenas 2018, uma vez que a oferta para 2017 está garantida, afirma Braz.
IGP-M
O índice indicou uma deflação de 1,10% em abril —foram comprados preços médios de 21 de março a 20 de abril em relação a 21 de fevereiro a 20 de março.
Essa taxa é a menor mensal desde o início da série do IGP-M, em junho de 1989. A menor taxa até então tinha sido verificada em maio de 2003, quando a deflação atingiu 1%.
A pesquisa da FGV indicou quedas de 15% nos preços do milho no atacado nos últimos 30 dias; 14% nos da mandioca, e 9% nos da soja.
Data de Publicação: 28/04/2017 às 10:10hs
Fonte: Folha de S. Paulo
Fonte: Folha de S. Paulo
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