Soldados do Exército interditaram a passagem de veículos no trecho de pelo menos 50 quilômetros de atoleiro da rodovia federal entre o Distrito de Caracol e o município de Itaituba, no Pará. A medida foi necessária para que eles consigam realizar uma manutenção paliativa da via colocando cascalho. Além disso, estão mantendo a segurança do local e entregando alguns mantimentos aos motoristas dos caminhões, carretas, ônibus e outros veículos que estão parados há mais de 20 dias. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado do Mato Grosso (Sindicam), Roberto Pessoa Costa, ao Só Notícias/Agronotícias, esta manhã.
“Estamos propondo aos motoristas uma ação coletiva de indenização dos prejuízos causados devido ao abandono por parte do governo federal aos motoristas. São centenas de carretas paradas ali e prejuízos enormes. Aquele trecho está abandonado pelo governo há muito anos. Não existe uma manutenção e não tem condições de trafegar caminhões”.
De acordo com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ficou definido, em uma reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, que o plano de ação para amenizar a situação difícil dos caminhoneiros começa nas próximas, no último sábado. “Até domingo, os mantimentos devem chegar para os caminhoneiros. Eles estão com os caminhões atolados, sem dinheiro, comida e coletando água da chuva para beber e para banho. Em dois dias, a meta é isolar a área e retirar os caminhões. Serão três dias para manutenção de emergência da via. A ideia é conseguir liberar o fluxo de carga por volta de sexta-feira da semana que vem, dia 3 de março”, disse em sua página oficial em uma rede social.
Segundo Maggi, são mais de quatro mil caminhões parados no congestionamento. “O excesso de chuvas travou o escoamento de soja de Mato Grosso para porto de Miritituba, no Pará. A região está intransitável. O trecho entre o município de Guarantã do Norte [Mato Grosso] até os terminais de Miritituba são cerca de 700 quilômetros. Desse total, 150 quilômetros ainda estão sem asfalto. Outro problema é que onde tem asfalto, tem pontes de madeira, que estão caindo. O atoleiro é pelo menos 35 quilômetros. A fila está com mais de 50 quilômetros entre os Distritos de Três Boieiros e o Caracol”.
Conforme Só Notícias/Agronotícias já informou, pelo menos cinco comunidades que ficam ao longo da rodovia estão isoladas. O prefeito do município de Trairão, sudoeste do Pará, decretou situação de emergência. De acordo com o decreto, o trecho que não é asfaltado está intrafegável e deixa as comunidades sem ter acesso à sede do município, o que já está provocando desabastecimento de alimentação, combustível e água. Alunos estão sem transporte escolar.
O trecho é um ponto importante de escoamento da safra mato-grossense, principalmente dos produtos que seguem para os portos de Miritituba, distrito de Itaituba, e ligação também com Santarém. Cerca de 5 mil caminhões estão parados na BR que liga Cuiabá a Santarém, e as transportadoras já contabilizam prejuízo de R$ 50 milhões, estima o presidente do Movimento dos Transportadores de Grãos (MTG) e da União do Transporte Rodoviário de Carga (UTRC), Gilson Baitaca. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) calculam perdas diárias de US$ 400 mil com a interrupção no tráfego dos caminhões que transportam as mercadorias.
Fonte: Só Notícias/Agronotícias/Cleber Romero
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