As commmodities recuam de forma generalizada nesta segunda-feira (30) e, segundo explicam analistas e consultores, o reflexo é de um dia de aversão global ao risco. Ao lado das commodities, as bolsas internacionais recuam mundo a fora. Na Bolsa de Chicago, os grãos recuavam mais de 1,5%, com as baixas lideradas pela soja. Por volta de 12h50 (horário de Brasília), as principais posições perdiam mais de 20 pontos, com o contrato março/17 já trabalhando com US$ 10,27 por bushel. O maio/17,que serve com referência para a safra do Brasil, valia US$ 10,37.
Analistas atribuem a esse movimento, em partes, uma liquidação de posições com o mercado começando essa nova semana com maior aversão ao risco depois das últimas medidas adotadas pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre a imigração nos EUA, cumprindo mais promessas de campanha.
"Consultorias mundiais e empresas de grande porte estão alertando sobre a crise diplomática que o presidente Trump está criando com o mundo e alertando para a questões de barreiras comerciais, com uma possível catástrofe sobre o comércio mundial de grãos", explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa. "Alertam por exemplo sobre o grande comprador de trigo, milho e carne suína dos EUA ser o país vizinho, o México, e Trump afirmando que será construído um muro na fronteira dos dois países", completa.
O foco é ainda maior na questão norte-americana com a China fora do mercado nesses próximos dias em função do feriado do Ano Novo Lunar, um dos mais importantes e longos do país. "Muitos investidores estão saindo das commodities para atuar, de olho no Trump - e dos acontecimentos do final de semana - nas flutuações de Wall Street", explicou Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.
Mercado Brasileiro
Enquanto isso, no Brasil, a pressão sobre os preços da soja se intensifica dada uma baixa de quase 1% do dólar frente ao real e da moeda americana sendo cotado a R$ 3,12, perto de 13h20 (Brasília). Com isso, os valores da oleaginosa nos portos já recuavam também de forma bastante expressiva neste início de semana.
"Nos dois últimos dias do mês, a volatilidade aumenta com a formação da Ptax, mas o mercado ainda está sob efeito do crescimento menor que o esperado do PIB americano, que abre o questionamento se há espaço para três altas de juros neste ano nos EUA", destacou o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello à agência de notícias Reuters.
No porto de Rio Grande, as baixas eram de quase 2%, com a referência no mercado disponível em R$ 75,50 e, no futuro, de R$ 76,50 por saca. Já no terminal de Paranaguá, preços na casa dos R$ 74,50 aos R$ 75 por saca. "E em ambos os casos, os vendedores só aparecem com as referências acima dos R$ 80 por saca, em Rio Grande, até acima dos R$ 82", relata Brandalizze.
Os negócios, portanto, estão travados no mercado brasileiro. E, para o consultor, essa é uma postura acertada do produtor brasileiro. Embora o espaço para novas baixas em Chicago seja restrito - com o maio/17 podendo buscar os US$ 10,30 / US$ 10,20 por bushel, a recuperação das cotações da soja brasileira não deve chegar via mercado internacional ou dólar, que também pode recuar um pouco mais.
"O Banco Central tem atuado forte para conter a inflação - com sucesso - e não tem 'ajudado muito' o dólar, que pode recuar um pouco mais, sem mostrar uma reação no curto prazo", diz. "Então, também no curto prazo, o produtor deve continuar aguardando", completa Vlamir Brandalizze.
As melhores oportunidades poderiam chegar, portanto, com a perspectiva de uma melhora dos prêmios, que apesar do avanço da colheita e da chegada da nova oferta ao mercado, seguem positivos nos terminais nacionais. "Com Chicago e o dólar se comportando dessa forma, os prêmios devem dar sinais de melhora", explica, com a necessidade dos compradores conseguirem garantir alguns volumes. "E o mercado de demanda continua grande e forte. Essa deve ser uma semana nervosa", complementa.
Fonte: Notícias Agrícolas
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