domingo, 31 de maio de 2015
Agricultores de MT atrasam compra de insumos para o próximo plantio
Edição do dia 31/05/2015
31/05/2015 08h50 - Atualizado em 31/05/2015 08h50
Agricultores de MT atrasam compra de insumos para o próximo plantio
Com a alta do preço do adubo e sementes, a próxima safra de soja deve
ser a mais cara da história. Por isso, vale antecipar a compra dos insumos.
Luiz Patroni
Campo Verde, MT
Cautela é a palavra de ordem entre os agricultores de Mato Grosso. A venda de adubo, sementes e agrotóxicos, que serão usados no próximo plantio, está abaixo do esperado. O repórter Luiz Patroni explica os motivos.
Por enquanto são as lavouras de milho e algodão que tomam conta de uma fazenda em Campo Verde (MT), mas os preparativos para a próxima safra de soja já começaram.
"O planejamento e a compra dos produtos da soja que vem depois deste algodão aqui a gente começou a fazer em fevereiro. A gente comprou o adubo, o químico e as sementes, e estamos aguardando aí a retirada da lavoura de algodão para pode entrar com o plantio da soja", conta o agricultor Adair da Rocha.
A compra antecipada dos insumos é uma prática comum entre os agricultores de Mato Grosso. Garantir estes produtos mais cedo geralmente significa economia. Quem comprou os agrotóxicos em janeiro, por exemplo, gastou 23% a menos do que quem deixou para fazer o pedido agora.
Em maio, a maior parte dos insumos já deveria estar vendida. Desta vez, a situação é diferente. "Você pega nos últimos anos, nesta mesma época, 80% a 90% dos insumos estavam comercializados. E hoje, se for falar neste número, se for pegar o sul do estado não dá 40%", diz José Arlan, sócio da revenda.
A explicação para o pé no freio envolve pelo menos dois fatores, segundo o conselho que representa as revendas no estado. "Este atraso se dá em grande parte pela indefinição da política do governo, das taxas de juros, da liberação de custeios e também do próprio mercado de commodities que está muito parado. Está baixo o preço. Então o agricultor fica aguardando o melhor momento para fixar a soja dele para travar então essa compra com o distribuidor", afirma Pedro Guesser, secretário-executivo da Cearpa.
Também pesa na decisão dos agricultores o aumento dos preços dos insumos, impulsionados pela alta do dólar. A próxima safra de soja deve ser a mais cara da história, segundo o Imea (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária).
Em um ano, os fertilizantes ficaram quase 6% mais caros. As sementes, 24%. E os agrotóxicos subiram mais de 40% no período. Com isso, apenas com os insumos, o produtor deve gastar mais de R$ 1,8 mil por hectare, mais de R$ 340 acima do valor gasto no ano passado.
"O nosso custo no Mato Grosso é o maior custo do Brasil na questão da soja. Então qualquer taxa de juros para cima, qualquer dólar para baixo, qualquer mudança nas cotações internacionais reflete na hora no estado e pode transformar uma safra que é rentável em negativa", explica Cid Sanches, gerente de planejamento da Aprosoja.
Insegurança que atrasou o cronograma de uma fazenda. A pouco mais de três meses do início do plantio, a compra dos insumos ainda não saiu do papel.
"É assumir um risco grande, mas em função das incertezas você corre este risco e paga o preço. O que não dá é para se comprometer agora. Sem fazer um planejamento não dá para fazer comprometimento nenhum", diz Alexsandro Machado Gonçalves, gerente da fazenda.
A insegurança dos agricultores em relação às políticas para o setor poderá acabar na próxima terça-feira (2), quando será divulgado o novo plano de safra.
tópicos:
Campo Verde, Economia, Mato Grosso
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