sexta-feira, 27 de junho de 2014
ONU pede que países se preparem para o El Niño
ONU pede que países se preparem para o El Niño
A Austrália teme uma seca recorde
A Índia, que também pode enfrentar uma longa Estiagem, reforçou seu estoque de alimentos. Nas Filipinas, o abastecimento de água foi intensificado. A mobilização foi provocada ontem pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), vinculada à ONU. O órgão de meteorologia emitiu um alerta recomendando aos governos que se preparem para secas e inundações devastadoras decorrentes do El Niño, fenômeno que deve ocorrer até o fim do ano. Há 60% de chances de que a anomalia climática ocorra entre junho e agosto. Essa possibilidade chegaria a até 80% entre outubro e dezembro.
O El Niño é um fenômeno causado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e pela redução de ventos na região do Equador, o que acaba provocando alterações no clima do mundo todo. Com isso, há chuvas e secas anormais em diversas partes do planeta, além do aumento das temperaturas globais. Estima-se que seu efeito se prolongará até o primeiro trimestre de 2015.
Interação com a atmosfera
Segundo a OMM, é mais provável que este ano o El Niño tenha intensidade moderada . No Brasil, porém, o índice de pluviosidade seria drasticamente alterado em algumas áreas nos próximos três meses. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), alguns estados da Região Norte teriam uma redução de até 45% no índice de chuvas. No Sul, as precipitações aumentariam aproximadamente 35%. Seus efeitos no sertão nordestino, que há três anos enfrenta uma Estiagem, ainda são incertos.
- Nunca vimos, em um ano, uma concentração tão grande de anomalias na temperatura da superfície do mar. No Chile, ela já está 1,2 grau Celsius acima da média - destaca Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico da USP e coautor do Relatório de Avaliação do Clima do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. - O aquecimento do Pacífico ocorre há mais de um mês. Se continuar neste ritmo, teremos um El Niño forte. Existem barreiras que, até agora, mantiveram a anomalia sob controle. As águas do Pacífico ficaram mais quentes, mas a nebulosidade e a intensidade dos ventos continuaram estáveis. Não houve, então, uma interação entre o oceano e a atmosfera.
Como a temperatura do Pacífico continua aumentando, é provável que os obstáculos que seguram o El Niño caiam nos próximos meses.
Demos avisos prévios a governos de todo o mundo a fim de que façam planos de contingência para o impacto que se espera do El Niño este ano na Agricultura, na gestão de água, na saúde e em outros setores sensíveis ao clima , ressaltou, em comunicado, o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. Nós permanecemos vulneráveis a essa força da natureza, mas podemos nos proteger estando mais bem preparados . Segundo Jarraud, é muito cedo para avaliar como o El Niño abalará as temperaturas globais deste ano. O aquecimento global, porém, poderá fortalecer o fenômeno nas próximas décadas.
A OMM lembra que, desde 1880, um mês de maio nunca foi tão quente quanto o deste ano - e isso ocorreu mesmo sem o El Niño.
- Vemos que as temperaturas estão cada vez mais elevadas, com ou sem esse fenômeno. Estamos constantemente batendo recordes de calor - alerta José Marengo, climatologista do Inpe. - Ainda não há consenso sobre qual será o futuro do El Niño. Alguns estudos consideram que ele será mais frequente. Outros, que virá menos vezes, só que muito mais intenso.
Professor de climatologia da Universidade Federal de Viçosa, Marcos Heil Costa recomenda cautela na associação entre as mudanças climáticas e o El Niño:
Impacto das mudanças climáticas
- Existem oscilações naturais, que duram até 28 anos, em que as águas do Pacífico estão mais quentes ou mais frias. Agora, estamos em um período em que o El Niño não é forte, e acredito que isso vai se manter até 2030 - diz Heil Costa, ex-coordenador-geral de Mudanças Climáticas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Para ele, o alerta global da OMM é especialmente importante para muitos países em desenvolvimento, que não contam com centros meteorológicos sofisticados.
- É um trabalho necessário, já que muitas nações são afetadas de diversas formas - lembra. - No Sudoeste da África, por exemplo, a seca é frequente, enquanto o Peru é bem mais chuvoso.
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Data de Publicação: 27/06/2014 às 17:00hs
Fonte: O Globo
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