Publicado em 30/04/2019 10:54 e atualizado em 30/04/2019 11:42
Depois de quase três anos de preços praticamente andando de lado e com baixa liquidez, o mercado de terras ameaça esboçar uma reação. Por enquanto, predominam especulações, sem haver concretização dos negócios realizados. De qualquer forma, a maior procura por terras indica uma melhora do ânimo dos compradores, com mudança no quadro conjuntural.
A forte valorização da soja no mercado brasileiro em 2018 – em função da alta do dólar –, o aumento das exportações para a China e as expectativas melhores para a economia nacional trouxeram entusiasmo e aumento das consultas para a compra ou o arrendamento de terras na agricultura.
Em alguns estados, como é o caso de Tocantins, Bahia, Espírito Santo e Pará, as notícias de investimento em infraestrutura alavancam a procura por terras. As reformas e as melhorias nas estradas e nas ferrovias estimulam e valorizam as terras para a agricultura e a pecuária.
Por outro lado, os investidores ainda estão receosos quanto ao rumo dos negócios no País. Ou seja, se, por um lado, as especulações aumentaram; por outro lado, o volume de negócios concretizados ainda deixa a desejar.
A precificação das terras decorre de diversos fatores mais genéricos, tais como a proximidade da malha viária, o grau de tecnificação das propriedades, a produtividade da região, as culturas predominantes, as agroindústrias, os portos, o relevo e o solo, dentre outros. Já a determinação do valor negociável de um imóvel rural leva em conta caraterísticas específicas de cada propriedade e, normalmente, é realizada por um avaliador.
No caso das áreas arrendadas para a produção de grãos, em regiões onde a agricultura está consolidada, o aluguel gira em torno do valor de 12 sacas de soja por hectare. Esse número pode chegar à faixa de 15 a 17 sacas por hectare em áreas com melhores infraestrutura e fertilidade do solo.
Para terras de pastagem no Brasil Central, por exemplo, as referências de preços de arrendamento variam entre R$ 25,00 e R$ 30,00 por cabeça bovina, porém a procura é menor quando em comparação a terras para agricultura.
As próprias variações nos preços pedidos pelas terras de pastagem colocadas à venda foram menores quando comparadas às altas observadas nos pedidos por terras de agricultura. Isso conside-rando que, em muitos casos, houve estabilidade nas áreas de pastagem em comparação ao levantamento de novembro de 2018.
EXPECTATIVAS
A expectativa é de uma maior movimentação no mercado de terras neste ano, porém de mais procuras e consultas do que negócios efetivados. Acompanhar o ritmo das políticas de reformas implementadas no País e o desenrolar da produção nacional na safra 2018/19 é um ponto fundamental, pois tais temas podem impactar o mercado de terras nos próximos meses.
Um item importante é a queda no preço da soja em 2019. Trata-se de um cenário diferente do de 2018. Essa situação pode impactar o mercado de terras. O estado de ânimo do investidor pode diminuir. Afinal, esse grão é o carro-chefe da agricultura brasileira e balizador dos preços de terras agrícolas, que, em muitos casos, são, inclusive, negociadas em sacas de soja.
Para 2020 em diante, espera-se uma maior consolidação de negócios com terras no País, mas isso dependerá do grau de recuperação da nossa economia.
Por: Rafael Ribeiro de Lima Filho, Breno de Lima e Felippe Reis
Fonte: Agroanalysis/FGV
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