segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Boi em falta
Rebanho dos EUA começa a se recuperar, mas ainda está no patamar do dos anos 50
O rebanho dos EUA parou de diminuir. Neste início de ano, estava em 89,8 milhões de cabeças de gado, acima dos 88,5 milhões de igual período de 2014.
Mesmo assim, os dados desses dois últimos anos são os menores em 63 anos, informou nesta sexta-feira (30) o Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).
O problema para os amantes da carne bovina é que não são apenas os norte-americanos que têm dias difíceis na pecuária. Boa parte dos principais produtores começa 2015 com redução na oferta.
A MLA (Meat and Livestock Australia) mostrou nesta semana que a Austrália inicia o ano com 26,8 milhões de cabeças de gado, 9% menos do que em 2014. Pior, em 2020 os australianos terão um rebanho 2% inferior ao de 2014.
O Brasil, detentor do maior rebanho comercial, próximo de 210 milhões de cabeças, continua com oferta reduzida de gado para abate.
A Argentina, líder em exportações no passado, começa a ter uma discreta recuperação, mas o rebanho, de 51 milhões de cabeças, é baixo para os padrões tradicionais.
A Índia tem o maior rebanho numérico: 301 milhões de cabeças. Mas, por questões religiosas, a produção de carne do país é bem inferior às do Brasil e dos EUA.
As exportações de carne de búfalo dos indianos vêm crescendo e ocupando parte do espaço dos australianos. A expansão deverá continuar.
A União Europeia inicia o ano com um rebanho estável de 88 milhões de cabeças, mas a produção de carne deverá recuar 2%, para 8 milhões de toneladas.
Dois países, entre os que vão elevar a oferta de carne bovina neste ano, são os vizinhos Paraguai e Uruguai. Os rebanhos desses dois países, no entanto, são pequenos.
O do Paraguai cresce e já atinge 13 milhões de cabeças. Já o do Uruguai está estável, em 12 milhões. Os paraguaios ainda têm espaço para crescimento, embora limitado. Os uruguaios agora dependem da utilização, cada vez maior, de tecnologia para ter uma alta na produção de carne.
Queda de rebanho significa menor oferta de carne e preços elevados. O exemplo dos dois líderes em produção e exportação, Brasil e Estados Unidos, é elucidativo.
Os EUA produziram 11 milhões de toneladas de carne bovina no ano passado, 8% menos do que em 2010. Grande consumidor, o país elevou em 24% a importação. O consumo caiu 9% no período.
O cenário atual de redução de oferta mundial fez o Brasil conseguir receitas recordes com as exportações, principalmente devido à alta dos preços externos.
Mas as negociações externas se refletiram nos preços internos, que atingiram valores recordes. O resultado foi um aumento médio per capita de 2,2% no consumo de carne de frango em 2014.
Jerry O'Callaghan, do JBS, acredita que o rebanho norte-americano "vira e volta a crescer a partir deste ano, devido ao aumento de vacas e do nascimento de bezerros".
Já José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, diz que essa tendência de queda de rebanho é mundial e deve chegar até ao Brasil.
O caminho a partir de agora é obter cada vez mais ganho de produtividade.
Na avaliação de Ferraz, o Brasil ainda tem um caminho longo para percorrer no aumento de tecnologia e elevação de produtividade.
E essa tendência mundial de redução de rebanhos vai manter os preços externos da carne bovina em patamares elevados, segundo ele.
Data de Publicação: 02/02/2015 às 10:30hs
Fonte: Folha São Paulo
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