sábado, 1 de junho de 2013

Desafio aos empresários

Desafio aos empresários Garrido Fragoso e Casimiro José | Wako-Kungo 1 de Junho, 2013 O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, anunciou ontem no Wako Kungo que o Executivo vai apoiar 2,6 milhões de famílias camponesas na produção de cultur O Vice-Presidente da Republica, que presidiu à abertura do Fórum do Sector Produtivo e Empresarial que decorre até hoje no Wako Kungo, disse que o Executivo assumiu este desafio como “um compromisso de primeira ordem”. Manuel Vicente afirmou que é fundamental apoiar a produção de culturas alimentares tradicionais, destacando as do milho, feijão, mandioca, massango e massambala. O Vice-Presidente da República lamentou o facto do país ser um grande importador de óleo de palma, quando tem condições para produzir o produto em grande escala desde as regiões do litoral ao interior do país. Manuel Vicente anunciou que o Executivo está a desenvolver um programa de fomento e reabilitação da cadeia produtiva do palmar. O Vice-Presidente da República recomendou o relançamento da cadeia produtiva do café, indicando que no Kwanza-Sul existem mais de seis mil famílias e 272 empresas dedicadas à cafeicultura. Manuel Vicente indicou que o país produz actualmente 12 mil toneladas de café por ano. Considerou esta produção insuficiente para o potencial que o país tem nesse domínio. Por isso, incentivou as famílias e as empresas cafeicultoras a apostarem mais na modernização das técnicas de produção para melhorar a produtividade das plantações. Produção de carnes O Vice-Presidente anunciou o aumento da oferta em quantidade e qualidade de produtos como a carne e os ovos. Manuel Vicente garantiu que o Executivo vai definir quotas de importação de carne. O Executivo vai instalar redes de produção de energia eléctrica e água nos principais centros de produção agro-pecuária e infra-estruturas de comercialização e distribuição. Manuel Vicente sublinhou que no Projecto Aldeia Nova, no Wako Kungo, foram produzidos no ano passado 2,4 milhões de ovos, 8,2 toneladas de carne bovina, 47,1 toneladas de carne suína e 204,2 toneladas de aves. “Estes números são ainda insuficientes para garantirmos a auto-suficiência alimentar e a substituição das importações”, disse o Vice-Presidente da República, salientando que o Executivo vai apoiar as iniciativas que visam o aumento da capacidade interna de produção do milho para ração animal, criar incentivos para a implantação de fábricas de produção de vacinas e outros medicamentos veterinários. Aposta nas pescas O Executivo, disse Manuel Vicente, vai apoiar a província do Kwanza-Sul nos projectos de investimento na captura, congelação, salga e comercialização de pescado. Sublinhou que nos últimos dois anos as capturas de pesca artesanal marítima na província atingiram 100 mil toneladas, correspondendo a 35 por cento da captura total do país. O Vice-Presidente salientou que nesta actividade estão envolvidos 50 mil pescadores, e oito mil embarcações de diferentes tipos. Manuel Vicente garante que o Executivo vai aumentar o apoio às 198 comunidades piscatórias marítimas do Kwanza-Sul e fomentar a actividade das grandes empresas de pesca. A Comissão Económica do Conselho de Ministros aprovou, o mês passado, a redução do preço do gasóleo para a actividade de pesca industrial, tal como já acontece em relação à pesca artesanal. O Vice-Presidente disse que o quadro de apoio institucional tem sido feito na base do Programa de Desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas. O objectivo destes programas, explicou, é fomentar a diversificação da economia nacional, substituindo, de forma selectiva e gradual, as importações e aumentar as exportações. Manuel Vicente reconheceu que o sector petrolífero continua a ocupar um lugar de destaque nas fontes de receitas para o Orçamento Geral do Estado. O Vice-Presidente considerou que o crescimento da produção não petrolífera deve ser traduzido também em crescimento da riqueza gerada nestas actividades, criando riqueza para os investidores, felicidade para os trabalhadores e suas famílias, e receitas tributárias e cambiais para o Estado. Corredores rodoviários Em relação às opções estratégias definidas pelo Executivo para a província até 2017, Manuel Vicente destacou ainda o aproveitamento da posição privilegiada dos corredores rodoviários Luanda-Dondo-Huambo e Luanda-Sumbe-Benguela e a aposta na criação de um sector industrial robusto baseado no Pólo Industrial de Porto Amboím e agro-industrial do Wako Kungo. O Vice-Presidente da República anunciou que o Executivo vai apoiar a província do Kwanza-Sul no projecto de relançamento de construção de uma siderurgia. Manuel Vicente garantiu ainda a reabilitação e apetrecho do Hospital Provincial. Temas como “A estratégia para o desenvolvimento e da agricultura, pecuária e culturas industriais”, “Produção pesqueira e salga”, “Políticas de crédito para o apoio ao sector produtivo”, “Comercialização e distribuição” constam dos debates do fórum organizado pelo governo da província do Kwanza-Sul. Visitas de trabalho No cumprimento do programa de trabalho ao Wako Kungo, o Vice-Presidente da República visitou empreendimentos económicos e sociais no município da Cela. Entre os empreendimentos visitados está a Fazenda SEDIAC, vocacionada para a produção e transformação de cereais, o centro logístico da Sociedade “Aldeia Nova” e o Hospital Regional da Cela, que foi reabilitado e ampliado no quadro do Programa de Investimentos Públicos. Com 176 camas, o hospital abre brevemente. O Vice-Presidente da República regressou ainda ontem a Luanda. Motivações do encontro O governador do Kwanza-Sul, Eusébio de Brito Teixeira, considerou a realização do primeiro fórum do sector económico e empresarial um marco importante para os novos desafios que a província do Kwanza-Sul se propõe concretizar para o seu desenvolvimento. Ao discursar na sessão de abertura do fórum, anunciou que a realização desta iniciativa teve como base criar um espaço de partilha sobre as várias situações que conduzem ao estrangulamento do processo produtivo e do escoamento de produtos na província e no país em geral. Um aspecto particular realçado pelo governador tem a ver com a deterioração dos produtos do campo por falta de escoamento, deixando-os cada vez mais pobres. Para alterar esta situação, Brito Teixeira entende que o fórum pode ajudar a debater, de forma aberta, os principais problemas que enfermam o circuito comercial na província e no país. A realização do encontro vai permitir diagnosticar a situação da produção interna e da organização empresarial, identificar os estrangulamentos existentes que condicionam o crescimento da produção pecuária, industrial e pescas, e expor as potencialidades da província aos investidores nacionais e estrangeiros, para captar investimentos que concorram para o desenvolvimento do Kwanza-Sul, sublinhou. Além disso, o fórum vai tornar a província um verdadeiro pólo de desenvolvimento e convertê-la numa região modelo no país, garantindo uma política de provisão e gestão de produtos para a substituição das importações, e proporcionar novas oportunidades de investimentos e de negócios. Brito Teixeira adiantou que o Governo Provincial do Kwanza-Sul concebeu o fórum do sector produtivo e empresarial como um espaço para conciliar as diferentes tendências de opinião, com vista a melhorar o desempenho da economia e do sector produtivo local. O encontro, esclareceu, visa incentivar os produtores locais, com políticas de apoio sustentadas por vários programas de fomento agro-pecuário. Contribuições importantes Do leque de oradores, destaque para o vice-governador provincial do Kwanza-Sul para o sector económico, Mateus Alves de Brito, que apresentou “as oportunidades de negócios e investimentos na província”, e o economista Carlos Rosado, que vai debruçar-se sobre “a relevância do crescimento da economia real no processo de desenvolvimento”. Uma análise crítica às diversas modalidades de crédito disponíveis no mercado angolano e o pacote legislativo sobre o investimento privado está a cargo de Fernando Pacheco, da Acção de Desenvolvimento Rural de Angola (ADRA), enquanto o secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel, apresenta “a estratégia de promoção da indústria transformadora no sector privado”. Temas relacionados com a produção pecuária, ovos, leite e carne, e as culturas industriais – visão crítica sobre a produção do café, são dissertados pelo director adjunto do projecto Aldeia Nova, António Russo, e pelo chefe da repartição municipal da Agricultura do Amboim, Pascoal Miranda. No sector da produção pesqueira, Maria de Lourdes Sardinha, directora Nacional das Pescas, apresenta o tema “Captura, Transformação, Salga e Seca de Pescado – Sector Artesanal vs Industrial”, enquanto no comércio e distribuição, a directora nacional do Comércio Rural, Suzana de Melo, dá a conhecer as estratégias do Estado para o desenvolvimento do comércio rural, logística, transporte e infra-estruturas de apoio aos circuitos de comercialização. As potencialidades e oportunidades para a indústria do turismo, no contexto do desenvolvimento económico, vão ser tema da dissertação do empresário Carlos Cunha. Relançamento do café Os cafeicultores devem relançar a produção de café nas fazendas existentes na província do Kwanza-Sul, tendo em conta a importância desta cultura no desenvolvimento da região, afirmou ontem, no Wako Kungo, o empresário e produtor de café, José Ventura. O empresário lembrou que, nas décadas 60 e 70, a região foi uma das maiores produtoras de café a nível do país, com cerca de 50 por cento do total da produção, e contribuiu para a construção de infra-estruturas sociais e económicas. Segundo o produtor, actualmente, a produção está muito reduzida em relação ao período anterior, por isso, é necessário que os pequenos e médios produtores de café na província se organizem em associações e cooperativas.

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