quinta-feira, 28 de julho de 2016

Franca lidera geração de empregos no 1º semestre com 6,9 mil contratações

28/07/2016 15h05 - Atualizado em 28/07/2016 15h40



Franca lidera geração de empregos no 1º semestre com 6,9 mil contratações




Indústria calçadista foi responsável por abertura de 5,2 mil vagas, diz Caged.
Saldo ainda é menor que número de demissões em dezembro, diz sindicato.

Adriano OliveiraDo G1 Ribeirão e Franca


Fábrica de calçados de Franca, SP (Foto: Márcio Meireles/EPTV)Fábrica de calçados em Franca, SP (Foto: Márcio Meireles/EPTV)
Responsável por 4% da produção nacional de calçados, Franca (SP) foi a cidade brasileira quemais gerou empregos no primeiro semestre. Entre janeiro e junho, o saldo foi de 6,1 mil contratações, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O setor que contribuiu com o resultado foi justamente o da indústria: as fábricas da cidade geraram expressivas 5.254 vagas. Os setores de serviços e agropecuária aparecem logo depois, com saldos de 1.177 e 580 contratações, respectivamente.
Não só calçados, mas vestuário, cosmético, perfumaria, são setores que não foram afetados porque não dependem tanto de crédito. É diferente comprar um aparelho de televisão e um par de calçados"
Hélio Braga Filho, economista
“A gente percebe que a indústria, de forma geral, é a mais prejudicada com a crise. Porém, quem tem sofrido mais é o setor automotivo, a produção de equipamentos de informática, eletrodomésticos, que dependem mais de crédito”, diz o economista Hélio Braga Filho.
O especialista explica que a inflação elevada, a alta da taxa de juros e do desemprego levam as famílias a evitarem financiamentos e pagamentos em longo prazo, e, consequentemente, a compra de bens duráveis. Calçados e vestuário, por outro lado, foram menos prejudicados.
“O varejo não depende tanto de crédito, de financiamento. Não só calçados, mas vestuário, cosmético, perfumaria, são setores que não foram afetados porque não dependem tanto de crédito. É diferente comprar um aparelho de televisão e um par de calçados”, afirma.
Braga Filho diz ainda que a média salarial da indústria calçadista é baixa, quando comparada a outros setores, como o sucroenergético, o automotivo e o farmacêutico. Dados do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca) apontam que um trabalhador na cidade recebe, em média, R$ 1,3 mil.
“Quando nós fazemos a comparação do salário médio de Franca com outros municípios da região, a situação é vergonhosa. Talvez tenhamos um problema de oferta de mão-de-obra um pouco maior do que a demanda. Então, o salário tende a diminuir um pouco”, afirma.
José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca (Foto: Márcio Meireles/EPTV)José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca (Foto: Márcio Meireles/EPTV)
Falso otimismo
O presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto, avalia com receio os dados, afirmando que existe um “falso otimismo” em relação à geração de empregos. Couto explica que o saldo no primeiro semestre ainda é menor que o número de demissões efetivadas em dezembro do ano passado.
O saldo nesse mês foi de 6.926 postos de trabalho fechados, sendo 5,9 mil deles só na indústria calçadista, segundo dados do Caged. Em todo o ano passado, a cidade registrou 5.307 desligamentos, o dobro do que em 2014, quando o número de demissões foi de 2.644.
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“Ainda não voltamos aos patamares de outubro de 2013, quando tínhamos 30 mil funcionários nas fábricas. Hoje, são 22,5 mil. A produção naquele ano foi de 39 milhões de pares, enquanto a expectativa para 2016 é de pouco mais de 27,8 milhões”, afirma.
Couto destaca também que, mesmo diante da alta do dólar, a exportação de calçados caiu 21% no primeiro semestre. Até junho, as negociações movimentaram US$ 35 milhões, enquanto no mesmo período de 2015 os contratos fechados já haviam rendido US$ 44,4 milhões às fábricas de Franca.
Ainda segundo Couto, diante das incertezas em relação às novas medidas econômicas, e ao processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, as empresas estão tentando evitar as demissões, através de acordos, como antecipação de férias e diminuição da carga horária.
“Só que isso tem um prazo. Se demorar muito para o mercado reagir, a indústria não vai ter alternativa, senão demitir. Do começo do ano até agora, os trabalhadores vêm sendo recontratados, mas isso está diminuindo. Daqui para frente é uma incógnita”, conclui.
Indústrias de Franca foram responsáveis por 4,7 mil vagas de emprego no primeiro bimestre de 2014 fábrica calçados sapatos (Foto: Reprodução/EPTV)Indústrias de Franca geraram 5,2 mil postos de trabalho no primeiro semestre (Foto: Reprodução/EPTV)
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