terça-feira, 31 de março de 2015

Joaquim Levy: Precisamos cortar na carne e não podemos errar agora

Liderado pelo empresário João Doria Jr., o evento aconteceu no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, e contou com a presença histórica de 622 pessoas
O ajuste econômico-fiscal prevê forte redução das despesas do governo. Nossa programação financeira é chegarmos aos níveis de 2003, com uma redução de 30% nos gastos. É forte. Precisamos ter muita disciplina fiscal”, declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante Almoço-Debate promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais. Liderado pelo empresário João Doria Jr., o evento aconteceu no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, e contou com a presença histórica de 622 pessoas. Desde janeiro no cargo, um dos desafios do ministro é promover os ajustes necessários na economia brasileira para que o País volte a crescer. Em sua palestra “Um Programa Econômico para o Brasil”, Levy salientou a importância de estarmos juntos “toda a sociedade e os poderes legislativo, executivo e judiciário precisam se empenhar num esforço único para alcançar uma trajetória de sustentabilidade econômica”. “É preciso reverter a deterioração fiscal e das contas externas, descontinuar as políticas anticíclicas entre o Brasil, a China e os EUA – reconhecendo que o cenário desses parceiros mudou -, proteger ganhos sociais, fortalecer a nova classe média com a inclusão por oportunidades, além de garantir a segurança e competitividade da nossa economia”, disse. Levy destaca que o governo está se empenhando na diminuição de gastos, na redução das renúncias, com foco na retomada da produção industrial, não esquecendo da demanda interna. “Precisamos dar os sinais corretos para a volta dos investimentos e é fundamental evitarmos riscos. Os ajustes precisam ser feitos para não perdermos ‘investment grade’, não podemos criar novas despesas sem ter novas receitas e não devemos fazer restrições à livre concorrência. Enfim, não podemos errar agora”, reforça. "O resultado do PIB mostrou que estamos em uma transição. Começa a haver recuperação das exportações. No ano passado a contribuição foi neutra. Esse ano esperamos que ela possa ajudar o setor externo", disse. “Cortar na carne é importante. Mas não tendo muita carne, não é fácil. No período à frente, temos que estar muito atentos para não aumentar despesas e gastos. Isso é essencial para garantir o equilíbrio e a sustentabilidade fiscal”, recomenda. Algumas medidas são estruturais, como as regras que alteram o seguro-desemprego. Tais mudanças são a favor de desestimular a rotatividade nas empresas e melhorar a qualidade da oferta de trabalho, na avaliação de Levy. “Queremos aumentar a capacidade da empresa em investir no seu trabalhador. A gente precisa agir rapidamente para voltar a crescer”, recomenda o ministro. A economia brasileira cresceu 0,1% em 2014. Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional, quando a economia recuou 0,2%. Ao longo de seu discurso, o ministro da Fazenda afirmou que o resultado do PIB de 2014 já era esperado e as ações do governo para este ano a serem colocadas em prática requerem uma agenda de crescimento: na produção, infraestrutura, logística, ajustes fiscais, energia, convergência da inflação para a meta de 4,5%, queda dos juros, entre outros. O ministro finalizou afirmando confiar no empresário, no seu poder de inovar, de ganhar novos mercados para nos tornarmos mais competitivos. Disse que a presidente Dilma Rousseff tem um genuíno interesse em endireitar as coisas. “Mas trabalhamos com pressões e nem tudo dá resultado conforme planejado. Esse é um caminho que pode dar certo. O ajuste vai ser muito duro, vai ser rápido e exigirá esforços de todos.” Segundo João Doria Jr., presidente do LIDE, abrir a agenda dos almoços de 2015 com a presença do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reforça a relevância dos encontros. “Não tenho dúvida que o evento de hoje aumentou a confiança do empresariado nas ações do ministro, que tem um cenário extremamente desafiador – frente a uma crise institucional e política –, e será necessário refazer os processos e fazer com que a economia volte a crescer”. Pesquisa Ao final do evento foi apresentada a 102ª edição da Pesquisa Clima Empresarial LIDE-FGV, realizada com os 622 empresários presentes ao Almoço-Debate, que revelou resultados bastante preocupantes. “Os índices apontaram as piores notas em todas as esferas, do Municipal ao Federal”, avaliou Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa e presidente do LIDE CONTEÚDO. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, é uma nota de 0 a 10, resultante de três componentes com o mesmo peso: governo, negócios e empregos. A eficiência gerencial e o desempenho dos governos obteve a menor nota ao longo dos 12 anos nos quais a pesquisa é realizada: 0,7% para a esfera federal; 4,7% para estadual; e 1,3% para municipal. Poucos empresários - apenas 11% -, vão empregar em 2015, 39% pretendem mater o quadro atual e 33% vão demitir. A previsão de receita é alarmante, segundo os resultados do levantamento: 38% acreditam que o faturamento será pior este ano em comparação a 2014. “Pela primeira vez, o saldo dos empregos é negativo e muito preocupante”, diz o professor. Entre os fatores que impedem o crescimento das empresas, o cenário político chegou a 77%, ultrapassando a inflação (12%) e o câmbio(10%). Entre a área que precisa melhorar e o tema mais preocupante para o cenário econômico de 2014, os números apontam política, com 39%. Segundo a pesquisa, o clima empresarial despencou para 2,2%, que segundo o professor Meirelles, na linguagem acadêmica “não pega nem segunda época”. Data de Publicação: 31/03/2015 às 10:10hs Fonte: Assessoria de imprensa Lide

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