terça-feira, 30 de junho de 2015

Exportações de carne in natura para os EUA podem começar em setembro, avalia Abiec

Executivo da entidade ressalta também a possibilidade de abertura de novos mercados, revertendo o cenário atual, de queda nas exportações de carne bovina
A indústria brasileira de carne bovina espera iniciar já no mês de setembro os embarques do produto in natura para os Estados Unidos. Foi o que afirmou o diretor-executiva Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Fernando Sampaio. "O mercado norte-americano estava entre as nossas prioridades para este ano", diz ele. Nesta segunda-feira (29/6), o Ministério da Agricultura (Mapa) informou que depois de 15 anos de expectativa e negociações, o mercado norte-americano está aberto para a carne bovina in natura, assim como já ocorria para o produto industrializado. A decisão vale para 13 estados (Bahia, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e o Distrito Federal. O governo e os frigoríficos avaliam que o mercado potencial é de 100 mil toneladas por ano. O próximo passo, explica Sampaio, é definir a chamada equivalência do sistema de inspeção, o que é comum no processo de liberação de exportações. A partir disso, os frigoríficos brasileiros já poderiam ser habilitados para iniciar os embarques. "De início, todas as nossas unidades que são habilitadas para exportar industrializado poderão embarcar matéria-prima. E a gente tem várias outras plantas que podem ser habilitadas para atender. Quem faz a habilitação é o Ministério da Agricultura e os Estados Unidos vêm auditar." Comemorada pela indústria, a liberação do mercado norte-americano para a carne bovina in natura chega em um momento de pressão para a cadeia produtiva, espcialmente a indústria. A arroba do boi gordo em patamares elevados, em função da pouca oferta de animais, têm elevado os custos da indústria. E a margem de repasse para os preços fica limitada em função da demanda mais lenta por carne e das proteínas concorrentes, como a carne suína e de frango. "A gente vai abater de qualquer jeito. O que a exportação proporciona é uma rentabilidade melhor". Essa rentabilidade viria, segundo Sampaio, especialmente pelas vendas de cortes dianteiros, que devem concentrar o maior volume embarcado para os Estados Unidos. O diretor executivo da Abiec explica que esse tipo de produto o "Brasil tem de sobra", e os norte-americanos demandam em grande quantidade para a produção, por exemplo, de hambúrgueres. "Dianteiro, a gente sempre exportou para a Rússia e para o Oriente Médio e agora tem os Estados Unidos. A gente pode exportar qualquer corte, mas enxerga que a oportunidade comercial maior está nesse tipo de produto. Principalmente, quando você tem uma situação em que o boi está mais caro, isso ajuda a rentabilizar a carcaça muito melhor. Vou achar o melhor mercado para cada parte e agora vou ter um mercado grande para uma parte do boi que aqui vale pouco", afirma. Outros mercados Depois da abertura dos Estados Unidos, o foco do governo e da indústria de carne bovina se volta para mercados como China, Japão e Arábia Saudita. Para a Abiec, esses países são importantes para reverter a situação atual das vendas externas. De janeiro a maio deste ano, os embarques foram de 543,7 mil toneladas, 14% a menos que no mesmo período em 2014. O faturamento foi de US$ 2,2 bilhões (-18%). "Se ocorrer como esperamos no segundo semestre, temos condições de encerrar o ano com crescimento nas exportações. São várias notícias acumuladas que podem mudar o cenário", diz o diretor executivo da Abiec. “A abertura dos Estados Unidos é um precedente importante”, acrescenta Sampaio, lembrando que diversos países usam o sistema norte-americano como referência para negociações internacionais e podem mudar sua visão em relação ao produto brasileiro. Nesta semana, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, viaja para o Japão, onde a carne bovina deve estar na pauta de negociações com as autoridades do país. O Brasil tenta retomar as vendas de carne industrializada, suspensas desde 2012, além de abrir o mercado para o produto in natura. Outro país que embargou a carne bovina brasileira, a Arábia Saudita também pode retomar as compras ainda neste ano. De acordo com o Ministério da Agricultura, as autoridades sauditas de defesa sanitária já visitaram frigoríficos brasileiros e devem apresentar um relatório. A expectativa da indústria é retomar os embarques já em agosto. Em 2012, último ano em que ocorreram exportações, os sauditas compraram 33,39 mil toneladas, o que rendeu US$ 156,095 milhões. Com relação à China, Sampaio afirma que os frigoríficos estão se preparando para embarcar o produto, depois da assinatura do protocolo sanitário, no mês de abril. Oito unidades estão habilitadas. A expectativa da Abiec é, já no mês de julho, embarcar entre 10 e 15 mil toneladas . A China importa, atualmente, mais de 300 mil toneladas de carne bovina por ano. “O potencial é o de crescer bastante. A demanda é crescente e a gente que ter ainda mais frigoríficos habilitados. É um mercado em que a gente acredita bastante.” Data de Publicação: 30/06/2015 às 19:10hs Fonte: Globo Rural

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