sábado, 1 de junho de 2013
Baixa rentabilidade e incidência de greening motivam produtores a abandonar produção de citrus em SP
Baixa rentabilidade e incidência de greening motivam produtores a abandonar produção de citrus em SP
01/06/2013 | 09h02
Maior parte das áreas que estão deixand
Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, avaliaram as causas e os impactos da atual crise enfrentada por citricultores paulistas. Somente entre 2011 e 2012, 2.225 propriedades deixaram de cultivar citros no Estado de São Paulo (redução de 12%), conforme dados da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA).
Segundo a pesquisadora do Cepea Margarete Boteon, os pequenos e médios produtores, com até 100 mil plantas, têm sido os mais afetados. A erradicação das plantas é motivada pela baixa rentabilidade e pelo aumento da incidência de greening (HLB).
A maior parte das áreas que estão deixando de ter pomares está sendo destinada à cana-de-açúcar, e a alteração de cultura tem efeitos socioeconômicos nessas regiões. O arrendamento para usinas diminuiu o número de funcionários fixos nas propriedades e também a compra de insumos locais. Assim, os municípios acabam tendo perda significativa da geração de empregos e renda especialmente onde não há usinas, aponta a pesquisa.
Causas da crise
Em 2012, a citricultura paulista viveu um de seus piores anos ocasionado por fatores conjunturais e estruturais, segundo levantamentos do Cepea.
Os conjunturais estão relacionados com o excesso de oferta de suco na indústria. A produção em duas safras consecutivas (2011 e 2012) foi superior ao potencial de consumo da Europa e Estados Unidos, fazendo com que os estoques das indústrias se ampliassem e os preços pagos aos citricultores caíssem. De acordo com o Cepea, muitos produtores não conseguiram cobrir os custos e sequer escoaram parte da safra. Estima-se que cerca de 35 milhões de caixas de 40,8 quilos foram perdidas na última temporada devido à falta de compradores.
Já os estruturais refletem a alta concentração da produção citrícola, representada tanto pela expansão dos pomares das indústrias quanto de grandes grupos. Essa concentração tem levado à assimetria de condições oferecidas pela indústria aos diferentes grupos de produtores, com desvantagem aos citricultores “independentes”, que não possuem contratos de longo prazo (negociam para uma safra) e, normalmente, são produtores de menor porte.
Esses citricultores “independentes”, que precisam negociar ano a ano, estão expostos a um risco maior da conjuntura de mercado do que os produtores com contratos de longo prazo. Na safra 2012/2013, o preço médio recebido pelos produtores independentes foi R$ 6,40/caixa de 40,8 quilos (fruta posta na indústria), mas uma parcela deles ainda deve receber um bônus com base no mercado internacional em fevereiro de 2014. Em relação aos produtores que negociam contratos de longo prazo, apesar de o bônus da temporada passada ainda não estar fechado, a estimativa é que recebam um valor superior ao dos independentes, acima de R$ 11,00/caixa.
Além disso, o avanço dos plantios próprios da indústria de suco tem acentuado o problema. Em situações de excedente de oferta, como em 2012, as processadoras dão preferência ao esmagamento da fruta própria, podendo causar perdas para os produtores, especialmente àqueles que não possuem contratos de longo prazo com a indústria.
Os resultados da pesquisa constam da Edição Especial da revista Hortifruti Brasil, do Cepea, e serão apresentados na próxima quinta, dia 6, na 35ª Semana da Citricultura, que acontece no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, em Cordeirópolis (SP).
CEPEA
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