Publicado em 29/04/2019 17:13 e atualizado em 29/04/2019 20:24
A demanda mais lenta e que preocupa o mercado internacional mais uma vez pesou sobre os preços da soja na Bolsa de Chicago e os futuros da soja fecharam o pregão desta segunda-feira (29) em queda. A commodity ampliou suas perdas e o dia terminou com mais de 6 pontos de queda nos principais contratos negociados neste momento.
No Brasil, os negócios ainda são poucos diante dos preços também pressionados e o que mantém as cotações ao menos sustentadas tem sido o mercado cambial. "O que continua segurando os preços da soja no Brasil é o dólar", disse o diretor da Cogo Inteligência em Agronegócios, Carlos Cogo.
Neste início de semana, os preços até chegaram a ensaiar uma recuperação nas referências dos portos. Em Paranaguá, a soja disponível fechou com US$ 75,30 e alta de 0,40 por saca, enquanto o maio ficou estável nos R$ 76,00. Em Rio Grande, ganho de 0,41% no spot, para R$ 74,30, mas baixa de 0,27% no mês seguinte, que fechou com R$ 74,60.
Apesar do dólar em alta nesta segunda, no interior, as cotações da oleaginosa sentiram o peso das baixas mais intensas e Chicago e chegaram a perder até 2,32%, como foi o caso de Rondonópolis, em Mato Grosso, onde a saca foi a R$ 67,40. Em Sorriso, a referência é de 62,00. Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia e Goiás também viram seus indicativos recuarem.
O mercado brasileiro de soja continua lutando entre a pressão exercida pelo mercado em Chicago - que amargou novas baixas neste início de semana, com o março/19 perdendo a importante referência dos US$ 8,50 por bushel - e a volatilidade do dólar. Nesta segunda, a moeda americana terminou a sessão no Brasil com R$ 3,94.
Paralelamente, a demanda também está um pouco mais desaquecida do que se observava há alguns meses, o que também limita uma reação mais agressivas dos prêmios. A posição junho perdeu 5,26% nesta segunda-feira e ficou em 36 cents de dólar sobre os valores da CBOT. As posições abril e maio não se movimentaram, fechando com 30 cents nos dois casos.
Neste cenário, a comercialização fica travada e os produtores, cautelosos, como explicam analistas e consultores de mercado. Afinal, essas baixas já vêm se arrastando há alguns dias.
"Apesar da postura retraída de vendedores nacionais e da alta do dólar, os preços domésticos da soja caíram ao longo da semana passada. Segundo pesquisadores do Cepea, a pressão veio da queda nos preços externos, que reduziu a paridade de exportação de soja no Brasil", informou um alerta da instituição neste 29 de abril. Entre 18 e 26 de abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) recuou 0,7%, a R$ 76,11/saca.
Mercado Internacional
Na Bolsa de Chicago, como já dito, a pressão maior vem da demanda mais lenta neste momento. Os impactos da Peste Suína Africana (PSA) na China, maior compradora mundial da oleaginosa, têm sido bastante severos, além de se estenderem por outros países já em três continentes.
As preocupações com a doença versus o consumo de soja têm se agravado, principalmente por se dar em meio ao conflito comercial entre China e EUA que ainda está em andamento. Nesta semana, uma delegação americana está em Pequim para uma nova rodada de conversas e, na semana seguinte, chineses vão a Washington para dar continuidade às negociações.
Um acordo, porém, ainda é uma grande incógnita no mercado. Há a possibilidade de que o próprio Xi Jinping estaria disposto a fazer algumas concessões para tentar impulsionar as conversas e chegar um acordo com o governo de Donald Trump.
As informações, porém, ainda estão no campo dos rumores e o mercado já não especula tão profundamente sobre elas, desgastados por notícias não confirmadas em mais de um ano. Na próxima semana é a vez dos chineses voltarem a Washington.
"Enquanto assuntos-chave continuam a ser discutidos, há pontecial para que um acordo aconteça mais de um ano depois do início do conflito", diz o analista internacional Bryce Knorr, da Farm Futures.
Do USDA, nesta segunda, vieram números dos embarques semanais norte-americano em linha com o esperado pelos traders, o que também não contribuiu com o mercado.
Os EUA embarcaram 491,6 mil toneladas de soja na semana encerrada em 25 de abril e os números ficaram dentro das expectativas do mercado, que variavam de 330 mil a 540 mil toneladas. Em todo o ano comercial, os embarques da oleaginosa somam 31.542,177 milhões de toneladas, contra mais de 43 milhões do ano passado, nesse mesmo período.
Preço da soja em Paranaguá tem menor nível desde janeiro (Reuters)
SÃO PAULO (Reuters) - Os preços da soja no porto de Paranaguá, uma das referências no mercado brasileiro, caíram 1,87 por cento nesta segunda-feira, na esteira de perdas na bolsa de Chicago, para 74,69 reais por saca, o menor nível desde meados de janeiro, de acordo com indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No mês, o indicador já recuou quase 4 por cento, sob pressão do mercado futuro em Chicago, onde o contrato julho registrou nova mínima nesta segunda-feira, fechando em baixa de 6,50 centavos de dólar, a 8,6075 dólares/bushel.
A soja fechou a sessão em baixa nos EUA por conta do ritmo lento das exportações norte-americanas, pela oferta global abundante e por preocupações de que o atraso na semeadura de milho possa fazer com que mais acres sejam alterados para a oleaginosa, plantada mais tardiamente.
Além disso, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) apontou em seu relatório semanal que o plantio de soja nos EUA chegou a 3 por cento da área, um avanço de dois pontos percentuais ante seu início, na semana anterior, mas abaixo da média de cinco anos para o período, de 6 por cento.
No mercado internacional, operadores estão preocupados com uma redução da demanda pela China, que enfrenta o alastramento da peste suína africana, que afeta rebanhos e reduz do consumo de ração.
"O enfraquecimento da demanda influencia as importações de soja pela China, que já reduziram 14,33 por cento em 2019 comparado ao ano passado. Sem sinais de controle da doença, ainda é incerto qual será o real impacto em toda a cadeia da soja mundial", disse o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em boletim nesta segunda-feira.
(Por Roberto Samora)
Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas
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