segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Trigo: Novo governo argentino provoca fortes mudanças nos mercados externos





30/11/15 - 11:50 



“A eleição de um governo na Argentina que deverá impulsionar os negócios, ao invés de refreá-los, provocou nesta semana uma verdadeira revolução nos mercados internacionais”. A constatação é feita pelo analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.
“O futuro ministro de Agricultura, Ganadería y Pesca, Ricardo Buryaile anunciou a eliminação do imposto de importação de 23% no trigo e do milho e uma redução de 5%, para 30% no imposto da soja, a partir do primeiro dia de governo, no dia 10 de dezembro próximo”, aponta.
Segundo ele, “a possibilidade de a Argentina colocar no mercado, num prazo relativamente curto, cerca de 3,2 milhões de toneladas de trigo – como a Consultoria Trigo & farinhas vem afirmando há 6 meses – começou por provocar forte pressão de vendas dentro do país, com os preços do MATBA caindo -3,98% somente nesta semana e os preços FOB caindo -2,50%. Mas o preço das farinhas subiu US$ 30/t”.
“Depois disto, provocou também reduções de preço ao redor de US$ 8,00/t na Ucrânia, US$ 8,00/t na Espanha e US$ 9,00/t na França e US$ 10,00/t nos preços do trigo feed ao redor do Mundo, por entender que a Argentina terá 1,0 milhão de toneladas de trigo de baixa qualidade (concentrado basicamente em Necochea) para colocar no mercado”, acrescentou o especialista.
“Com isto os preços FOB recuaram em todo o Mundo, inclusive os oferecidos dentro do Rio Grande do Sul. As multinacionais estavam oferecendo trigo em Canoas (RS) a US$ 265/t até uma semana atrás e nesta semana baixaram para US$ 235/t. 
Pacheco assinala que, “como todas as medidas só começarão efetivamente a vigorar a partir do próximo dia 10 de dezembro, o mercado exportador de trigo na Argentina está paralisado neste momento. Só que o poder de mando se inverteu: antes eram os moinhos brasileiros que iam de pires na mão comprar trigo argentino e agora é a Argentina que precisa se desfazer deste grande estoque e convertê-lo em divisas (que estão quase a zero)”. 
“Isto assustou os moinhos. O poder de barganha está com o Brasil (e apenas com nosso país, porque o mercado internacional não paga nem de longe os mesmos preços que nós pagamos), que não tem mais pressa em comprar porque estamos relativamente abastecidos, temos ainda metade da disponibilidade do Paraguai para adquirir e só depois começaremos a importar o argentino. O mercado argentino pensa assim: 50% das retenciones repassa ao produtor e 50% repassa em competitividade (abate no preço FOB). É o que está acontecendo”, conclui.

Agrolink
Autor: Leonardo Gottems

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