terça-feira, 17 de março de 2015

FETHAB: Fundo pode evitar perdas

O escoamento de mais uma safra recorde de soja, o ciclo 2014/15 em Mato Grosso, foi ameaçado neste início de ano pelo movimento dos caminhoneiros, com paralisações em estradas de todo o país
O escoamento de mais uma safra recorde de soja, o ciclo 2014/15 em Mato Grosso, foi ameaçado neste início de ano pelo movimento dos caminhoneiros, com paralisações em estradas de todo o país. Diariamente, considerando o esmagamento e a exportação do grão mato-grossense, deixou-se de movimentar US$ 44 milhões em mercadorias, de acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). As cifras levam em conta uma produção de 28,14 milhões de toneladas, que se confirmada trará para as estradas um volume 7% maior do que o da temporada passada, que também havia sido recorde. Diante disso, o presidente do Sistema Famato/Senar/MT, Rui Prado, pondera sobre a necessidade de o governo do Estado iniciar a desburocratização do uso dos recursos oriundos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), para que os 141 municípios e as cadeias produtivas de Mato Grosso deixem de amargar prejuízos. “A questão do transporte é muito sensível a todos. Ela atinge o produtor no seu direito de ir e vir e no custo do frete. Se o valor é maior, perde renda. Por outro lado, como os transportadores têm enormes gastos de manutenção de veículos e com o custo do óleo diesel, em virtude da má conservação das estradas, se eles não aumentam o valor do frete, não têm rentabilidade. Ou seja, o problema é de toda a cadeia produtiva. Afeta a todos e como a receita de todos”, aponta Prado. A proposta do presidente da Famato, entidade que recebe e defende as demandas de todos os agropecuaristas de Mato Grosso, é que o governo estadual faça convênios com todos os municípios para que possa, não apenas repassar os 50% dos recursos do Fethab, como determina a lei (Lei nº 10.051/2014), mas que proceda aos trabalhos de recuperação e pavimentação das estradas junto deles. “As prefeituras, se contarem com a parceria do Estado, podem fazer essa recuperação e em bem melhores condições do que o Estado sozinho. Trata-se de uma estratégia emergencial aos municípios, que sentem de perto o problema. O próprio secretário de Infraestrutura do Estado (Marcelo Duarte) tem declarado que não há nenhum trecho de rodovia estadual conservado em Mato Grosso”, aponta. FÓRUM - Rui Prado lembra que a ação movida no início de 2014 pela entidade que representa, em conjunto com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), tem como principal foco a retomada do Conselho Consultivo do Fethab. O fórum em questão deve ser, de acordo com o pleito, o responsável por apontar ao governo estadual as prioridades e os melhores caminhos para o emprego dos recursos nos fins para o qual o fundo foi criado, evitando os desvios de finalidade que vinham sendo cometidos há anos, como o uso para o pagamento de servidores, por exemplo. “O mau emprego do Fethab é uma coisa que incomoda todo mundo, o produtor rural e a classe política. Ainda não consegui entender porque o atual governo já não convocou esse Conselho para empregar corretamente o recurso”, questiona o presidente da Famato. Para Rui Prado, o movimento e as condições de trafegabilidade das estradas, alertaram para uma questão ainda mais grave e urgente: esse modal de transporte de Mato Grosso, responsável por escoar cerca de 80% da produção agropecuária, está saturado. “Essa situação toda, agravada com a greve dos caminhoneiros e a falta de aplicação de recursos para a pavimentação e recuperação de rodovias, grita aos nossos ouvidos: o modal de transporte rodoviário não condiz mais com a realidade produtiva de Mato Grosso”, finaliza propondo que o governo do Estado também garanta agilidade à implementação de hidrovias e ferrovias no Estado, sobretudo rumo ao norte do país. RECORDE – Na safra 1999/00 Mato Grosso assumiu a dianteira nacional na produção de soja, deixando o Paraná em segundo lugar. Com exceção das safras 2005/06 e 2006/07, a oferta mato-grossense vem sendo marcada por quebra de recordes de produção safra após safra. E a pressão sobre o transporte rodoviário aumentou na medida em que outras culturas também passaram a ter o Estado como principal produtor nacional, como o algodão, também nos anos 2.000 e o milho safrinha há três safras. Com esses ganhos, o Estado vem segurando, desde a safra 2011/12, a primeira posição na oferta nacional de grãos e fibra. Toda essa evolução, ocorrida da porteira para dentro, não foi acompanhada por outros elos, especialmente, pelo poder público que não proveu investimentos e condições para conduzir ou mesmo alicerçar essa expansão. Data de Publicação: 17/03/2015 às 14:10hs Fonte: Aprosoja

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