quinta-feira, 9 de maio de 2013

Prejuízos com ferrugem na soja somam US$ 25 bi; destaque é em MT

Prejuízos com ferrugem na soja somam US$ 25 bi; destaque é em MT 09/05/2013 12:39 A falta de um controle adequado da ferrugem asiática, praga que afeta a lavoura de soja, já causou prejuízos de US$ 25 bilhões desde a safra 2003/2004 na produção da oleaginosa. A informação é de Silvésio de Oliveira, representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na audiência pública realizada, hoje, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, para discutir os impactos socioeconômicos da doença na cultura da soja. Ele destacou também que apenas em Mato Grosso as perdas alcançaram cerca de US$ 1 bilhão na safra passada. Isto representa, dependendo da variedade da semente, 15 sacas a menos na comercialização do produto, comprometendo, em média, quase 30% da renda do agricultor. “Se Mato Grosso produz um terço da soja do país, pode-se dizer que a produção de soja no país inteiro teve um prejuízo de US$ 3 bilhões na safra passada”, afirmou o representante da CNA. Segundo ele, a ferrugem asiática tem prejudicado não apenas a produção, mas a geração de empregos, a economia dos municípios e a pecuária, na qual a soja é utilizada na criação e alimentação de animais. Diante deste quadro, ele defendeu mais agilidade por parte do Governo na liberação do registro de novos agroquímicos, especialmente os fungicidas, que costumam ser mais utilizados no combate à ferrugem asiática. “É preciso ampliar a quantidade de produtos no mercado porque os que estão disponíveis estão perdendo eficácia”, justificou. A maior dificuldade relatada pelos agricultores está na resistência adquirida pela ferrugem asiática ano após ano. O que, segundo estudiosos, demanda agilidade do governo no momento de avaliar e liberar a utilização de novos agrotóxicos. “Até mesmo os fabricantes sentem o mesmo desconforto dos produtores, porque sabem que determinados princípios ativos já não solucionam mais como deveriam ser. A ferrugem cria resistência aos remédios de forma muito rápida, as mudanças estão acontecendo e não estamos tendo como solucionar em tempo hábil”, disse o senador Blairo Maggi, que requereu a audiência. A gerente-geral de Toxologia da Anvisa, Ana Maria Vekic, explicou que há no Brasil grande cautela com a identificação de produtos cancerígenos. E, que isso reflete no tempo de pesquisa e análise de substâncias químicas que serão utilizadas na formulação de agrotóxicos. Ela destacou também que fica difícil aproveitar as pesquisas já concluídas em outros países pois existem diferenças de regulamentação entre as localidades. “A regulamentação da Europa, por exemplo, foi concluída em 2011 e tem as mesmas restrições que o Brasil para a utilização dessas substâncias e a nossa legislação é de 1989 (Lei 7.802). O resultado que vem lá de fora pode nos indicar uma necessidade de reavaliação, mas não é suficiente para que tomemos decisões”, disse. Outro ponto destacado por Vekic é com relação ao resultado da mistura de ‘dois ou três produtos químicos’. Há na Anvisa, de acordo com ela, receio de que essa mistura resulte em uma resistência ainda maior da ferrugem em pouco tempo. Substâncias em análises Na audiência a Anvisa destacou informações sobre a análise de novas substâncias. O componente químico fluxapiroxade, de acordo com resultados levantados até o momento, pode ser considerado cancerígeno, o que representa impeditivo para o registro. E, ainda em processo de avaliação, consta o benzovindiflupir. Perda de tempo Segundo o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), Eduardo Daher, a fila, no Brasil, para registro de defensivos agrícolas leva em torno de 11,7 anos. “Nós fazemos pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas que resultarão em remédio para as plantas. E temos contabilizado um fracasso porque tem reduzido dramaticamente o volume de aprovações de novas moléculas. Nossa legislação é de quase 30 anos atrás, o que nos leva a uma reflexão de que talvez isso já esteja meio caduco e tenhamos que fazer uma regulamentação desse processo”, sugeriu. Daher mostrou a legislação que regula o tempo para registro ou reavaliação de registro de novas substâncias, estipulando o prazo de 120 dias. De acordo com estatísticas apresentadas, esse prazo, chega durar 48 meses. “É absolutamente irreal. Estamos falando do urgente-urgentíssimo, e vamos começar a nos atropelar na própria fila do processo regulatório para essas substâncias novas”. Histórico Em 1970, de acordo com o representante da Aprosoja Brasil e ex-pesquisador da Embrapa, Tadashi Yorinoli, o Brasil tinha 1 milhão de soja por hectare. E o primeiro desafio, segundo relata, ocorreu na safra de 1971/1972, quando toda a soja plantada no país era importada do Mississipi e Flórida (EUA). “Por descuido, na época não tratamos aquelas sementes e tivemos o primeiro impacto da perda por doença. De lá para cá não tivemos um ano sem novidade”. Segundo relata, a ferrugem asiática pode ser levada por meio do vento, o que facilita o trânsito da doença entre países distintos e constante necessidade de adequação de substâncias capazes de eliminá-la. “Em 2001, de 50% a 60% da área do Brasil já estava infectada com a ferrugem”, contou. Yorinoli lembra que o solo do Brasil é o pior do mundo em termos de fertilidade. Ainda assim, após muita pesquisa, foi possível alcançar o alto padrão no setor de agronegócio. Daí, a necessidade de controle imediato da ferrugem asiática, principal doença da cadeia produtiva de soja do país. (Atualizada às 14h25) Fonte: Só Notícias com assessoria

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