sexta-feira, 26 de abril de 2013

Campo se apoia na ciência para aumentar a produção e melhorar a produtividade

Campo se apoia na ciência para aumentar a produção e melhorar a produtividade 26/04/2013 14:27 No território das pesquisas agrícolas, um dos grandes desafios é se adiantar à ocorrência de pragas e novas doenças, já que correr atrás do prejuízo é sinônimo de perdas. De maneira geral, o melhoramento surge da necessidade do produtor, normalmente em busca de maior resistência, menor necessidade de uso de produtos químicos, redução nos riscos de perdas e, por fim, maior qualidade na produção das lavouras. "É preciso entender antes o que vai virar problema. Isso se faz com o trabalho de pesquisa, de diálogo. É assim que a ciência consegue antever", explica Cleiton Steckling, especialista da área de melhoramento genético de soja da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL Tecnologia). O trabalho prévio, ressalta Steckling, é fundamental: o tempo para colocar no mercado uma nova maneira de cultivar é, em média, de 10 anos. É o prazo para um processo que começa com o desenvolvimento dos produtos em empresas públicas e privadas e passa por uma série de testes antes de obter registro no Ministério da Agricultura. Só com a autorização do governo federal a semente poderá ser multiplicada e oferecida para a venda aos produtores. Desenvolver novas variedades é uma atividade necessária, mas custa caro, ressaltam os pesquisadores. Segundo o líder de melhoramento de soja da Monsanto, Claudiomir Abatti, o valor investido em apenas uma cultivar pode superar a barreira de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões). "É um processo de melhoria contínua, em que o pesquisador também precisa contar com um pouco de sorte", observa Abatti. Sem tecnologia, agrotóxico é liberado O Rio Grande do Sul teve poucos casos, mas uma lagarta que ainda não havia sido identificada no Brasil causou prejuízos nesta safra aos produtores de soja e algodão em outros Estados e provocou perdas estimadas em mais de R$ 2 bilhões nas duas culturas. Sem uma solução efetiva para a safra deste ano, o Ministério da Agricultura autorizou, em caráter emergencial, o uso de cinco agrotóxicos para conter o avanço da praga. Uma das expectativas é de que a nova tecnologia desenvolvida pela Monsanto, a Intacta RR2 Pro, tenha resistência à lagarta e chegue ao mercado no próximo ciclo. De acordo Claudiomir Abatti, líder em melhoramento de soja da empresa, estão sendo finalizados estudos para observar a resistência da nova cultivar. A Monsanto ainda aguarda autorização de comercialização da China, principal importador da soja brasileira, para lançar a nova tecnologia para a variedade. Resistente ao excesso de água Na busca por melhor aproveitamento das áreas do Estado, uma demanda que ganhou força recentemente é a por informações sobre o desempenho de cultivares em área de várzea. Para a próxima safra, graças a uma parceria entre o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Cooperativa Central Gaúcha (CCGL Tecnologia), o produtor de soja terá mais garantias para o cultivo nesses espaços. O convênio permitiu diminuir pela metade o tempo entre o desenvolvimento e o lançamento da TEC Irga 6070RR. O grande diferencial está na maior resistência ao excesso de água. Cláudia Lange, pesquisadora na área de melhoramento de soja do Irga, estima que a nova cultivar permita uma redução de 30% nas perdas quando comparado a outras variedades. Trigo com mais qualidade Uma pesquisa de mais de 20 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que será lançada comercialmente em 2014, promete um novo patamar no rendimento e na qualidade dos grãos. Pedro Luiz Scheeren, pesquisador da área de melhoramento genético de trigo da Embrapa, empolga-se ao falar nas cinco toneladas por hectare e na força média de glúten (proteína que auxilia no crescimento da massa do pão) de 330 jaules que a variedade BRS Parrudo deve render. Atualmente, assegura Scheeren, uma lavoura de destaque consegue no máximo quatro toneladas e 250 jaules de força de glúten. A cultivar está em fase de produção de sementes e a expectativa é de que a nova variedade domine, nos próximos três anos, entre 15% e 20% da área cultivada com o cereal no Rio Grande do Sul, estimada pela Conab em 976,2 mil hectares. Fonte: Zero Hora

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