quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Pesquisadores visitam produtores de trigo no RS e SC

29/10/15 - 14:50 A aproximação com parceiros na produção de sementes levou um grupo de pesquisadores da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS) a visitar produtores no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina O giro do trigo começou no final de setembro, na Região Noroeste, e encerrou no final de outubro, no oeste de Santa Catarina . Na área de abrangência da Coopatrigo (São Luiz Gonzaga, RS), que atende 13 municípios nas missões, cerca de 70 mil hectares foram cobertos com trigo nesta safra. Estima-se que 30% das lavouras foram atingidas pela geada, o que resultou em grande variação nas produtividades, com rendimentos entre 28 a 65 sacos por hectare (sc/ha). “A média geral deverá ficar em 35 sc/ha, ainda assim melhor do que no ano passado, quando ficamos com 20 sc/ha na média”, avalia o agrônomo da Coopatrigo Marcos Pilecco. Para o colega Fábio Haushi, a qualidade nas primeiras lavouras colhidas foi considerada boa, com PH 82, dentro do padrão aceito pelo mercado, porém a instabilidade dos últimos dias pode afetar esse índice: “com a previsão de chuva, muitos produtores colhem com umidade acima de 20%, quando o indicado é deixar secar no campo até 12%”. O produtor Cléo Pieniz investiu em 332 hectares no município de São Luiz Gonzaga, com expectativa de colher 60 sc/ha. “Plantamos no final de julho e após a semeadura foram 20 dias de seca, o que atrasou bastante o ciclo, mas no final acabou sofrendo menos com a geada. Então só nos resta esperar para o melhor momento da colheita”, diz Pieniz. Nos experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo em Três de Maio (RS), a geada não foi muito intensa e o que chamou a atenção dos pesquisadores foi a volta da brusone e a incidência de mosaico. “Nas parcelas de pesquisa a brusone atingiu entre 5 a 10% do trigo, um índice baixo mas que exige mais atenção na escolha de cultivares menos suscetíveis”, conta o pesquisador Ricardo Lima de Castro. Na Sementes Ponteio, em Pejuçara (RS), foi a falta de luminosidade que afetou o desenvolvimento do trigo cultivado em 780 hectares. “A chuva contínua impediu as operações de adubação nitrogenada e o controle do azevém, mas de forma geral conseguimos manter uma boa lavoura, com incidência de geada apenas nas áreas de baixadas e próximas à vegetação nativa”, avalia o produtor Ronaldo Bonamigo. A expectativa é colher entre 50 e 60 sc/ha. Com produção de sementes em Condor (RS) e Santo Augusto (RS), os primos Alexandre e Leandro Van Ass acreditam no potencial das lavouras que podem render 50 sc/ha na média. “Apesar dos problemas com mosaico, bacteriose e giberela, as plantas se recuperaram bem e o trigo apresenta agora espigas grandes e cheias que mostram alto potencial de rendimento”, explica Leandro Van Ass. A experiência de 75 anos do Grupo Uggeri e a estrutura de recebimento para um milhão de sacas em sete unidades de beneficiamento garante a calma do produtor Elson Uggeri, de Ijuí (RS), para falar sobre danos causados pelo clima: “na região de Ijuí a quebra por geada na floração do trigo deverá chegar a 40%, mas ainda é cedo e só será possível falar em perdas depois de contabilizar a colheita. Como o trigo ainda não está pronto, a preocupação maior é com a chuva na colheita, já que a qualidade no trigo é até mais importante do que o rendimento”. Na seleção de cultivares para cobrir 300 hectares com trigo, Uggeri priorizou a sanidade, principalmente com relação à bacteriose, manchas e viroses, os problemas mais comuns na região. “Semeamos apenas três cultivares, com base no conhecimento do histórico de doenças e na previsão de umidade no inverno”, conta o produtor que espera colher, ao menos, 35 sc/ha. O pesquisador Márcio Só e Silva observa que cultivares com ciclo mais tardio sofreram menos com a geada: “O desenvolvimento vegetativo mais longo, associado a atrasos na semeadura e vários dias sem chuva logo após a implantação da lavoura, deixaram a planta mais preparada para suportar a geada, já que o trigo ainda não estava na fase mais crítica que é a floração. Mesmo onde a geada causou danos, não verificamos, nos produtores visitados, a morte de espigas, mas apenas falhas na granação”. A última viagem da equipe aconteceu nos dias 22 e 23/10, na região de Campos Novos/SC e de Vacaria/RS. “Nesta região mais fria, a colheita acontece no final de novembro, então ainda é cedo para estimar resultados da safra, mas as lavouras visitadas apresentam um bom padrão, com potencial para 80 sc/ha em Vacaria e mais de 60 sc/ha em Campos Novos”, conta o Chefe Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto. Na Copercampos (Campos Novos, SC), o diretor Laerte Thibes Junior relatou problemas com a fertilidade do solo e a dificuldades de convencer os produtores a investirem na rotação de culturas. Segundo Laerte, muitas áreas ficam descobertas no inverno, prova disso é o recebimento de 70 mil sacas de trigo a cada safra de inverno, frente a 2 milhões de sacas de soja no verão. Para minimizar o problema, estão previstos experimentos de pesquisa na conservação e fertilidade do solo na área experimental da cooperativa, com ações conjuntas entre Embrapa Trigo e Copercampos que deverão começar em 2016. Na região de Vacaria (RS), reconhecida no setor produtivo como local dos mais altos rendimentos no trigo em função do clima e atributos do solo, as lavouras entraram na fase de espigamento, o que exige o maior acompanhamento técnico para identificar o melhor momento no uso de defensivos. O monitoramento da lavoura faz parte da rotina diária na Sementes com Vigor, onde pai e filho – Raul e Pedro Basso – já controlam os primeiros sintomas da giberela. Na produção de sementes de trigo, distribuídas em oito diferentes cultivares nesta safra, são efetuadas ente 2 a 5 aplicações de fungicidas. A colheita prevista para meados de novembro deve ficar um pouco abaixo dos 90 sc/ha alcançados pelos produtores da região em 2014. O giro do trigo contou com três equipes e mais de 20 profissionais da Embrapa Trigo e do escritório de Passo Fundo da Embrapa Produtos e Mercado. O objetivo foi valorizar as parcerias, levantando demandas e oportunidades no setor sementeiro. Embrapa

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