sábado, 29 de junho de 2013
Ceasa investe na gestão de resíduos do complexo hortigranjeiro no Rio Grande do Sul
Ceasa investe na gestão de resíduos do complexo hortigranjeiro no Rio Grande do Sul
29/06/2013 | 10h01
No complexo, cerca de 9,5 mil tonel
As Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) lançaram, na última quarta, dia 26, o programa Ceasa Mais Cuidada – gestão dos resíduos orgânicos e inorgânicos. A iniciativa, além de contribuir para a sustentabilidade do principal espaço de hortigranjeiros do Rio Grande do Sul, também pretende reduzir o custo operacional da Central, se estendendo no rateio entre os permissionários e produtores.
No complexo, por onde circulam 35% das hortaliças, legumes, frutas, flores e outros derivados de origem animal consumidos no Estado, cerca de 9,5 mil toneladas de resíduos foram produzidas no ano passado – o equivalente a uma média de 38 toneladas diárias de funcionamento da Central. Este número representa a produção diária média de uma cidade de 50 mil habitantes – originados por 564.669.534,9 quilos de produtos ofertados por mais de dois mil produtores, e 311 empresas atacadistas. Além disso, aproximadamente 50 mil trabalhadores são empregados direta e indiretamente no local, e os compradores, nos dias de grande movimento, chegam a 30 mil circulando pelos 20 pavilhões da empresa.
O que preocupa a direção da Ceasa não é somente a produção, mas também a separação do resíduo orgânico e inorgânico. Do total de resíduo produzido, 80% é orgânico e 20% inorgânico. Porém, no ano passado, somente 15% de todo este volume teve destinação final como orgânico, sendo os restantes 75% destinados como resíduos inorgânicos e 10% como palha.
– Este panorama faz com que o custo do resíduo se torne alto, o qual é rateado entre todos os usuários, onerando as atividades realizadas na Ceasa/RS – afirma o presidente Paulino Donatti.
A composição do custo envolve desde a varrição, o transporte, o custo do maquinário e a disposição dos resíduos na Estação de Transbordo do Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre (DMLU), sendo que o resíduo inorgânico tem como destino final o aterro sanitário localizado na Região Metropolitana, distante cerca de 100 quilômetros da capital gaúcha. Atualmente, duas empresas trabalham nesse sistema na Ceasa, sendo uma na varrição e outra na coleta.
Ações visam o aproveitamento da produção de resíduos
A primeira ação do programa Ceasa Mais Cuidada será o de envolvimento, por meio de agentes educativos, de todos os atores: produtores, atacadistas, carregadores, funcionários e compradores. Serão seis funcionários que atuarão junto ao público da Central, orientando sobre o descarte correto dos resíduos, nos dois tipos de contêineres.
As frutas, legumes e verduras impróprias para o consumo devem ser descartados no contêiner de cor verde, destinado para os resíduos orgânicos. Os restos de plástico, madeira, latas e de papel e papelão devem ser descartados no contêiner de cor laranja, para os resíduos inorgânicos.
A segunda ação será de cunho socioassistencial, por meio do Banco de Alimentos da Ceasa/RS. Segundo Donatti, diariamente há um expressivo volume de frutas, legumes e verduras que não podem ser comercializados unicamente pelo seu aspecto, mas encontrando-se em condições para o consumo.
– Ao invés de serem descartados como resíduos orgânicos, esses alimentos poderão ser encaminhados para o Banco de Alimentos, que será responsável pela coleta e seleção de hortigranjeiros que serão doados às entidades cadastradas no programa – explica Donatti, acrescentando que com esta prática o objetivo é reduzir o desperdício de alimentos e garantir comida para muitas famílias.
No ano passado, o Banco de Alimentos recebeu como doação dos produtores, atacadistas e empresas localizadas no complexo um total de 134 toneladas de pães, 15 toneladas de soja e mil toneladas de hortigranjeiros. Foram atendidas 220 entidades, atingindo em média 12 mil famílias por mês, considerando que cada família é composta por quatro pessoas, o que eleva esse número para 50 mil pessoas por mês. Outras 200 famílias do entorno do complexo receberam, semanalmente, as doações diretamente na Ceasa/RS, atendendo uma média de 800 pessoas.
A terceira ação será contemplada com a Estação de Manejo e Transbordo dos Resíduos, que já se encontra em obras e deve entrar em funcionamento ainda neste ano. O investimento desta primeira etapa será de R$ 320 mil.
Atualmente, as atividades de manejo, separação e transbordo são realizadas em área aberta, gerando chorume que penetra nas tubulações e exalam cheiros pelo complexo. Ainda, quando as operações de manejo dos resíduos ficam expostas, além do aspecto visual impróprio, está sujeita às chuvas, o que contribui sobremaneira para potencializar os problemas com o meio ambiente.
Ceasa/RS será pioneira no Estado a transformar lixo orgânico em biogás
Conforme Donatti, a estação de transbordo é a primeira fase do projeto que prevê também a construção de uma usina modular de biogás experimental, já aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
– As obras permitirão reduzir o impacto ambiental gerado por resíduos de alimentos impróprios para o consumo, gerar renda com a venda de biofertilizantes e economia de custos com manejo de sobras dos produtos comercializados no local, que serão transformados em biogás e consequentemente em energia elétrica – conclui.
A estação somará recursos na ordem de R$ 600 mil assim que estiver finalizada. A empresa de economia mista será uma das pioneiras no Estado a estimular o aproveitamento energético do lixo, a partir da geração de energia elétrica a partir dos resíduos.
CEASA/RS
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