segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Investimento de R$ 15,7 bilhões em celulose gera expectativa em MS

31/08/2015 15h00 - Atualizado em 31/08/2015 15h00 Investimento de R$ 15,7 bilhões em celulose gera expectativa em MS Na contramão da crise, setor investe acreditando na demanda e no estado. Instalação do setor mudou a história da cidade de Três Lagoas. Anderson Viegas Do G1 MS
A celulose é uma substância que está localizada dentro das células da maioria dos vegetais. Ela garante rigidez e firmeza a essas plantas. Não é digerível pelo ser humano, mas é alimento essencial para algumas espécies de animais, principalmente os ruminantes, como bovinos e equinos. Além dessa importante função na natureza, é extraída industrialmente de várias matérias-primas, principalmente da madeira, e utilizada na fabricação de vários produtos, como plásticos, vernizes, filmes, seda artificial e químicos, mas principalmente papel. Em Três Lagoas, na região leste de Mato Grosso do Sul, a 338 quilômetros de Campo Grande, a indústria de extração da celulose de fibra curta, a que é utilizada para a produção da papel para a impressão, para escrita e com fins sanitários (higiênico, toalhas de papel e guardanapos) está mudando a história da cidade. Primeiro com a instalação de duas plantas, a VCP, atual Fibria, em 2009 e a Eldorado em 2013, que geraram emprego, renda e desenvolvimento, transformando a vida de milhares de pessoas no município e no seu entorno. E agora, em 2015, com o anúncio, na contramão da grave crise econômica que o país atravessa, de um investimento de R$ 15,7 bilhões, para a implantação de novas linhas de produção pelas duas empresas.
A empresária Sayuri Baez, proprietária da Gold Comunicação Visual, é uma das que foi beneficiada diretamente com a onda de desenvolvimento provocada pela indústria da celulose no município. A sua microempresa, especializada em comunicação visual, placas de sinalização, de segurança e impressão de produtos gráficos, empregava 14 colaboradores até 2009. Já atendia grandes empresas da região, como lojas, frigoríficos e até a termoelétrica Luís Carlos Prestes (Petrobras), mas não tinha uma perspectiva de crescimento a curto prazo. Tudo mudou a partir do início da construção da primeira planta de produção de celulose na cidade. A demanda na produção disparou e para atendê-la foi necessário contratar mais colaboradores e adquirir máquinas e equipamentos de tecnologia avançada . Além de melhorar a estrutura do negócio, a empresária disse que também teve que investir no aprimoramento da gestão do seu empreendimento e uma das principais ferramentas para isso foi o Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF), oferecido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), do Sistema da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Sistema Fiems), em parceria com o Sebrae/MS, a prefeitura de Três Lagoas e as próprias indústrias do setor de celulose e uma de siderurgia (empresas âncora). Celulose lidera ranking de exportações de MS no 1º bimestre Eldorado inicia processo para nova linha de produção de celulose em MS Fibria tem lucro líquido de R$ 614 milhões no 2º trimestre “Trabalhávamos muito, mas não tínhamos noção do que entrava de recursos, do que tínhamos que pagar e do estoque. No final do mês pagávamos as contas e sobrava muito pouco. A principio não acreditava muito no programa, mas esperávamos que a partir dele, as empresas âncoras iam mudar o modo como nos encaravam. E a partir do PQF tudo mudo mesmo. Passamos a ter um controle efetivo de toda a empresa. Conseguimos ganhos na qualidade dos produtos, no aprimoramento dos processos, na organização e na produção. Com isso, obtivemos ganho de tempo e de dinheiro, além de evitar desperdícios. Depois do básico, fizemos o módulo avançado e estamos renovando anualmente a certificação do programa [Sistema de Gestão e Qualificação em Fornecimento – SGQF, que traz requisitos de funcionamento, saúde ocupacional, meio ambiente e segurança]. A experiência de sucesso em sua implantação, fez inclusive, com que apresentássemos palestras sobre ele em outros estados”, explica. Sayuri disse que essa verdadeira revolução na gestão da empresa, somada a crescente demanda por serviços do setor de celulose foi decisiva para impulsionar o crescimento da empresa. Atualmente, o empreendimento produz 60% a mais por mês e está empregando 27 colaboradores, 92,85% a mais que antes da chegada do setor ao município. Já o faturamento cresceu 65%. Esse desenvolvimento, conforme a empresária, chegou a ser afetado pelo prejuízo que sofreu com a paralisação das obras de construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras e o calote das construtoras que atuavam no empreendimento, mas agora, com o anúncio das implantação das duas novas linhas de produção da Fibria e Eldorado ela espera retomar o processo de crescimento de sua empresa. “Sofremos, assim como vários outros empresários de Três Lagoas, um grande prejuízo com esse episódio [paralisação das obras da fábrica de fertilizantes], mas essas obras [das indústrias de celulose] nos dão um novo ânimo. Elas vão nos ajudar a crescer, mas faremos isso sempre com os pés no chão, de modo organizado e planejado”, ressaltou.
De acordo com o coordenador de projetos do IEL e coordenador executivo do PQF, Hugo Bittar, o programa foi instituído em 2008 em Três Lagoas. Neste período, capacitando entre 30 e 33 empresas por ano, já qualificou 170 empreendimentos e mantém 105 certificadas anualmente com o SGQF. “Desde a implantação do programa já foram investidos aproximadamente R$ 4 milhões nesta iniciativa somente em Três Lagoas e região. O foco principal é no treinamento, qualificação e consultoria de empresários e gestores dos empreendimentos para preparar as micro e pequenas empresas locais a fornecerem produtos e serviços para as grandes empresas, que chamamos de âncoras”, destacou, completando que atualmente 32 empresas participam do PQF no ciclo 2015.
Importância do setor Um dos principais foco das empresas que se capacitaram pelo PQF, a indústria da celulose teve um papel preponderante para mudança do perfil econômico de Três Lagoas. “A cidade tem transformado seu perfil econômico ao longo dos anos. Mudou do agronegócio-comércio para a indústria-comércio. Esse processo se iniciou em 1999, mas se acentuou e se consolidou após o start up do setor florestal-celulose em 2009”, explicou o diretor de Indústria e Comércio do município, Diógenes Marques. Atualmente o segmento, segundo Marques tem uma significativa importância para a cidade, se destacando na geração de empregos diretos e indiretos, na arrecadação de impostos e no fomento a toda a cadeia econômica do município e até mesmo do estado. Uma série de dados da própria prefeitura, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da secretaria estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade) atesta essa relevância. Dados do Cadastro Geral de Empresas do IBGE, por exemplo, apontam que entre 2009 e 2013 o número de trabalhadores assalariados em Três Lagoas aumentou 87,6%, passando de 22,1 mil para 41,6 mil; que o salário médio mensal na mesma comparação teve um incremento de 14,8%, subindo de 2,7 salários mínimos para 3,1 salários mínimos e que o número de empresas atuantes no município cresceu 27,9%, avançando de 2.597 empreendimentos para 3.322.
A maior quantidade de empresas instaladas e de pessoas ocupadas refletiu diretamente na arrecadação de impostos pelo município. De acordo com a prefeitura, entre 2009 e 2014, a receita com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) teve elevação de 146,9% (de R$ 6,5 milhões para R$ 16 milhões por ano), a do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (Issqn), registrou alta de 127,1% (de R$ 21,8 milhões anuais para R$ 49,5 milhões) enquanto que a arrecadação total de tributos cresceu 107,5% (de R$ 163,9 milhões para R$ 340,2 milhões). Esse aumento da movimentação de recursos no município impactou também no Produto Interno Bruto (PIB), medido pela Semade, que de 2009 a 2012, teve incremento de 68%, passando de R$ 2,013 bilhões para R$ 3,285 bilhões, e no PIB per capta, que passou, neste mesmo intervalo de tempo de R$ 22,5 mil para R$ 32,1 mil, o que representou uma elevação de 42,9%. A indústria da celulose não impactou positivamente somente Três Lagoas e região, o setor também trouxe benefícios para a economia de Mato Grosso do Sul e do Brasil. Em 2009, quando entrou em operação a primeira planta local, o produto foi o terceiro principal item exportado pelo estado, com um volume de 590,966 mil toneladas, o que gerou uma receita de US$ 227,177 milhões. Já no no primeiro semestre de 2015, a quantidade embarcada para o mercado internacional foi 89,77% maior, 1,121 milhão de toneladas e a receita atingiu os US$ 484,607 milhões. O produto chegou a liderar o ranking de exportações sul-mato-grossenses neste ano e fechou os primeiros seis meses na segunda posição da listagem. Neste semestre a celulose “Made in MS” foi vendida para 43 países, sendo os principais compradores a China, com 404,398 mil toneladas (36,05% do total), a Itália com 263,600 mil toneladas (23,50%), a Holanda, com 143,990 mil toneladas (12,83%) e os Estados Unidos, com 79,328 mil toneladas (7,07%). Em âmbito nacional, Mato Grosso do Sul que era o quinto maior exportador do país em 2009, saltou para a segunda posição em 2014, com 2,292 milhões de toneladas, o que representou 21,60% das 10,613 milhões de toneladas do produto vendidas pelo Brasil a outros países no ano.
A importância do setor para o estado também pode ser mensurada pelo crescimento de sua participação no PIB industrial e do estado. De acordo com dados da Semade e da Fiems, em 2012, último ano em que os dados oficiais foram divulgados e quando apenas uma planta ainda estava em operação em Três Lagoas, o PIB do setor foi R$ 1,15 bilhão, o que representou 11,3% do PIB industrial do estado no ano que foi de R$ 10,2 bilhões e 2,44% do PIB sul-mato-grossense, que chegou aos R$ 47,1 bilhões. Já em 2014, quando as duas plantas estavam em plena atividade, conforme as estimativas dos técnicos do governo do estado e da entidade, a projeção é de que o PIB do setor tenha atingido R$ 1,9 bilhão e que sua participação no PIB da indústria, que teria chegado aos R$ 14,2 bilhões, tenha aumentando para 13,3%. Já frente ao PIB estadual, que teria atingido no ano os R$ 69 bilhões, a estimativa é que sua representatividade tenha atingido os 2,75%.
Impulsionado pelo setor, o estado possui, segundo a Associação dos Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS), atualmente cerca de 850 mil hectares cultivados com eucalipto, que é a principal matéria-prima do setor. Dessa área, a terceira maior do país dedicada ao cultivo dessa espécie florestal, e que representa mais de um bilhão de árvores, cerca de 425 mil hectares são voltados para atender as indústrias de celulose seja por meio de cultivos próprios, áreas arrendadas ou de terceiros. Com a estimativa da geração de um emprego (direto ou indireto) em toda a cadeia produtiva a cada dez hectares plantados, a Reflore-MS projeta que a atividade gere aproximadamente 85 mil empregos no estado. O secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Jaime Verruck, aponta que uma série de fatores estimulou o desenvolvimento do setor no estado, como: a disponibilidade de áreas (com mais de 8 milhões de hectares de pastagens degradadas ou em processo de degradação), topografia plana e características de solo, ar, clima, que asseguraram uma grande vantagem competitiva.
Graças a essas caracterítisticas, estudos apontaram que no Brasil e em Mato Grosso conseguimos produzir mais em uma área menor. Nossa média de produção é de aproximadamente 39 metros cúbicos de madeira por hectare/ano, enquanto que na Austrália é de 23 metros cúbicos por hectare/ano. Quando comparamos com a China a nossa vantagem é ainda maior. Precisamos de 140 mil hectares para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose. No país asiático, eles vão precisar de 300 mil hectares. Por isso, o Brasil é a bola da vez no setor. É altamente competitivo na área agrícola, mas ainda tem vários aspectos a aprimorar, como a logística, capacitação de mão de obra, infraestrutura dos municípios, entre outros”, diz o secretário. Mudança de vida
Além de ser importante para a economia do município e do estado, o setor de celulose vem sendo responsável por grandes transformações na vida das pessoas que trabalham direta ou indiretamente com a atividade, como por exemplo o técnico em manutenção elétrica Genalro Adair da Silva, de 45 anos, que é funcionário na Fibria. Depois de trabalhar por 23 anos, no comércio da cidade e chegar a pensar em sair de Três Lagoas em busca de melhores oportunidades de emprego, ele, em 2007, então com 37 anos, decidiu fazer um curso de capacitação em eletroeletrônica oferecido pelo Senai no município e que tinha ainda uma bolsa auxilio oferecida pela empresa. “Fiz minha inscrição e graças a Deus eu fui um dos selecionados para o treinamento. Passaram-se 11 meses de muita luta e dedicação nos estudos, porque eu sabia que pela minha idade, seria minha última chance de conseguir entrar em uma empresa de grande porte. Foi então que o departamento pessoal da empresa me chamou e fez uma proposta de contratação”, recorda. A oportunidade, segundo Silva, mudou sua vida. “Venho de família muito humilde. Hoje eu consegui realizar o sonho de ter minha casa própria, carro, moto, tenho condições de dar uma educação melhor para meus filhos, coisa que meus pais não tiveram. Meu sonho hoje é preparar meus filhos para que eles possam trabalhar aqui [Fibria] e desfrutar dessa que eu considero a maior e melhor empresa para trabalhar”, comenta.
Outro que teve a vida transformada de modo positivo depois da chegada do setor foi Isaque Gonçalves Pereira, de 18 anos. Assim como Silva o seu primeiro passo foi um curso de capacitação do Senai. “Fiz o curso técnico em Celulose e Papel do Senai e durante a capacitação fui selecionado para fazer um estágio na Eldorado. Quando o estágio terminou recebi o convite para trabalhar na empresa a partir deste mês [agosto]. Minha expectativa é muito positiva, de que essa chance vai mudar minha vida. Minha família é muito humilde. Meu pai é calheiro, minha mãe secretária e eu cheguei a ser menor aprendiz durante o ensino médio. Essa é uma grande oportunidade, tanto no aspecto de remuneração quanto de possibilidade de crescimento profissional futuro e para isso quero continuar me capacitando e me especializando na área”, diz. Segundo o gerente do Senai em Três Lagoas, Adevaldo Vasconcelos Reginaldo, ainda antes do início da operação da primeira planta do setor no município, a entidade já estava capacitando mão de obra para atendê-la, em 2008. “Atualmente, a partir do projeto e sensível às demandas originadas pelo setor industrial, a unidade diversificou amplamente suas atividades e, hoje, é uma instituição educacional que atua em diferentes frentes, desde a educação de aprendizes para o trabalho, a formação de técnicos, até a realização de treinamentos ágeis e rápidos”, explicou. Reginaldo diz que são vários cursos técnicos distribuídos por áreas como: automação, construção civil, eletroeletrônica, gestão, logística, metal mecânica, papel e celulose e química que atendem o setor. Somente para 2015, a instituição deve capacitar para o setor e também para outros segmentos, 12 mil pessoas no município. Polo de pesquisa do setor Além de polo de produção de celulose e de capacitação de mão de obra, a região de Três Lagoas também deve se tornar uma referência no país e até em âmbito mundial em pesquisas no setor, graças a implantação também pelo Senai de um centro de pesquisa aplicada para melhorar os processos industriais. A concentração desses três elos da cadeia em uma mesma região fez com que o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável chegasse a compará-la com o Vale do Silício, na Califórnia, nos Estados Unidos, onde estão concentradas algumas das principais empresas de produção e desenvolvimento de tecnologia do mundo.
O Instituto Senai de Inovação em Biomassa está sendo construído com um investimento de R$ 34,8 milhões e deve entrar em operação no primeiro semestre de 2016. Entretanto, a diretora da unidade, Carolina Andrade, explica que o instituto já tem hoje uma equipe de 19 pesquisadores desenvolvendo uma carteira de projetos que totalizam R$ 8 milhões. Quando as instalações forem concluídas em Três Lagoas, a unidade deve abrigar, conforme ela, 28 pesquisadores. O portfólio de serviços da unidade inclui: soluções sustentáveis para processos produtivos, transporte e tratamento de novas matérias-primas, desenvolvimento de processos inovadores de conversão de biomassa e resíduos e desenvolvimento de novos produtos e aplicações industriais com biomassa. As pesquisas, conforme a diretora, serão desenvolvidas em parceria com as empresas do segmento, e todo o khow how de implantação da unidade vem do Instituto Fraunhofer, de Frankfurt, na Alemanha. “O Instituto Senai de Inovação em Biomassa, assim como as outras 25 unidades que estão sendo construídas pelo Senai no país para atender outros segmentos, vai fazer a ponte entre a pesquisa acadêmica, entre a pesquisa cientifica e a demanda da indústria”, explica Carolina. Demanda impulsiona crescimento Segundo o diretor executivo da Reflore-MS, Benedito Mário Lázaro, o crescimento da demanda mundial por celulose é de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas a cada 15 meses. Esse mercado crescente e a vocação natural do estado para o setor, conforme ele, ajudaram a impulsionar o investimento de R$ 15,7 bilhões que a Fibria e a Eldorado farão na construção de novas linhas de produção.
No caso da Fibria, a planta atual que tem capacidade instalada para produzir 1,7 milhão de toneladas por ano deve atingir as 3 milhões de toneladas ano, com a nova linha. A empresa já tem 225 mil hectares cultivados com eucalipto no estado e um excedente de 107 mil hectares plantados ou sob contratos de plantio para atender a demanda de 174 mil hectares da nova linha que deve entrar em operação em 2018. O investimento previsto no projeto será de 7,7 milhões. Somente a obra vai gerar 40 mil empregos diretos e indiretos e quando a nova linha entrar em operação vai abrir 3 mil novos postos de trabalho, ampliando para 6 mil o número de colaboradores da empresa no estado. Cerca de 60 fornecedores locais atuarão no projeto e está prevista a arrecadação de R$ 450 milhões em impostos durante a obra. Além de gerar e consumir a própria energia, com a nova linha, a Fibria passará a ter um excedente de 160 MW/h, que serão disponibilizados no sistema nacional para a comercialização. “A ampliação da unidade de Três Lagoas segue a estratégia de crescimento com disciplina da empresa, que considera uma janela de oportunidade para a entrada de nova capacidade de produção de celulose no mercado em 2018. É com muito orgulho que estamos fazendo esse grande investimento no Brasil, com foco no mercado exportador, contribuindo para a balança comercial brasileira, gerando empregos, melhorando a qualidade de vida e promovendo o desenvolvimento local, regional e do país”, disse o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, na época do anúncio do projeto de expansão. Já no caso da Eldorado, o investimento previsto na nova linha será de R$ 8 bilhões. A capacidade instalada de 1,7 milhão de toneladas deve passar para 4 milhões de toneladas de celulose ano e o maciço florestal para atendê-la deve ser ampliado dos atuais 200 mil hectares para 350 mil hectares. Somente para a obra deverão ser contratados 20 mil trabalhadores, e o quadro de colaboradores da empresa, atualmente em 4,5 mil deve subir para aproximadamente 5 mil.
O empreendimento também será autossuficiente em energia e terá um excedente na cogeração de 170 MW/h, que será vendida para o sistema elétrico nacional e que é suficiente para alimentar, conforme a empresa, uma cidade de mais de 630 mil habitantes por um ano. “Com o início das obras da nova linha, a Eldorado dá um passo fundamental para ser uma das líderes do setor de celulose do mundo, com competitividade e sustentabilidade em todas as etapas do processo”, destacou o presidente da empresa, José Carlos Grubisich, no lançamento das obras em junho deste ano.
Os investimentos da Fibria e Eldorado na ampliação das atividades em Três Lagoas equivalem a 106% do PIB Industrial de Mato Grosso do Sul atual ou 21% do PIB do estado total, estimados para 2015. Quando entrarem em operação, o Valor de Transformação Industrial (VTI) das duas novas unidades, que é uma proxy para contribuição direta ao PIB, deverá ser de aproximadamente R$ 3 bilhões. Já em relação ao PIB Industrial estimado para 2018 (R$ 18,7 bilhões), o incremento proporcionado pelas novas linhas das duas plantas deverá ser próximo de 16%, enquanto que o impacto sobre o PIB do segmento de celulose e papel, também estimado para 2018 (R$ 4,9 bilhões) deverá ser de 61%”, projeta o coordenador da unidade de Economia, Estudos e Pesquisas (Uniep), do Sistema Fiems. O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento do estado destaca que com a concretização dos investimentos é preciso melhorar a infraestrutura logística para o setor. Neste sentido, um dos principais aspectos é a melhoria das estradas vicinais, por onde transitam os caminhões que levam a matéria-prima da área rural para as industrias. “Neste sentido, encaminhamos ao BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] um projeto para a reforma de pontes e manutenção das principais estradas vicinais, que foram indicadas pelas próprias empresas”, comenta.
Verruck também destacou que o governo do estado tem mantido conversas constantes com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para que a BR-262, seja mantida sempre em boas condições, enquanto não ocorrer a concessão para a iniciativa privada e a duplicação da via, assim como discute com a Rumo ALL, para melhorar as condições da malha ferroviária na região e trabalha para retomar e ampliar o transporte pela hidrovia do Paraná-Tietê, que foi interrompido em maio do ano passado, em razão da estiagem que reduziu o volume de água dos rios. Já o diretor-executivo da Reflore-MS lembrou que outro aspecto que precisa ser melhorado para estimular ainda mais o setor é o da infraestrutura das cidades que recebem os investimentos. “Os municípios precisam de uma estrutura melhorar. Precisam de mais saúde, mais educação, segurança pública e lazer para atender as pessoas de outros estados que vem para Mato Grosso do Sul para trabalhar nestas empresas”, destacou.
Em meio a esse processo, a expansão fomenta expectativas ainda mais positivas na população local. “Os recentes anúncios da ampliação das empresas de celulose em Três Lagoas vieram em um excelente momento e projeta a cidade e o estado para fora da crise que o pais enfrenta atualmente. Essas notícias trouxeram grande expectativa e são bem-vindas para todos nós. Particularmente, vejo que tomei as decisões certas anos atrás e me sinto ansioso em me preparar para as novas oportunidades de crescimento interno que estão surgindo”, diz Raferson Michel Marques Gomes, de 23 anos, que foi recentemente promovido a analista de planejamento e controle de Produção da Fibria.
Já outro colaborador da empresa, Alex Araújo Guedes, de 28 anos, destaca a oportunidade de crescimento para a cidade. “Eu tenho uma boa expectativa para nossa cidade com essas ampliações, pois irá aumentar a quantidade de empregos no setor e, consequentemente, surgirão novas empresas para atender as necessidades da fábricas, gerando ainda mais empregos para a população de Três Lagoas”, comenta o técnico de desenvolvimento da companhia. tópicos: Mato Grosso do Sul, Três Lagoas

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