quinta-feira, 13 de agosto de 2015

13/08/2015 - 09:12

Para economista, degradação ambiental coloca em risco avanços conquistados contra exclusão social De Brasília – Lucas Bólico
“Exclusão social, o que temos a ver com isso?”. A questão pode até parecer simples de responder. Não para o professor de economia Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do IBGE, diretor do BNDES e ambientalista, membro do conselho diretor da WWF Brasil. A reflexão sobre o tema durou mais de uma hora, na noite desta quarta-feira (12), durante a abertura do 9º Encontro de Jornalistas da Fundação Banco do Brasil, em Brasília, evento em que Olhar Direto/ Agro Olhar participa até sexta-feira (14), a convite da organização. Para o especialista, todos os avanços obtidos nos últimos anos no combate às desigualdades sociais estão correndo risco de sucumbir em pouco tempo. Vianna traz a questão ambiental para o epicentro da discussão sobre desigualdade social e enxerga na alteração climática um dos maiores riscos não para o avanço do combate às diferenças, mas em uma perspectiva mais alarmante, identifica nela o ponto de partida para o retrocesso de tudo o que já foi conquistado até aqui. “O impacto ambiental provocado pelos ricos, penaliza centenas de milhões de pobres. Os lugares vulneráveis são os mais baratos e quem mora nos lugares mais baratos?”, argumenta. Mais imigrantes O desequilíbrio financeiro é um dos principais motivos da imigração nos dias atuais. Recentemente, o Brasil, incluindo Mato Grosso, começou a receber haitianos que tentam ganhar a vida longe do país de origem. Para o economista, esse fluxo só tende a aumentar com as alterações climáticas e o maior desequilíbrio de recursos naturais. “Podem se preparar”, adianta. As discussões da causa e efeito da degradação ambiental são feitas em nível global, em busca de uma agenda que deve contar com a colaboração de todas as partes do mundo. “Pela primeira vez a humanidade vai ter que ser humanidade”, alega. “Vamos começara encarar o problema agora ou vamos deixar para as futuras gerações. Nós amamos as nossas futuras gerações ou pensamos só na nossa? Isso define o tipo de ser humano que somos”, provoca. No Brasil, desmatamento e queimadas, muito comuns em MT, precisam ser reduzidos drasticamente. E apesar da discussão ser global, as conseqüências serão sentidas em cada país, estado e cidade de uma forma. Na sociedade brasileira, em que a desigualdade social é enraizada, as conseqüências de um agravamento seriam terríveis. Além de medidas emergenciais sobre a degradação ambiental, em uma perspectiva de longo prazo, Vianna defende o conhecimento como base para o rompimento das desigualdades no país. “Temos que dar valor ao conhecimento. Conhecimento é um bem que se pode dividir sem expropriar de ninguém. Não tem caminho simples”. O conhecimento que o economista se refere é a aplicação no dia a dia de saídas inteligentes para a solução de problemas de maneira sustentável, por meio da tecnologia social. A Fundação Banco do Brasil, organizadora do evento, tem atuado em todo o país com incentivando esse tipo de ação. Somente em 2014, segundo o presidente da Fundação, José Caetano de Andrade Minchillo, R$ 296, 4 milhões foram investidos em áreas sociais, dos quais R$ 254,9 mi foram direcionados a inclusão socioprodutiva, priorizando agroecologia, agroindústria, resíduos sólidos, educação e água.

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