sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

México avalia importação de produtos agrícolas do Brasil após ameaça de Trump

Hoje, comércio entre os dois países para é composto em 51% de carros e peças automobilísticas.





Em meio a tensões comerciais com os Estados Unidos, o México planeja enviar uma delegação ao Brasil no mês que vem para visitar produtores de milho, carne bovina, frango e soja como alternativa aos fornecedores norte-americanos, disse o representante do México no Brasil nesta sexta-feira (24).
O encarregado de negócios da embaixada mexicana no Brasil, Eleazar Velasco, disse que o Brasil está em uma posição única para expandir a venda de produtos agrícolas para o México, caso o acordo comercial com os EUA seja interrompido, uma vez que está mais próximo do que outros possíveis fornecedores, como a Austrália.
"Os Estados Unidos querem unilateralmente mudar as regras do jogo estabelecidas", disse Velasco à Reuters. "Evidentemente ao mudar nossas relações, isso vai reequilibrar outras relações."
O secretário da Agricultura mexicano, José Calzada, deveria ter visitado o Brasil na semana passada, mas teve que adiar sua viagem devido a questões de agenda, disse Velasco.
Calzada irá trazer executivos da indústria de alimentos do México para fazer acordos com exportadores brasileiros, disse o diplomata. A viagem faz parte de um esforço para reduzir a dependência das exportações dos EUA, uma vez que o presidente Donald Trump ameaça suspender o acordo de livre comércio entre os dois países.
Calzada disse em entrevista à Reuters na semana passada que o México pode reduzir as tarifas para produtos sul-americanos, caso necessário.
O México depende das importações de milho amarelo do México sob o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). Com 2,3 bilhões de importações em 2016, o México é de longe o maior comprador estrangeiro, e produtores dos EUA têm pressionado Trump para que ele não altere o acordo.
"O milho é um produto básico imprescindível e insubstituível para os mexicanos. Se os EUA forem mudar as regras do jogo, teremos que comparar dos que querem vender, e aí o Brasil está na melhor posição."
O Brasil está expandindo a produção de milho e a colheita 2016/17 deverá crescer para 93 milhões de toneladas, ante 71 milhões de toneladas na safra anterior. A consultoria Agroconsult estima que as exportações de milho do Brasil irão dobrar para 28 milhões de toneladas, com a vizinha Argentina como sua maior competidora.
O México também irá avaliar comprar soja do Brasil, o maior exportador mundial do grão, embora as importações mexicanas sejam pequenas, disse Velasco.

As tensões com o governo de Trump deram novo ânimo às negociações entre México e Brasil para liberar seu comércio, do qual 51% é composto de carros e peças automobilísticas, mas que agora pode passar por uma expansão dos produtos agrícolas.

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