Conheça medidas que geram bons resultados contra o carrapato do boi
O carrapato causa muitos prejuízos para os produtores de carne e leite.
Ele se multiplica com facilidade e cria resistência aos tratamentos.
O carrapato é, há muito tempo, um dos principais inimigos da pecuária do Brasil. Ele se multiplica com facilidade, cria resistência aos tratamentos e causa prejuízo para produtores de carne e leite. Algumas ferramentas ajudam a enfrentar esse inimigo, pequeno, mas poderoso. Agumas já existem, outras ainda passam por testes.
Eles estão espalhados em todos os continentes, em vários tipos de clima e todo tipo de bicho. Tem carrapato em boi, cavalo, cachorro, camelo, lagarto, urubu, morcego e até em pinguim. Ao todo, os cientistas já identificaram mais 900 espécies no mundo.
“Carrapato é um araquinídeo, da mesma classe das aranhas e escorpiões, tem quatro pares de patas na fase adulta. Ele precisa se alimentar em um animal vertebrado, do sangue desse animal, para poder prosseguir o seu ciclo de vida. Hoje nós temos carrapatos parasitando anfíbios, répteis, aves e mamíferos em praticamente todos os cantos do planeta”, explica o veterinário Marcelo Labruna, que estuda carrapatos há 20 anos na Faculdade de Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
O veterinário explica que o carrapato do boi não é nativo do Brasil, mas sim de regiões quentes da Ásia. A espécie, que se chama Rhipicephalus microplus, chegou no país no período colonial, se adaptou bem ao clima e se tornou um pesadelo para os criadores.
O criador Jorge Tupirajá, de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, trabalha com gado para a produção de carne há 30 anos. Para melhorar a qualidade do rebanho, investiu no cruzamento genético. O gado canchim é uma mistura do nelore com o gado charolês, que é europeu. Raças europeias são mais suscetíveis, porque elas vêm de lugares onde não há esse tipo de carrapato: “O carrapato deve ser a pior praga que existe na Terra. Ainda não se viu nada mais resistente e mais difícil de se combater”.
Casos como o de Jorge se repetem por todo o país. Segundo a Embrapa, o carrapato do boi gera por ano um prejuízo de mais de R$ 9 bilhões para a pecuária brasileira. A estimativa inclui custos com tratamento e os problemas diretos e indiretos provocados pelo parasita.
O carrapato do boi é um problema sério para a pecuária brasileira, porque ele prejudica a saúde do rebanho de diversas maneiras. A veterinária Cecília Veríssimo, do Instituto de Zootecnia, pesquisa o carrapato do boi há 32 anos e explica o mal que ele provoca nos animais: “Um animal pode chegar a ter dois mil carrapatos. A primeira consequência é a anemia. O sangue desaparece para os carrapatos. Ele também joga na corrente sanguínea substâncias que são prejudiciais ao bovino e podem causar intoxicação. Então, ele para de comer, vai ficando fraco. É uma coisa muito violenta para o animal”.
Com menos sangue e menos apetite, os animais podem perder peso e reduzir a produção de leite. Em grandes infestações, vacas prenhes podem abortar a cria. “Se a quantidade de carrapatos é muito grande dá problema na pele e isso predispõe à bicheira”, afirma a Cecília. Além disso, o carrapato do boi também pode transmitir uma doença grave: a tristeza parasitária bovina, que provoca febre e muitas vezes é fatal para os animais.
A luta contra o carrapato
Para evitar tantos problemas, cientistas brasileiros têm travado uma guerra ao carrapato do boi e vêm trabalhando em diversas frentes. Na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, o doutor em biologia molecular, Renato Andreotti, coordena uma equipe que se dedica a estudar os carrapatos. Todas as espécies que chegam são catalogadas e fotografadas para o museu virtual do carrapato, um site que traz um banco de informações sobre os parasitas. Mas o foco principal é o carrapato do boi: “É um problema global, da Austrália, que é um grande mercado de produção de bovinos, passando pela África, América do Sul, México. Enfim, esse a carrapato é um problema mundial”.
Para evitar tantos problemas, cientistas brasileiros têm travado uma guerra ao carrapato do boi e vêm trabalhando em diversas frentes. Na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, o doutor em biologia molecular, Renato Andreotti, coordena uma equipe que se dedica a estudar os carrapatos. Todas as espécies que chegam são catalogadas e fotografadas para o museu virtual do carrapato, um site que traz um banco de informações sobre os parasitas. Mas o foco principal é o carrapato do boi: “É um problema global, da Austrália, que é um grande mercado de produção de bovinos, passando pela África, América do Sul, México. Enfim, esse a carrapato é um problema mundial”.
Há cerca de15 anos os pesquisadores vêm trabalhando para encontrar uma forma de proteger o rebanho. Uma alternativa aos produtos químicos é a vacina contra o carrapato. Hoje, a eficácia dessa vacina é de 72%. Ainda não é o ideal, por isso o esforço é para aumentar esse índice.
A pesquisa quer chegar a 95% de eficiência da vacina. Nos últimos três anos, a pesquisa vem evoluindo com o estudo do genoma do carrapato, um mapeamento genético, para que mais proteínas possam ser identificadas. “A vacina é uma proteína do carrapato que vai fazer uma produção de anticorpos quando injetado no bovino, levando carrapato à morte. Nós acreditamos que em dois anos teremos uma resposta mais forte do que temos atualmente”, explica Renato.
Enquanto a vacina não chega à eficiência esperada, os pesquisadores estão trabalhando uma alternativa para controlar o carrapato. O parasita chega ao animal ainda na fase de larva, passa para a fase de ninfa, até se tornar um carrapato cheio de sangue pronto pra cair. No pasto, a fêmea coloca em torno de três mil ovos que vão virar larvas. Na pastagem é possível ver as larvas de carrapato à espera do gado.
Quando as larvas estão prontas para atacar, elas podem sobreviver mais de 80 dias na pastagem. Então, uma das estratégias estudadas pela Embrapa é um programa de manejo, ou seja, ir trocando o gado de lugar de acordo com o ciclo do carrapato. A proposta usa como modelo uma área de 100 hectares, com 100 animais, dividida em quatro partes. A proposta exige investimento do produtor em manejo, mas segundo Renato, as vantagens compensam.
Mas a principal ferramenta usada pelos criadores na luta contra o carrapato é o carrapaticida, que mata os parasitas, um tipo de produto que muitas vezes esbarra em um problema. Uma grande dificuldade no combate ao carrapato do boi é que ele desenvolve resistência a produtos químicos. O criador aplica um carrapaticida no gado, a maior parte dos carrapatos morre, mas os que sobram se reproduzem e, com o tempo, vão formando uma população resistente ao produto. Surge um drama para o criador: como encontrar um carrapaticida que seja de fato eficiente?
O agrônomo Sérgio Costa conhece bem esse problema. Ele produz leite em Cachoeira Paulista, São Paulo, em uma propriedade com 200 vacas em lactação: “É uma dor de cabeça muito grande e que pesa muito na nossa planilha quando a gente vai ver os gastos com medicamentos. Dentre os medicamentos, o controle do carrapato certamente contribui em 60% do gasto com medicamentos”.
Para reduzir custos e melhorar o controle, Sérgio adotou uma manejo simples. Ele passou a enviar carrapatos do rebanho para uma análise em laboratório. É um teste que identifica o carrapaticida mais eficiente para o caso dele. A análise dos carrapatos pode ser feita pela Embrapa e também em lugares como o Instituto Biológico, da Secretaria de Agricultura de São Paulo. Confira no vídeo acima como funciona essa análise.
Além de identificar quais são os carrapaticidas mais eficientes para cada propriedade, esse tipo de teste também aponta qual deve ser o intervalo de aplicação dos produtos. Só que identificar o carrapaticida mais adequado pode não ser suficiente, afinal o controle bem feito depende também de uma boa aplicação.
Segundo a veterinária Cecília Verríssimo, alguns carrapaticidas devem ser colocados no dorso dos animais e outros pulverizados. Entre os pequenos produtores, o método mais usado é aplicação com pulverizadores costais. Ela alerta que carrapaticida é veneno e que os aplicadores devem sempre usar equipamentos de proteção e respeitar as instruções dos fabricantes, quanto a dosagem e carência dos produtos. Outro ponto decisivo é montar um calendário para repetir as aplicações, com intervalos que variam segundo o produto.
No caso de Sérgio Costa, as boas práticas na aplicação e os testes de laboratório trouxeram grandes mudanças para a saúde do rebanho. “Tem sido positivo o procedimento de envio do carrapato, de poder ter um resultado, saber qual o princípio ativo mais eficiente. Acho que é uma ferramenta extremamente eficiente que auxilia. Temos conseguido manter o rebanho limpo”, comemora.
Locais que recebem carrapatos para o teste de biocarrapaticidograma:
POLO REGIONAL RIBEIRÃO PRETO
Av. Bandeirantes, 2419 - Ribeirão Preto -SP
(16) 3637-1849
Márcia Mendes
Av. Bandeirantes, 2419 - Ribeirão Preto -SP
(16) 3637-1849
Márcia Mendes
INSTITUTO BIOLÓGICO - SÃO PAULO
Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
(11) 5087-1707
Fernanda Duarte
Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
(11) 5087-1707
Fernanda Duarte
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