sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Logística encarece a produção
De acordo com o Censo de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem quase 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, sendo 922.049 no Sudeste
Dos 1.536.305 estabelecimentos que utilizam meios de transporte, 450.473 usam automóveis e 236.098, utilitários; 124. 617 têm reboque e apenas 123.924 usam caminhões. Embora os que utilizam transporte não sejam nem um terço, o pequeno agricultor já percebeu o benefício de investir em um veículo adequado: o bolso.
A Logística é um dos fatores que mais encarecem o produto. Por isso, muitas vezes a cooperação entre produtores, grupos de consumo e a parceria com comercializadores, instituições governamentais e outras organizações ajuda a viabilizar o fornecimento de forma mais accessível , afirma Dercílo Pupin, produtor e também presidente da Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC). Dependendo da distância e das estruturas disponíveis, os gastos com transporte podem ultrapassar 60% do valor do produto , ressalta.
O produtor Luciano Gomes Rocha decidiu investir no próprio negócio há oito anos, depois de trabalhar por sete como funcionário. Produz flores e Mandioca, que vende e distribui no comércio local de Guararema, município da região metropolitana de São Paulo. Para vender o produto só na roça a gente não consegue ganhar nada, não tem lucro e nem consegue fazer o negócio crescer. E quem vem até aqui comprar não dá valor, mesmo no produto com qualidade. Eles acabam ganhando lá na frente. Na corda, quem fica no pé, como nós, sempre perde , diz Rocha.
Para ganhar um pouco mais e aumentar a lucratividade, o produtor investiu em um veículo próprio e decidiu ampliar a distribuição das flores - rosa, girassol e aspargo - para locais da região como Mogi das Cruzes, Suzano, Itaim Paulista, Itaquaquecetuba e parte de Itaquera e São Miguel.
A produção, no calor, chega a cerca de 600 dúzias de rosa por dia. Mas não vende tudo. Produzimos para esperar o cliente, para ter o que oferecer aos que vêm até aqui, como também para levar até os compradores de outras regiões , conta. Mas jogo mais fora do que vendo. No calor que fez uns dias atrás joguei mais de 800 pacotes de rosa fora, que estragaram e ninguém comprou , afirma o produtor, que tem um faturamento mensal de aproximadamente R$ 7 mil.
O produtor lista as vantagens de trabalhar no campo: não pagar o IPTU, só o Incra, menos poluição, contato com a terra e ficar longe do calor do asfalto, por exemplo. Mas nem tudo são flores. Quando o assunto é mão de obra, aparecem os obstáculos Este é um problema sério, é nossa maior dificuldade, não só minha, mas de todos que precisam de mão de obra na área rural. No Estado de São Paulo é difícil arranjar quem queira trabalhar na roça, são poucos. A maioria quer trabalhar pouco e ganhar muito , conta Rocha, que atualmente tem três irmãos como funcionários, vindos de Minas Gerais e Pernambuco.
Mesmo com a dificuldade, a ideia é crescer. E para isso o investimento em veículos é fundamental. Nos planos a curto prazo já existe a compra de um Trator. Estou precisando muito, pois arrancar a Mandioca com a mão é bem difícil , diz Rocha. E a médio prazo - daqui uns quatro anos - o objetivo é comprar outro veículo, como um VUC. Vai facilitar para o transporte de ferramentas para Lavoura e para entregar a flor ao cliente, que vai chegar com mais qualidade porque irá dentro da água para não estragar. E também conseguirei levar maior quantidade de flores, hoje trabalho bem apertado , explica Rocha.
O agricultor Jefferson Parra, há quase 30 anos no segmento, também pretende investir em um caminhão de pequeno porte. Com ele vou conseguir atender o Ceasa de São Paulo, por exemplo, onde a oferta e procura é bem maior. E também outras prefeituras que não retiram aqui em Porto Feliz , afirma. Aumentará a renda porque escaparei um pouco do atravessador. Para se ter uma ideia, a caixa que vendo para ele por no máximo R$ 30 ele consegue repassar por R$ 100 , explica o agricultor, que pretende fazer a aquisição do veículo daqui a dois anos.
Em 9,8 hectares de terra, Parra trabalha junto com a esposa, mãe e irmã e fazem a rotação de cultura, plantando e colhendo limão, tangerina, alface, couve-flor, banana, entre outros. O carro-chefe dos produtos cultivados pela família é o limão, que vende 18 mil kg por ano. O faturamento anual é por volta de R$ 32 mil.
O maior problema do negócio no momento é a Estiagem, a falta de água. Precisamos trabalhar com certo controle, senão não conseguimos cultivar. O ano passado e este foram atípicos, sem chuva , conta o agricultor, que precisará de dois anos para se recuperar do prejuízo dessa época.
Data de Publicação: 31/10/2014 às 19:20hs
Fonte: DCI
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