Multidão enfrenta sol forte e longa fila por 100 vagas de emprego em SP
Feirão em Ribeirão Preto (SP) recebeu 651 candidatos nesta sexta-feira (29).
Ainda durante a madrugada, fila se formou 4 horas antes do início do evento.
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Ainda era madrugada de sexta-feira (29), quando as primas Marlene Paixão e Silvani da Costa chegaram ao portão da faculdade em Ribeirão Preto (SP). Elas não estava ali para estudar. As duas foram as primeiras de uma longa fila com 651 candidatos a vagas de empregos na cidade.
“Parece que a gente está pedindo alguma coisa, mas a gente só quer trabalhar. O que vier está bom. Nesse tempo de crise, qualquer coisa está valendo”, disse Marlene, desempregada desde setembro do ano passado, quando foi demitida do cargo de repositora de estoque.
Ao todo, o 3º Feirão do Emprego ofereceu 100 vagas de trabalho para contratação imediata. Entre as oportunidades estavam atendente de farmácia, cozinheiro industrial, operador de caixa e de telemarketing, auxiliar contábil e administrativo.
“Se a gente correr atrás, as oportunidades vêm. Estou otimista de que vai dar tudo certo”, disse a auxiliar Silvani da Costa, que desde a demissão de uma fábrica de roupas, há um ano, não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho.
A declaração de Silvani era repetida por quase todos os candidatos, que não se queixavam de enfrentar o sol forte para conseguir trabalho. Após a abertura dos portões às 9h, os grupos foram direcionados às salas, onde estavam agências de recrutamento e recursos humanos.
Sem emprego há um ano e meio, a professora Julia Pupim Dias disse que já entregou currículo a todas as escolas de Ribeirão. Nenhuma delas, porém, a chamou para entrevista de emprego, apesar do currículo invejável.
“Eu sou formada, tenho duas faculdades, pós-graduação, mas estou tentando uma vaga. Hoje, eu dependo só do dinheiro do meu marido, então fica complicado. Estou me candidatando até fora da minha área”, contou.
Situação semelhante enfrenta a bióloga Elizete Aparecida Oliveira de Freitas, de 52 anos, que está desempregada há seis meses. Ela afirmou que, mesmo possuindo curso superior em ciências biológicas, busca uma oportunidade de emprego em outras áreas.
“Já trabalhei em construtora, fora da minha área. Mas, resta a esperança de outra oportunidade e começar tudo de novo. O problema é que está faltando oportunidade, e não é só para mim”, afirmou.
A diretora da faculdade organizadora do Feirão, Rose Amorim Merli, disse que o número de candidatos surpreendeu as empresas participantes. Por isso, a iniciativa, que teve a primeira realizada em agosto do ano passado, deve se repetir.
"Esse é um evento que funciona em parceria com o PAT [Posto de Atendimento ao Trabalhador] e empresas de recrutamento e seleção. A procura está maior do que a oferta, e nós estamos tentando fazer a nossa parte, enquanto instituição de ensino", disse.