segunda-feira, 29 de setembro de 2014
OIC prevê déficit global de 4 mi a 5 mi/sacas por seca no Brasil
Estoques mundiais ainda estão "confortáveis", diz entidade
Organização Internacional do Café (OIC) fez na sexta-feira (26/9) um diagnóstico pessimista sobre as perspectivas do mercado global do produto. A entidade entende que a seca que afeta as principais regiões produtoras do Brasil deverá reduzir a produção brasileira e fará com que o planeta tenha déficit na oferta da café na atual safra 2014/2015 e também na futura safra 2015/2016.
Após uma semana do seminário que reuniu os principais produtores de café na capital britânica, a entidade que representa o setor divulgou estimativa de que o mercado mundial teve registrar déficit entre 4 milhões e 5 milhões de sacas de café arábica - o mais produzido pelo Brasil - na atual safra que está na fase final de colheita. A oferta inferior à demanda também deve se repetir na safra 2015/2016, mas a entidade não deu detalhes sobre o prognóstico.
A queda na oferta, diz a Organização, é resultado da forte seca que afeta o Centro-Sul brasileiro. "Foram dois anos de muita seca no Brasil, o que reduziu a produção do café, especialmente do tipo arábica", disse o chefe de Operações da OIC, Maurício Galindo, em entrevista à imprensa na sede da entidade em Londres.
Segundo Galindo, o fenômeno climático prejudicou especialmente Minas Gerais, maior produtor de café arábica do País. "Isso mudou as condições do mercado, que passou a ter déficit na oferta", disse. A OIC espera que o Brasil encerre a atual safra com 45,14 milhões de sacas produzidas, volume 8,2% inferior ao registrado na safra 2013/14. A referência da entidade são os números já apresentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Estoques mundiais
Após a forte seca que afetou as principais regiões produtoras de café no Brasil, o nível dos estoques mundiais diminuiu, mas ainda está em um patamar considerado "confortável" pela OIC. São os estoques acumulados após duas safras recordes no país (2013/2014 e 2014/2015) que garantirão o suprimento do grão diante da queda da atual produção.
"Os estoques estão em um nível confortável atualmente. Tivemos dois anos de boa safra no Brasil e, a não ser que tenhamos outra grande forte seca, a situação é confortável", disse o diretor-geral da OIC, Robério Silva, em entrevista na capital britânica. Apesar do discurso tranquilizador, a queda da produção brasileira diminui os estoques existentes e o tema tem de ser acompanhado. "Isso (queda dos estoques) dá mais vulnerabilidade para o mercado, diminui esse colchão", disse Silva.
Segundo estimativa de junho citada pelo chefe de operações da OIC, Maurício Galindo, o Brasil contava com estoque de cerca de 15 milhões de sacas naquele mês. "O número é confortável", disse, ao comentar que a maioria do estoque brasileiro é do tipo arábica - exatamente o que mais sofre com a seca nas regiões produtoras. Com a manutenção do ritmo forte de exportações do Brasil, porém, os estoques tendem a "cair pesadamente" este ano, cita a entidade.
Questionado sobre as perspectivas para a safra 2015/2016 no Brasil após a ocorrência da seca, o diretor-geral da OIC, Robério Silva, disse que é "muito cedo para projetar números". O dirigente disse que é preciso aguardar os números do governo e que balizam as estimativas da entidade. Na terça-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gerardo Fontelles, explicou que o governo vai esperar mais alguns meses para aguardar a evolução das chuvas, o que afeta diretamente a florada dos cafezais. Fontelles defende que previsões mais precisas sobre a nova safra poderão ser feitas entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
Data de Publicação: 29/09/2014 às 15:10hs
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
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