terça-feira, 29 de abril de 2014

Aperto nas margens com soja na China são de curto prazo, diz CEO da Bunge

Aperto nas margens com soja na China são de curto prazo, diz CEO da Bunge 29/04/14 - 09:39 As margens apertadas com o esmagamento de soja na China, que têm até levado a cancelamentos de compras do grão exportado pelo Brasil, são de curto prazo e devem se normalizar em dois ou três meses, projetou o presidente da Bunge, uma das maiores empresas do agronegócio global. "As margens na China são ruins para todo mundo", disse o presidente Soren Schroder, em visita ao Brasil. "Mas este é um problema de curto prazo." Ele afirmou que as margens defasadas de processamento devem durar apenas mais dois ou três meses, sem elaborar uma justificativa. Importadores da China, o maior comprador global de soja, já deram calote em pelo menos 500 mil toneladas em carregamentos de soja do Brasil e dos EUA nas últimas semanas, em meio ao arrefecimento da demanda e o aperto de crédito na China, segundo fontes do mercado asiático. Na terça-feira, a Abiove, associação que representa as grandes empresas do setor da soja no Brasil, reduziu em 1 milhão de toneladas sua projeção de exportações do grão este ano pelo país, devido a um pequeno arrefecimento da demanda chinesa. Em um jantar com jornalistas em Barcarena (Pará), onde a Bunge inaugura nesta sexta-feira o terminal de exportação de um complexo logístico de 700 milhões de reais, Schroder se mostrou tranquilo em relação à oscilação do mercado chinês: "Isso acontece todo ano. Mas a tendência (da demanda chinesa no longo prazo) é sempre de alta." O novo presidente da Bunge no Brasil, Raul Padilla, que assume o cargo na próxima semana, garantiu que não houve nenhum calote ou cancelamento de compra de soja brasileira exportada pela empresa. "Não houve nenhuma perda", disse ele, ressaltando que a Bunge do Brasil vende soja para a divisão chinesa da empresa. A soja brasileira é usada pela Bunge para abastecer 5 unidades de esmagamento da companhia na China. NOVO TERMINAL O encontro de executivos da Bunge em Barcarena, uma cidade às margens da baía de Marajó, teve um tom de celebração, poucas horas antes de a presidente Dilma Rousseff desembarcar na cidade para inaugurar oficialmente o novo terminal exportador da empresa. "Essa rota é extremamente estratégica para o país. Estamos muito orgulhosos", disse Pedro Parente, que deixa a presidência da Bunge no Brasil ao final do mês. De fato, ao despachar seu primeiro navio com soja, no sábado, o terminal de Barcarena estará abrindo uma nova rota logística para um país que sofre com gargalos e custos elevados neste setor. O complexo inclui um terminal de transbordo em Itaituba (PA), a mil quilômetros de distância de Barcarena, que vai receber a soja de caminhões que cruzam a BR-163 no Pará, ainda sendo asfaltada. Daquele ponto em diante, o transporte da soja será feito em barcaças pelos rios Tapajós e Amazonas, reduzindo em cerca de um terço o custo do frete entre as fazendas do norte de Mato Grosso e os navios. A expectativa é de que quase uma dezena de empresas se instalem na região nos próximos anos, operando de maneira similar à Bunge. Parente disse que as reduções de custos deverão ser sentidas pelos produtores rurais, com a oferta de preços mais competitivos pelos grãos. "O nosso objetivo é aumentar market share", disse o executivo, ressaltando que a empresa conta com a operação de rotas mais eficientes e baratas, como a de Miritituba-Barcarena, para poder conquistar espaço ainda maior entre os fornecedores. A Bunge hoje já é a maior exportadora do agronegócio brasileiro e a terceira maior do país, perdendo apenas para Vale e Petrobras, em receita com vendas para fora do país. Com os novos quatro milhões de toneladas anuais de capacidade do terminal de Barcarena, a Bunge deve atingir uma capacidade de exportação de 35 milhões de toneladas de grãos por ano. Reuters Autor: Gustavo Bonato

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