segunda-feira, 17 de junho de 2013

Milho no sertão

Milho no sertão Milho no sertão 17/06/13 - 06:12 Chega, afinal, por via marítima, o primeiro carregamento de milho para suprir a carência de alimentos para o rebanho bovino do Ceará. Pelo porto do Pecém, 30 mil três toneladas do alimento básico começaram a ser desembarcadas e repartidas pelos municípios por via ferroviária. A estiagem prolongada provoca efeitos danosos em vários setores da economia e, principalmente, aflige a população residente na área rural. A falta d´água para suprimento humano e para os rebanhos é responsável pelos prejuízos impostos à produção primária na agricultura familiar predominante no semiárido nordestino. Esse quadro, em grande parte, decorre ainda do somatório de múltiplos fatores, entre eles, a extrema pobreza em razão dos ganhos ínfimos na agricultura de sequeiro; da cultura caracterizada por produtos de subsistência, concentrada, em grande parte, no milho e no feijão; e da baixa produtividade em virtude dos métodos arcaicos de trabalho. As dificuldades geradas pela insuficiente estação chuvosa dos últimos dois anos serviram para ampliar as discussões em torno do aumento da oferta de água para permitir a mudança no padrão do plantio, dando-se prioridade à agricultura irrigada. Onde há água em abundância é possível construir-se um oásis. A produção irrigada de Petrolina, em Pernambuco, voltada para o mercado externo, confirma a assertiva. Além dessa conjuntura de pobreza, centrada na agricultura de sequeiro, os governantes do Nordeste incorreram num equívoco, porque não aproveitaram a escola pública regular para qualificar agricultores e filhos. Com a maioria de seus municípios dominada exclusivamente pela produção agrícola, era para ter sido instalados cursos técnicos agrícolas, no ensino fundamental e médio, em lugar do currículo livresco dissociado de sua realidade. A oferta de cursos tradicionais nas séries dos ensinos fundamental e médio, nos últimos cem anos, permitiu o esvaziamento das regiões interioranas de lideranças jovens, deslocadas para os grandes centros urbanos. Em suas comunidades faltaram, exatamente, os construtores de novas experiências educacionais comprometidas com a formação de pecuaristas e agricultores. As objeções à vacinação dos rebanhos contra a aftosa demonstram a existência de bolsões de atraso no semiárido regional pela falta de lideranças jovens qualificadas para administrar o meio rural. Por esse motivo, o rebanho bovino vem sendo dizimado, registrando-se o desaparecimento, por inanição, de 400 mil cabeças de gado. O homem do campo, dominado pela agricultura familiar, não costuma acumular alimentos, para a família e seus animais, especialmente em recipientes capazes de conservá-los em suas propriedades nutricionais. Diante da situação de emergência generalizada, enfrentada pela maioria dos municípios do Polígono das Secas, o governo federal prometeu transferir estoques de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para atenuar a falta de alimentos para os animais. A falha na logística prejudicou o deslocamento dos estoques. Os transportadores alegaram, por ocasião dos leilões públicos, pouco tempo disponível para deslocar por terra o milho armazenado como excedente de safras do Centro-Oeste. O milho doado ao Estado está sendo vendido pelo custo de pagar o frete marítimo. Há promessa de carregamentos até dezembro. A providência vem resgatar a pecuária e evitar a elevação dos preços nos gêneros alimentícios. Diário do Nordeste

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