sábado, 27 de dezembro de 2014
Preços em queda e altos custos marcaram última safra de soja em MT
27/12/2014 11h26 - Atualizado em 27/12/2014 11h26
Preços em queda e altos custos marcaram última safra de soja em MT
Também foram temas alteração do vazio sanitário e qualidade das sementes.
Veja os principais acontecimentos da sojicultura em 2014 no Estado.
Amanda Sampaio
Do G1 MT
Na safra 2013/14, Mato Grosso alcançou a maior produção de soja, de 26,3 milhões de toneladas em uma área de 8,4 milhões de hectares, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A forte demanda externa levou o Estado a volumes de exportação recordes, chegando a 14,18 milhões de toneladas (+15.66%, dados Imea). Mas, se por um lado o dólar alto (média de R$ 2,35 em 2014) beneficiou as cotações internas que tiveram média de R$ 54,38 (+2,88%, dados Imea), também elevou os custos de produção, que chegaram aos maiores patamares do Estado, de acordo com o Instituto. A margem de lucro dos sojicultores mato-grossenses ficou apertada.
Problemas climáticos, como excesso de chuva na colheita; maior incidência de doenças, principalmente Ferrugem Asiática; e custos elevados e baixos preços no mercado internacional marcaram esta safra na avaliação do presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk. No entanto, ele destaca que, de maneira geral, esses fatores não comprometeram a produção média do Estado.
O mercado de comercialização do grão se mostrou outra preocupação do setor. Durante o ano de 2014, houve um movimento de queda de preços internacionais da soja. “Tivemos custos bastante elevados, e um cenário de preços que começaram muito bons e que tiveram uma queda vertiginosa e rápida, então boa parte da safra 13/14 estava comercializada de maneira antecipada, e isso trouxe algum conforto para o produtor”, analisa.
Temendo o ataque da lagarta Helicoverpa armigera, os produtores intensificaram as aplicações preventivas de defensivos químico, mas os danos causados pela lagarta falsa medideira foram considerados maiores. “Foi um exercício interessante, porque o produtor passou a ter uma responsabilidade adicional em relação a sua lavoura, houve um acompanhamento de perto e mais técnico, o que é bastante positivo”, diz.
Em outubro, uma portaria do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) alterou a data inicial do vazio sanitário da soja de 15 de junho para 1º de maio, a pedido da Comissão de Defesa Vegetal do Estado. O principal motivo alegado pela comissão são conter o avanço da Ferrugem Asiática, aumentando o período em que a soja não pode ser plantada no campo. O setor produtivo reclama que o novo período proibitivo torna inviável o cultivo de soja safrinha e de sementes de soja.
Para a Aprosoja, esta questão polêmica ainda não foi encerrada, pois, segundo o presidente, os produtores entendem que existe um problema grave com relação ao uso excessivo e incorreto de fungicidas, o que pode colocar em xeque os produtos disponíveis para o combate à doença. Mas a entidade acredita que o plantio de sementes para uso próprio precisa ser regulado para que seja uma ferramenta dos agricultores.
Nesta safra, foram identificados oito casos de Ferrugem Asiática em lavouras comerciais do Estado no mês de novembro, sendo que, nos anos anteriores, haviam sido registrados no final de dezembro. Os casos foram informados no site do Consórcio Antiferrugem. Por meio de uma campanha, a Aprosoja tem recomendado que os produtores continuem vigilantes e que usem modos de ações diferenciados no combate da ferrugem com fungicidas.
“O produtor precisa ter em suas mãos a opção de produzir sementes próprias, e aqui em Mato Grosso em função do regime de chuvas, sem uma estrutura avançada, o produtor só consegue fazer sementes de boa qualidade para uso próprio na segunda safra”, comenta.
Presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk durante abertura do Circuito Aprosoja (Foto: André Rondon)
A questão traz à tona outro entrave enfrentado safra a safra pelos produtores: a qualidade de sementes. A germinação de sementes abaixo do prometido pelas empresas observada em algumas lavouras do Estado foi ainda agravado com as condições climáticas irregulares, como a estiagem prolongada no período da semeadura da oleaginosa, entre setembro e outubro. Segundo a Aprosoja, é preciso providências do Ministério da Agricultura principalmente com relação às sementes que vêm de outros Estados como a Bahia e Goiás, pois os casos mais graves foram observados em sementes compradas desses estados.
Em 2014, de acordo com o Imea, o preço da soja no mercado internacional caiu significativamente em virtude, sobretudo, da grande oferta e dos estoques finais globais. Para a atual safra, a supersafra americana de soja 14/15 se confirmou em cerca de 104 milhões de toneladas e em Mato Grosso é estimada uma produção recorde de 27,9 milhões de toneladas, aumento de 6%.
Diante deste cenário, Tomczyk acredita que os desafios são grandes, já que será a safra mais cara plantada no Estado, com custo estimado em R$ 2.571,94 por hectare de lavoura transgênica (dados Imea), e com a perspectiva de um mercado já abastecido. A esperança do setor é de que o mercado chinês - considerado por ele como um mercado firme e crescente - continue demandando.
“Mas momentaneamente, por uma ou duas safras teremos um mercado pressionado, com super abastecimento e isso também é um desafio para o produtor, uma vez que o mercado futuro não avançou, os preços deprimidos não foram atrativos para que o produtor fizesse uma proteção de preços dessa safra. Então entraremos na colheita no ano que vem com muita incerteza em relação ao faturamento ”, analisa.
O olhar agora se volta para a cotação do dólar, que tem se mantido alta neste final de ano, o que garante um alívio a curto prazo. “Esperamos que o mercado continue demandando e que possamos ter uma recuperação de preços e no longo prazo vemos um cenário bastante positivo ainda da produção agrícola”, projeta.
Segundo estimativa do Imea, as baixas cotações registradas nos contratos de 2015 na Bolsa de Chicago (CBOT) já impactam sobre as cotações futuras do grão em Mato Grosso, que atualmente encontram-se abaixo do registrado no ano passado. Esse fator tem levado a uma menor comercialização da safra futura, que registra vendas de apenas 34%, abaixo do realizado em dezembro de 2013.
Com o atraso no plantio, devido à estiagem que atingiu algumas áreas do Estado, um cenário de custos altos e preços projetados para baixo, a expectativa de Tomczyk para a safra que está em andamento não é das melhores. “Infelizmente, não é um ano muito cômodo. Teremos cintos apertados, bastante programação e trabalho. Acho que essa é a grande missão para 2015: o produtor se planejar bem, ser cauteloso para não ser surpreendido com situações não agradáveis”, conclui.
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Mato Grosso
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