Armazenagem da safra preocupa agricultores em várias regiões do país
Falta espaço em silos e armazéns.
Cenário preocupa produtores que estão colhendo safra recorde de grãos.
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O Brasil está colhendo a maior safra da história. Mas o bom desempenho da produção alcançada no campo ainda é maior que a capacidade dos armazéns.
Uma montanha de soja com 120 mil toneladas de grãos em um só lugar. Fica em Nova Aurora, no oeste do Paraná, a maior estrutura de armazenamento de grãos da Copacol – Cooperativa Agroindustrial Consolata. A cooperativa investiu R$ 100 milhões já esperando o crescimento da safra.
Neste ano, a cooperativa está construindo mais dois armazéns de 50 mil toneladas cada. Esses investimentos são a segurança que agricultores como o seu Jaime Pereira precisam para continuar produzindo mais. A colheita da soja rendeu 18% a mais nesta safra. E ele está muito otimista com o milho safrinha. “Nós temos onde entregar a nossa produção com mais facilidade, com mais agilidade”, diz.
No oeste do Paraná, a capacidade de armazenamento é ainda mais importante. A maior parte dos grãos é usada como ração.
“Para frango, para suínos, para peixe e para leite. O milho colhe em dois meses, mas você tem que ter a capacidade de armazenar para atender a integração em 12 meses”, diz Valter Pitol, presidente da Copacol.
As cooperativas do Paraná nos últimos cinco anos focaram a maior parte dos investimentos em armazenagem. Todos os anos são gastos mais de R$ 2 bilhões na ampliação e construção de novos silos.
Hoje, o Paraná, segundo maior produtor de grãos do país, tem capacidade para estocar 30 milhões de toneladas, que equivalem a 75% da safra.
Na região sul de Mato Grosso do Sul, o armazém em Itaporã, com capacidade para mais de 90 mil toneladas de grãos, está quase todo ocupado. A situação é considerada preocupante.
O armazém em Sidrolândia também enfrenta problemas com a falta de espaço. A unidade está usando silos bags para estocar o excedente. Os bolsões de lona guardam soja que chega do campo e também o milho da safra passada.
O problema é que os agricultores do estado ainda estão colhendo soja. Enquanto isso, as negociações do grão seguem em ritmo mais lento. Apenas 45% da safra foi negociada. Nesse mesmo período do ano passado o percentual chegava a 57%.
A unidade em São Gabriel do Oeste, com capacidade para 30 mil toneladas, ainda precisa receber parte da produção, mas o armazém já está lotado.
Hoje, Mato Grosso do Sul tem capacidade de armazenamento de oito milhões de toneladas de grãos. É menos da metade do total produzido na safra.
O estado de Mato Grosso também enfrenta problemas de armazenamento. O agricultor Josemar Rodrigues tem orgulho dos silos da propriedade em Tangará da Serra, no sudoeste de Mato Grosso. A estrutura construída tem capacidade para guardar 100% do que é produzido na fazenda de 1.350 hectares.
Nos últimos anos a capacidade estática de armazenagem de grãos aumentou em Mato Grosso. Em 2013 a estrutura instalada comportava pouco mais de 29 milhões de toneladas. Hoje, dá conta de estocar aproximadamente 33,5 milhões de toneladas.
Apesar do avanço, o volume ainda está longe do recomendado. Hoje, o déficit de armazenamento no estado chega a 35 milhões de toneladas. Segundo a FAO, a capacidade segura de estocagem deve ser 20% superior ao total da produção da região.
“Para os próximos anos, que a expectativa ainda é de crescimento da agropecuária, já é um grande alerta para todo o setor pra que a gente continue investindo nesse grande investimento que é a armazenagem”, diz Daniel Latorraca, superintendente do IMEA.
O risco de faltar espaço é ainda maior este ano. Com 61,5% da soja e 38,7% do milho comercializados pelos agricultores, o ritmo das vendas é considerado lento. Os grãos tendem a ficar mais tempo nos armazéns.
Até agora, quase dois milhões de toneladas de soja já saíram de Mato Grosso, o equivalente a pouco mais de 6% da safra do grão.
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