Terminais de carga investem em estrutura para escoar safra de grãos
Brasil deve produzir quase 223 milhões de toneladas de grãos.
Safra deve ser a maior da história do país.
Junto com a super safra que o agricultor brasileiro está colhendo deve vir também um recorde na exportação. Mais de 70% da soja e 27% do milho brasileiro seguirão para outros países. O Globo Rural acompanhou a situação em dois dos principais portos brasileiros para ver as condições atuais de escoamento.
Em 2013, formavam-se congestionamentos quando as estradas da Baixada Santista, em São Paulo, ficaram travadas por causa do excesso de caminhões. Na época, o volume da safra que seguia para o Porto de Santos era muito maior do que sua capacidade de escoamento.
Depois do transtorno de quatro anos atrás, muitos investimentos começaram a ser feitos. Apenas em um dos terminais de cargas estão sendo investidos R$ 2,7 bilhões. É a maior obra portuária no Brasil hoje em dia. E a ampliação só saiu do papel graças a alta demanda da produção agrícola. Com 97% da obra concluída, 2017 é ano de estreia dessa estrutura.
A feliz coincidência com a safra recorde brasileira está dando fôlego para as operações de embarque e desembarque dos produtos agrícolas. O investimento deu novo ânimo até para os funcionários mais antigos.
Atualmente, 40% das cargas que chegam até o Porto de Santos são transportadas por caminhões e 60% vêm sobre trilhos.
Para desafogar o trânsito e agilizar as operações de carga e descarga, uma empresa responsável por grande parte da malha ferroviária que chega até o Porto de Santos pretende aumentar a capacidade de transporte em 150% até 2023, passando dos atuais 30 milhões de toneladas para 75 milhões de toneladas por ano.
Já são 12 mil quilômetros de trilhos, pelo menos mil locomotivas e mais de 25 mil vagões. Uma das últimas melhorias foi a duplicação das linhas que ligam Campinas ao litoral.
Apesar dos novos investimentos em ferrovia, o Porto de Santos ainda recebe mais de dois mil caminhões por dia nos meses de pico da safra. Mas, ninguém deseja repetir o caos de 2013.
“O porto teve que saber atender as necessidades das demandas. Começou-se com o modelo de agendamento dos caminhões, com horários, com janelas que foram criadas, para que fosse realmente ordenada a chegada desses caminhões ao Porto de Santos. Toda carga que vier para o Porto de Santos tem que ser agendada”, diz Cleveland Sampaio Lofrano, diretor da CODESP – Companhia Docas do Estado de SP.
Junto com o agendamento, quatro pátios funcionam como locais para que os caminhões aguardem a liberação para descarregar nos terminais. O tempo de espera, que já chegou a 72hs, hoje não passa de 6hs.
Esse modelo de agendamento foi inspirado no que já vinha sendo feito no Porto de Paranaguá, no Paraná. O pátio de triagem de caminhões só passou a existir depois dos imensos congestionamentos que chegaram a bater em Curitiba, que fica a pouco mais de 90km de distância.
Os ganhos também foram significativos na parte das docas. Da área do porto com o nome de Corredor de Exportação saem de 90% a 95% dos produtos agrícolas que passam por Paranaguá. A modernidade no local é fruto das mudanças que ficaram prontas em dezembro do ano passado.
Segundo o presidente do porto, Luís Henrique Dividino, foram seis anos de obras ininterruptas para a reforma do cais, o aprofundamento do canal de navegação e a troca de equipamentos.
“Os resultados já começaram a ser observados nos primeiros meses deste ano. Em janeiro e fevereiro nós movimentamos 20% a mais do que o mesmo período do ano passado, mostrando aí o melhor recorde da história nesse período”, explica Divino.
Um dos equipamentos que deram mais agilidade às exportações é responsável por carregar os navios com soja, milho e farelo. Hoje, Paranaguá conta com dez deles. Os quatro mais antigos, da década de 70, acabaram de ser substituídos, o que aumentou a capacidade de escoamento e a velocidade nas operações.
Rodrigo Coelho conhece a fundo os avanços que ocorreram pelo porto. Ele trabalha no lugar há 19 anos e hoje gerencia o terminal que agrega a safra de quatro cooperativas do oeste do Paraná. “Eu vi o que era um porto que eu posso dizer que é um lugar difícil de trabalhar, um submundo, como a gente chamava na época, para um lugar hoje digno de se trabalhar, compatível com todas as leis atuais do brasil e realmente é impressionante o que melhorou”, compara.
Em muitas regiões, o Brasil rural ainda sofre com as rodovias. Mas as condições de armazenamento e escoamento pelos portos estão melhorando muito com investimentos pesados nos últimos anos.
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