sexta-feira, 29 de maio de 2015
BA: Chuvas fortes e entressafra fazem preço do tomate e da cebola disparar
29/05/15 - 08:30
Por conta das chuvas e do período de entressafra, os itens da salada, a exemplo do tomate e da cebola, estão mais caros. Segundo pesquisa realizada pelo CORREIO nos bairros de Plataforma, Periperi, Paripe, Calçada, Brotas e Vasco da Gama, o quilo do tomate chega a ser vendido por até R$ 7,78, já o quilo da cebola pode chegar a R$ 9,04. O jeito, para muitos consumidores, é bater perna ou até mesmo deixar de comprar os produtos, abrindo mão das vinagretes e dos temperos básicos na mesa.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço da cebola quase dobrou de abril do ano passado para este ano. A cebola e o tomate, assim como o repolho e o pimentão, estão entre os itens que tiveram maior variação acumulada em 2015 na Região Metropolitana de Salvador (RMS), segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em relação ao tomate, houve variação de 45,24% nos preços do produto cobrados na RMS entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano, no total do país a variação foi de 48,65%. Já para a cebola, o IBGE verificou aumento de 84,74% no acumulado de 2015, o que representa quase o dobro da variação de preços na média nacional nesse período (47,84%).
Em nota, o órgão informou que “o aumento de preços de alimentos como tomate e cebola geralmente está relacionado à safra”, indicando que o preço destes produtos depende de questões sazonais. Motivos Para a Câmara Setorial de Hortaliças do Estado da Bahia, criada pela Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri-BA), o aumento nos valores dos itens da salada tem como principais causas as fortes chuvas e a entressafra.
“O que determina o preço é a oferta. Qualquer desequilíbrio na oferta, seja a escassez ou itens a mais, tem uma influência muito forte nos preços. Certas vezes isso ocorre de uma semana para outra”, explica o engenheiro agrônomo e secretário da Câmara Setorial, Evilásio Fraga.
Segundo ele, a qualidade do produto, a aparência, assim como o local onde ele será adquirido interferem no bolso do consumidor. “O tomate está caro, pois estamos com um problemas de oferta nas regiões fornecedoras - sobretudo o Espírito Santo, o interior de São Paulo e, no Nordeste, a Chapada Diamantina, Mucugê, Ibiquara e Irecê. Quando há problemas climáticos ou pragas, o preço sobe”, diz.
Fraga revela que a chuva nas áreas litorâneas, sobretudo do Espírito Santo e de São Paulo, prejudica a produção. O agrônomo afirma que o que faz com que o preço da cebola suba, neste período, é a entressafra. “O abastecimento ocorre a partir de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Vale do São Francisco e Chapada Diamantina. Ainda não há, no país, uma oferta da chamada ‘cebola de Inverno’”, complementa.
O produto proveniente da safra de Verão não conseguiu atender à demanda entre colheitas. Fraga prevê que em 40 dias, com a maior oferta de hortaliças no Inverno, os preços fiquem estáveis.
Consumidor
Enquanto isso, quem mais sofre é o consumidor. “Não uso mais tomate. No caso da cebola, estou diminuindo a quantidade. Se antes colocava duas cebolas em um prato, por exemplo, hoje coloco uma”, conta a dona de casa Manildes de Jesus, 31 anos.
O impacto também é sentido no comércio. O chef do restaurante La Lupa, Alessandro Narduzi, 43, por exemplo, revela que está se virando como pode para garantir os cerca de 2 mil tomates por mês usados como base para preparar suas principais receitas no estabelecimento. “Há cada 15 dias, compro parte dos tomates em São Paulo, onde o preço subiu 60%. Outra parte compro aqui”, assegura.
Segundo ele, além dos preços dos alimentos, que geram uma inflação altíssima, os custos com caminhão e motorista também estão maiores. “Tudo está mais caro. Por conta disso, tivemos que aumentar o preço dos pratos”, diz.
Nos últimos 12 meses, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), houve uma variação de 18% no preço do quilo do tomate. Segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão ligado à Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), o preço da cebola já subiu 64,26% no acumulado do ano quando comparado ao mesmo período do ano passado.
“Há uma grande demanda pela cebola baiana por parte de centros consumidores. Outros estados estão importando cebola da Bahia e isso faz com que o preço se eleve. O Maranhão, por exemplo, importa o item de Irecê. Isso deverá acontecer até, pelo menos, o mês de junho”, afirma o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da SEI, Denilson Lima Santos.
De acordo com cotações da SEI feitas em conjunto com a Seagri-BA, entre os dias 27 de março e ontem, o preço da caixa de cebola de 20 kg variou positivamente em três das principais praças de produção. “Em março, a caixa de cebola era vendida por R$ 42 em Salvador. Ontem, a cotação estava em R$ 70, ou seja, houve um aumento de 66,70%. Em Juazeiro, a elevação foi de 44,44%. Já em Irecê, o aumento do preço da caixa de cebola foi 57,14%”, lista.
Segundo ele, o momento de instabilidade econômica que o país vive também afeta a elevação dos preços dos itens da salada de forma direta. “Com a inflação alta, o consumidor perde o poder de compra, pois o preço de tudo aumenta”, complementa Lima.
Correio 24 horas.
Autor: Naiana Ribeiro
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