sexta-feira, 5 de abril de 2013

Mato Grosso lidera consumo de agrotóxicos

Mato Grosso lidera consumo de agrotóxicos 05/04/2013 07:49 No Brasil uma pessoa consome em média 5,2 litros de agrotóxicos todos os anos. Em Mato Grosso, o valor médio desses produtos químicos utilizados nas lavouras e que acaba no organismo das pessoas é de 40 litros. Como o país que lidera o ranking mundial de consumo de agrotóxicos, os efeitos já podem ser vistos com o aumento de fetos com má-formação e câncer no país. Em países como Japão, Canadá, Estados Unidos e Índia vários agrotóxicos já foram banidos. No Brasil a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida luta para que 12 inseticidas já banidos em outros países sejam retirados do mercado brasileiro, pois têm como efeitos surgimento de cânceres, alta toxidade e problemas neurológicos. Dois agrotóxicos já tiveram seu banimento aprovado, porém, os efeitos tendem a piorar com o atual manejo utilizado na agricultura em Mato Grosso. Pesquisas anteriores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já haviam mostrado a contaminação por agrotóxicos no sangue dos moradores de Lucas do Rio Verde (350 km de Cuiabá) e até no leite materno. Para o médico e professor da UFMT, Wanderlei Pignati, a grande produção agrícola do Estado trouxe a contaminação das pessoas por agrotóxicos. “Mato Grosso é campeão em produção agrícola, mas também é campeão em uso de agrotóxicos no país que mais consome esse tipo de produto químico no mundo”. O professor enfatiza que as mudanças estão vindo de outros países e caso o Brasil não se adeque o produto exportado não terá mais validade no mercado internacional, como no caso dos 2 navios carregados de soja que não foram aceitos na China esse ano por causa do uso de agrotóxicos. Também é alarmante a taxa de fetos com má-formação, principalmente nas cidades onde há o cultivo de soja, milho e algodão. No Brasil, a cada mil nascidos 3 apresentam o problema. Em Mato Grosso, a média a cada mil nascimentos é de 14 e em alguns municípios no Estado chega a 22 fetos com má-formação em mil. O aumento dos problemas de saúde relacionados ao uso sem restrições de agrotóxicos mostra o ritmo acelerado desse mercado que cresceu 190% em 10 anos. Outro fator que contribui para que em 2012 fossem consumidos um bilhão de litros de agrotóxicos no Brasil é que a quantidade aplicada por hectare também aumentou, principalmente no cultivo de hortaliças. Como resultados, nas regiões onde há fazendas de monoculturas são comuns os casos de intoxicação que podem ser leves, apresentando vômitos, cólicas, desmaios, dor de cabeça e convulsões, até as mais graves que causam a alteração dos batimentos cardíacos, dermatites, cânceres, Doença de Parkinson, além de lesões no fígado e rins. Outro ponto destacado pelo médico é que não há fiscalização sobre as áreas de aplicação dos agrotóxicos que deve ter um espaço de 90 metros de áreas urbanas, fontes de água potável e criações de animais. O descumprimento da legislação traz ainda mais problemas para as cidades, com a contaminação das nascentes de água e dos animais, além dos agrotóxicos que são carregados pelo vento e podem se estender por quilômetros. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) foram contatados pela reportagem mas não quiseram se manifestar sobre o assunto. Fonte: A Gazeta (foto: assessoria/arquivo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário