domingo, 29 de abril de 2018

Avicultores de SC vivem incerteza após embargo da União Europeia

Edição do dia 29/04/2018
29/04/2018 08h13 - Atualizado em 29/04/2018 08h13


Avicultores de SC vivem incerteza após embargo da União Europeia


Com o embargo, eles estão recebendo menos aves para engordar e, por isso, o faturamento deve cair.

Eveline PoncioCordilheira Alta, SC

Criadores de frango de Santa Catarina vivem momentos de incerteza. Eles estão recebendo menos aves para engordar, por causa do embargo da União Europeia. O faturamento deve cair.
Valmor Sachet, que trabalha na avicultura há mais de 30 anos, já passou por outras crises antes, mas dessa vez está realmente preocupado. Depois que ele entregar o lote de aves, o próximo pode demorar a chegar: “Antes o intervalo era de 12 a 15 dias. Agora, o técnico falou de 25 a 30 dias de demora para entrar o próximo lote. Isso significa prejuízo na certa. Demora mais para entregar o lote e demora mais para receber”.
Essa situação é parecida com a do avicultor Ricardo Dalla Costa. Com a diferença que para ele o investimento nos últimos anos foi alto. Gastou R$ 2 milhões para construir dois aviários novos: “Eu estava encaminhando um financiamento para fazer placa solar, mas resolvi segurar enquanto isso, porque dá um certo medo".
Assim como eles, pelo menos, 13 mil famílias que vivem da avicultura em Santa Catarina passam por um momento de dúvidas. “Qual vai ser a renda? Como ele vai manter a sua renda? Por que é certo que a dilatação dos vazios sanitários vai diminuir a renda do produtor, mas os compromissos financeiros que esse produtor tem estão constituídos e ele vai ter que honrar", afirma Valdemar Kovaleski, presidente do Sindicato de Criadores de Aves de SC.
Das 20 unidades proibidas de exportar para países da Europa, três ficam em Santa Catarina. São todas unidades da BRF. Em Capinzal, a empresa anunciou que vai dar férias coletivas para quase três mil funcionários a partir do dia sete de maio.
Mesmo sem alojar as aves, os produtores estão recebendo um valor de custeio da agroindústria, algo em torno de R$ 88 por dia para cada aviário. "Um valor simbólico seria o custeio da propriedade, mais parte de funcionário. Para nós proprietários, nós não estaremos tendo prejuízo, mas também não estaremos lucrando nesse período de 60 dias", diz o avicultor Divonei Ávila.
A Associação Catarinense de Avicultura ainda não sabe o que será feito com o volume que não será exportado. “São plantas de capacidade de abate muito grande e com volume grande de exportação. Então, pra você direcionar pra outro mercado não é tão fácil assim e ele acaba ficando no mercado interno. E aí causa o problema de nós não temos onde estocar toda essa carne, porque são câmaras frias”, explica Ricardo Gouvêa, diretor executivo da Associação.
O embargo da União Europeia ainda não causou grande impacto no preço do frango no Paraná, principal produtor do país.
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