segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O confinamento e o futuro da pecuária brasileira

02/02/15 - 07:59 O volume de animais confinados no Brasil deverá mais do que dobrar nos próximos dez anos, superando as 9 milhões de cabeças até 2023. A estimativa é do Rabobank. Confirmando essa expectativa, a pecuária de ciclo curto crescerá dos atuais 10% para pelo menos 15% do total de bovinos abatidos por ano. O confinamento é uma tecnologia importante para o contínuo crescimento da pecuária brasileira, que passa por um consistente processo de profissionalização. A atividade convive com intensos investimentos em melhoramento genético, objetivando aumentar a produtividade, contando para isso com nutrição e controle sanitário cada vez mais eficazes. Assim, os bovinos ganham peso mais rápido, se desenvolvem mais em menos tempo e estão prontos para a terminação mais cedo. O confinamento é o toque final, que dá o correto e necessário acabamento da carcaça em termos de peso e teor de gordura. Com isso, a indústria frigorífica tem à disposição carcaças pesadas e com carne de alta qualidade, que agrega valor e é desejada pelos mais exigentes consumidores do Brasil e dos demais 150 países para os quais exportamos. Não se pode esquecer que a cadeia da carne bovina no Brasil enfrenta uma série de desafios da porteira para fora. O rebanho está migrando a passos rápidos para o Centro-Oeste e o Norte do país, regiões de terras mais baratas. Além disso, o sempre presente desafio ambiental exige que os pecuaristas produzam mais em áreas menores. O confinamento é a resposta para essa equação, pois potencializa a produção em áreas restritas e em menos tempo. Um exemplo de peso: contando com menos de 90 milhões de bovinos, os Estados Unidos produzem quase 12 milhões de toneladas de carne bovina por ano. O Brasil tem mais de 200 milhões de cabeças e fechou 2014 com cerca de 10 milhões de toneladas de carne. Nos EUA, o confinamento responde por mais de 90% da produção. O governo brasileiro dá sinais de entender a importância do confinamento. O mais recente Plano Agrícola e Pecuário instituiu linha de crédito de custeio para compra de animais. O limite de crédito passou a R$ 1,1 milhão por produtor. Aliado a isso, o cenário atual é de redução dos preços dos grãos, que se tornam, assim, mais atraentes para consumidores, contribuindo para reduzir custos de produção e impulsionando o confinamento. Também é preciso ressaltar o bom momento da pecuária com o aumento da arroba do boi gordo em 2014. Tenho confiança que, a curto prazo, os preços manterão a tendência de alta, o que torna a produção intensiva mais atrativa. O cenário está propício à obtenção de retorno econômico dos pecuaristas. O confinamento potencializa esse lucro. Por Eduardo Moura, presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) A Tribuna

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