domingo, 30 de junho de 2013
Integração da lavoura com a pecuária
Integração da lavoura com a pecuária
beneficia produtores brasileiros
30/06/2013 08h30
Tecnologia foi desenvolvida pelos técnicos da Embrapa.
Rotação das culturas de verão com
O sul do Maranhão é a maior região produtora de soja e milho do estado. Ali a integração lavoura pecuária está sendo testada há nove anos.
A tecnologia foi desenvolvida pelos técnicos da Embrapa para recuperar as pastagens degradadas do cerrado e diversificar a produção.
A fazenda Santa Luzia no município de São Raimundo das Mangabeiras foi uma das primeiras a adotar essa técnica em grande escala no cerrado do Maranhão. A primeira vista não tem nada de novo por ali. Mas se reparar bem, vai ver que o milho foi cultivado em consórcio com a braquiária rusisiensis, capim mais usado na região para a engorda de bois.
As duas plantas foram semeados ao mesmo tempo com a máquina de plantio direto. Isso tem duas vantagens iniciais: intensifica o uso da terra e economiza insumo, porque as duas culturas são beneficiadas pela mesma correção e adubação.
No início as duas plantas tem desenvolvimento parecido. Mas, com o passar do tempo o milho toma conta da área e o capim fica em segundo plano.
O dono da fazenda Osvaldo Massao está entusiasmado com os resultados.
A fazenda Santa Luzia já está completando agora o sexto ano com integração lavoura pecuária. Entre os benefícios principais estão o aumento da produtividade.
O engenheiro agrônomo Adelmo Gomes, administrador da fazenda, diz que no início ele achava que o capim poderia competir com o milho. Mas na prática isso não tem acontecido.
A rotação das culturas de verão com a braquiária não obedece uma regra fixa. Cada região adota um método de acordo com as condições de clima e solo.
A fazenda Santa Luzia faz integração lavoura pecuária em cinco mil hectares divididos em cinco partes iguais:
Na safra de verão a soja ocupa os talhões: 1 - 2 - 3 e 4 e o último é reservado para o consórcio milho e capim. Após a colheita do milho, o capim é usado como pasto para a engorda de bois na entre safra das lavouras que vai de junho a outubro.
Na safra seguinte o consórcio milho e capim passa a ocupar o talhão número- 1 - e a soja ocupa os outros espaços. Seguindo esse rodízio, no prazo de cinco anos toda a área é beneficiada pela rotação das culturas.
"Esse sistema revolucionou a fazenda. Atens a gente ficava muito tempo parado na entre safra, a gente dava férias coletivas e agora na entre safra a gente tem uma situação onde estamos engordando os bois na braquiária", comenta Adelmo.
A fazenda compra boi magro com média de doze arrobas e vende os animais quatro meses depois com dezoito arrobas. Outro detalhe está que o pasto e a lavoura conseguem resistir melhor à seca graças a palha das culturas que mantém a umidade e protege o solo.
O trabalho da fazenda Santa Luzia é acompanhado de perto pelo doutor Marcos Teixeira, pesquisador da Embrapa Meio Norte com sede em Terezina, no Piauí. "Até então, como a fazenda aqui era só produtora de grãos, ela tinha uma oferta de alimento por hectare de três toneladas de grão. E já conseguimos essa mesma área produzir 55% a mais", afirma Marcos.
O engenheiro agrônomo João K, da Embrapa, um dos maiores especialistas nessa técnica mostra os benefícios das raízes da braquiária no perfil do solo. "Todo o olume de raiz é capaz de modificar todas as propriedades do solo. Ou seja, melhora a matéria orgânica do perfil, melhora as propriedades físicas do solo, á agua penetra melhor, armazena mais água e melhora as propriedades químicas, porque ela estando em profundidade ela recicla os nutrientes e coloca de novo na superfície", explica.
Essa técnica também pode ser muito útil para manejar solos arenosos como os do município de Rancharia na região oeste de São Paulo.
Ao lado na fazenda Ybiete Porã o engenheiro agrônomo Edinaldo Mathias está vencendo a guerra contra a erosão: a ferramenta usada por ele é o sistema de integração lavoura e pecuária.
Ele dividiu a área de 500 hectares em duas partes iguais. Metade é formada com braquiária usada na engorda de bois da raça nelore e a outra metade, é usada no cultivo de soja e milho. Depois de dois anos ele inverte a situação. Planta capim no lugar da soja e soja no lugar do capim.
O doutor João K ficou impressionado com a qualidade da pastagem reformada só com a adubação feita para a soja, cultivada em uma área no ano passado. "Nesse caso aqui a gente pode dizer que a pecuária é subsidiada pela lavoura. O custo da pecuária é a semente e os tratamentos que o bovino recebe como vacina, vermífugos, como em qualquer propriedade. Se agente sai falando por aí que um boi aqui vai ustar entre R$30 e R$40 arroba, as pessoas acham que é brincadeira. Porém imagine colocar 20 arrobas em um boi? Em dois anos, utilizando só sal mineral no cocho, e isso passando doze meses... Isso é inacreditável", afirma.
Além do custo de formação da pastagem ser muito baixo a produtividade da área é três vezes a média da região. Enquanto o pessoal da vizinhança coloca uma cabeça de boi por hectare aqui eles colocam três.
Depois de treze anos de trabalho Edinaldo conseguiu comprar novas áreas e dobrou o tamanho da fazenda. Além disso, fez vários investimentos em máquinas e infraestrura.
Pelos cálculos dos pesquisadores da Embrapa o Brasil tem hoje cerca de 100 milhões de hectares de pastagens degradadas ou em estágio de degradação. Toda essa imensa área poderia ser recuperada com a técnica da integração.
Hoje já existe financiamento para recuperar áreas degradadas com a técnica da integração lavoura pecuária. O programa ABC agricultura de baixo carbono, do Governo Federal e o Integra São Paulo, da Secretaria de Agricultura do Estado. Nos dois casos, o agricultor tem que apresentar um projeto para solicitar o crédito.
DO GLOBO RURAL
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