sexta-feira, 28 de junho de 2013

Para produtores, subsídio à gasolina destrói competitividade do etanol

Para produtores, subsídio à gasolina destrói competitividade do etanol 28/06/13 - 00:00 Durante a abertura do XXVIII ISSTC em São Paulo, empresários apontaram desafios e a necessidade de uma estratégia firme para o setor sucroenergético Juliana Ribeiro Os desafios do setor sucroalcooleiro esteve em pauta durante esta semana em São Paulo. Na segunda-feira (24) pela manhã, na abertura do XXVII Congresso da International Society of Sugar Cane Technologists (ISSCT), pesquisadores e empresários de diversos países se reuniram em um dos pavilhões do Transamérica Expo Center, para conhecer alguns dos principais trabalhos de pesquisa e desenvolvimento feitos no mundo sobre a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Durante a abertura do evento, Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan e presidente da atual edição do Congresso, falou sobre as grandes mudanças que aconteceram no setor nos últimos anos, com crescimento da demanda e perspectiva de novos negócios. O executivo também aproveitou para falar dos desafios que estão pela frente. “Hoje, o nosso “muro” são os mercados fechados. Mas, ao invés de transformá-lo no muro das lamentações, temos que usar a inteligência e a determinação para vencê-lo”, afirmou. Ometto revelou sua preocupação com a política de subsídios brasileiros à gasolina. “É só observar como as últimas reduções no preço da gasolina têm impactado a competitividade do etanol e complicado a vida da Petrobras”, destacou. Segundo ele, a “prática do artificialismo” destrói a competitividade do biocombustível de cana, além de criar uma “demanda desnecessária” à gasolina. Para Timothy Murray, presidente da Comissão Executiva e do Conselho do ISSCT, um outro desafio do setor é enfrentar a concorrência de produtos como o açúcar de beterraba, por exemplo. Esse embate, segundo ele, requer boas doses de inovação, pesquisa e investimentos em tecnologia. “Como produtores de açúcar a partir da cana, temos que enfrentar essa concorrência e estabelecer uma agenda, junto com os técnicos e pesquisadores, para discutirmos as alternativas”, afirmou. Demanda global Ometto afirmou ao público presente ao congresso que um dos fatores que vem ajudando a produção canavieira do Brasil a seguir crescendo, com investimentos em desenvolvimento e tecnologias é a desregulamentação do setor, ocorrida no final dos anos 90. “Isso tem nos permitido investir e contribuir para superar o desafio de atender à maior demanda global por energias renováveis, sem que para isso tenhamos que criar um novo proalcool”. Segundo ele, fundamental é investir para que a cadeia tenha condições de competir com produtos de qualidade e alta tecnologia e com melhores preços. “Para isso, a pesquisa e a tecnologia que vêm sendo desenvolvidas, gerando novas variedades, o que é fundamental”, ponderou. Por fim, o executivo afirmou que um setor estável e seguro de seu desenvolvimento é capaz de levar o Brasil a assegurar o seu papel na geopolítica mundial. Para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, a questão do papel do setor na geopolítica é de suma importância. “Sempre achei que o etanol poderia mudar o cenário político e econômico mundial”, afirmou. Rodrigues, que também é presidente honorário do ISSCT, argumentou que muitos países têm condições para produzir alimentos, “mas não agroenergia. Porque ela só é competitiva onde existe sol o ano inteiro e os países do hemisfério sul têm isso”, ressaltou. Como exemplo, ele citou o fato de 45% da matriz energética brasileira ser composta por fontes renováveis, percentual três vezes superior à média mundial. Ele revelou que é nessa região do globo, onde estão os países da América do Sul, África Sub-Saariana e alguns países mais pobres da Ásia, que a renda mais cresce e, consequentemente, a população. “Em alguns anos, esses países serão os responsáveis por produzir as commodities mais importantes para o mundo”, ressalta. Apesar do cenário positivo à frente, Rodrigues ressalta que é fundamental o desenvolvimento de um plano estratégico eficaz para o setor no Brasil. “Hoje temos muitos encontros, discussões, mas, apesar dos esforços, ainda não temos um plano consistente”. Em resposta ao apelo de Rodrigues, a Secretária de Agricultura do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, afirmou que São Paulo tem condições de contribuir de forma significativa para a construção desse plano estratégico. “Somos os maiores produtores de cana do país, com 21,5 milhões de hectares plantados”. A secretária ressaltou também que o Estado tem 55% de sua matriz energética vinda de fontes renováveis e que a meta é chegar a 69% em 2020. “Não tenho dúvidas de que a chave para fornecer alimento e energia para as pessoas está na pesquisa e na inovação”, concluiu. Sou Agro

Nenhum comentário:

Postar um comentário