sábado, 28 de fevereiro de 2015
Dilma afirma que Levy foi 'infeliz' ao criticar política de desoneração
28/02/2015 14h14 - Atualizado em 28/02/2015 14h51
Dilma afirma que Levy foi 'infeliz' ao criticar política de desoneração
Ministro da Fazenda disse que 'brincadeira' não deu certo e custa R$ 25 bi.
Presidente contestou ministro antes de participar de solenidade no Uruguai.
Do G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado no Uruguai que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi "infeliz" ao declarar que a "brincadeira" da desoneração da folha de pagamento de segmentos empresariais custa R$ 25 bilhões por ano e é "extremamente cara".
Levy fez o comentário nesta sexta-feira, ao anunciar uma redução na desoneração, que, para ele, "não deu os resultados que se imaginava" e não serviu para proteger o nível de emprego. Segundo o ministro, em um momento em que a economia está se ajustando, as empresas também "vão ter de se ajustar". Para ele, o setor empresarial vai descobrir novos caminhos para continuar crescendo com menos transferências e renúncias fiscais do governo.
Acredito que a desoneração da folha foi importantíssima – e continua sendo. Se ela não fosse importante, nós tínhamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo."
Presidente Dilma Rousseff
Dilma contestou a declaração do ministro durante entrevista em Colonia do Sacramento, no Uruguai, antes de participar da inauguração de um parque eólico resultante de parceria entre as estatais brasileira Eletrobras e uruguaia UTE.
"Acredito que a desoneração da folha foi importantíssima – e continua sendo. Se ela não fosse importante, nós tínhamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo. Agora, o fato é que tanto o ministro como todos os setores estão comprometidos com uma melhoria das condições fiscais do Brasil", declarou Dilma.
Segundo a presidente, a desoneração da folha "é hoje uma realidade" e pode ser ajustada "para cima ou para baixo", de acordo com a conjuntura econômica. "O que nós garantimos é que haja um reajuste das condições. [A desoneração] será sempre um instrumento e não é um instrumento pura e simplesmente de ajuste fiscal. É um instrumento que vai permanecer. Agora, em certas conjunturas, tem de ser reajustado, ou para cima ou para baixo", afirmou.
A presidente disse que o Brasil sairá da crise econômica porque as atuais dificuldades são "conjunturais". Segundo ela, o emprego e a renda serão assegurados. "Pode ter certeza que o Brasil vai sair dessa crise ainda mais forte porque tem fundamentos sólidos. Nós passamos por dificuldades conjunturais, e isso garantirá que o pais sairá [da crise] com outro patamar, podendo continuar a crescer, garantindo os empregos que nós criamos e garantindo a renda que nós conquistamos", disse.
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Indagada se estava reconhecendo erros na condução da política econômica, Dilma respondeu: "Meu querido, quando a realidade muda, a gente muda. É impossível achar por exemplo que a tarifa de energia decorre de erros. O aumento da tarifa de energia decorre da chuva. Quando aumenta a chuva, diminui a tarifa de energia porque entra energia hidrelétrica. Quando diminui a chuva, diminui a energia hidrelétrica, e a gente tem de contratar [energia] térmica, e térmica é mais caro", afirmou.
Na solenidade, da qual participou ao lado do presidente uruguaio José Mujica, Dilma defendeu em discurso a integração da América Latina. "Nós temos a obrigação de nos esforçar para nos unirmos, de tomar todas as providências para que possamos desfrutar de sermos um continente com grande riqueza [...] É possivel, sim, a integração. E é possível com os dois lados ganhando", afirmou Dilma.
Neste domingo (1º), Dilma participará em Montevidéu da cerimônia de posse do presidente eleito do Uruguai, Tabaré Vazquez, que sucederá José Mujica pelos próximos cinco anos.
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Dilma Rousseff, José Mujica
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