segunda-feira, 29 de julho de 2019

Exportação de café solúvel cresce 9,6% no semestre e fica acima da expectativa



Publicado em 29/07/2019 18:46


Setor remeteu 1,9 milhão de sacas a 98 países nos primeiros seis meses de 2019
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), as exportações nacionais do segmento apresentaram crescimento de 9,6% no primeiro semestre de 2019 na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, saltando de um volume equivalente a 1.699.347 sacas de 60 kg para as atuais 1.861.793 sacas.
 
"O crescimento de 9,6% no primeiro semestre supera em quase o dobro os 5% projetados pelas indústrias para o ano de 2019. É um excelente resultado, que esperamos que se mantenha”, indica o diretor de Relações Institucionais da entidade, Aguinaldo Lima.
 
Em receita cambial, o desempenho fica um pouco aquém do registrado no primeiro semestre de 2018. As exportações de café solúvel renderam US$ 274,7 milhões de janeiro ao fim de junho deste ano, montante 3,8% menor que o registrado no primeiro semestre de 2018.
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DESTINOS
As exportações do primeiro semestre tiveram 98 países como destino. Por continente, o principal comprador dos cafés solúveis do Brasil foi a Ásia, que importou 16.374 toneladas, gerando uma receita de US$ 104,246 milhões. Fechando o top 3, surgem América do Norte, que gastou US$ 66,547 milhões na aquisição de 9.160 toneladas, seguida pela União Europeia, com 6.883 toneladas e receita de US$ 38,784 milhões ao Brasil.
O diretor de Relações Institucionais da Abics ressalta que o desempenho acima da expectativa no primeiro semestre está alinhado aos objetivos do projeto setorial "Cafés Solúveis do Brasil - Explore & Enjoy", que a Associação desenvolve em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
 
“O estabelecimento de uma imagem institucional do Café Solúvel do Brasil nos proporciona ferramentas para maior divulgação de nosso produto mundo afora, potencializando oportunidades para maior consolidação e ampliação de mercados na busca de alcançarmos nossos objetivos, que visam chegar a US$ 1 bilhão por ano em receita a partir de 2025”, comenta Lima.
 
A iniciativa adotada em parceria com a Apex-Brasil insere-se no Plano Estratégico do Café Solúvel do Brasil, lançado em 2016 pela Abics, que tem como meta alavancar o volume das exportações e o consumo interno brasileiro em 50% até 2025.

Brasil vê menor volume de café de alta qualidade em 2019, alguns operadores sofrem (Reuters)

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  • Agricultor durante colheita de café em São João da Boa Vista (SP) 06/06/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Por Maytaal Angel e Marcelo Teixeira

LONDRES/SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil está produzindo menos café de alta qualidade neste ano, apesar de uma safra grande de maneira geral, devido ao clima irregular, o que tem afetado alguns comerciantes que contam com o produto, disseram fontes do setor.
O mercado brasileiro de cafés finos está mais apertado que o normal, gerando um prêmio para a origem brasileira sobre os contratos futuros de Nova York, o que é particularmente raro nesta época do ano, disseram operadores, que pediram anonimato para falar sobre o tema devido à sensibilidade do assunto.
"Algumas tradings estão se retorcendo no mercado. Esses cafés estão sendo negociados com um prêmio para Nova York e é apenas julho. Será uma temporada longa e dolorosa para essas pessoas", disse um operador de Londres.
O trader disse que as bebidas finas do Brasil para embarque em agosto estão sendo negociadas 4 centavos acima dos futuros de Nova York, quando elas normalmente têm desconto de 5 a 9 centavos frente ao contrato de referência.
Algumas tradings que fizeram vendas antecipadas esperando diferenciais negativos no momento da entrega agora são forçadas a comprar com um prêmio, tomando prejuízos.
As várias floradas nas lavouras do Brasil levantaram preocupações sobre a qualidade da safra atual, conforme noticiou a Reuters anteriormente, mas a questão pode ser pior do que muitos esperavam.
O exportador Escritório Carvalhaes disse que o comércio estava inusitadamente lento, no auge da colheita.
"Há muitos anos não presenciávamos uma semana como esta. Estamos em plena entrada da nova safra 2019/2020, o mercado é comprador, mas os cafeicultores não vendem nas bases oferecidas pelos compradores", afirmou o Carvalhaes em nota na sexta-feira.
"Os produtores mostram preocupação com o tamanho e qualidade da safra que está entrando nos armazéns."
Segundo o exportador, o clima irregular no segundo semestre de 2018 desorientou os cafeeiros e as floradas acabaram eclodindo em quatro a cinco etapas.
"No verão, período de crescimento e amadurecimento dos frutos, novamente o clima não ajudou. O tempo apresentou-se seco em janeiro e bem chuvoso a partir de meados de fevereiro", disse Carvalhaes, citando ainda que temperaturas ficaram acima da média, inclusive no período noturno, por longos períodos no verão de 2019.
"Essas seguidas intempéries levaram a um precoce e desigual amadurecimento dos frutos... Essas chuvas derrubaram frutos maduros, as 'cerejas'...", comentou Carvalhaes, ressaltando que o resultado "é uma safra menor que a prevista e de pior qualidade".
"Teremos menos lotes de boa qualidade a finos e um volume maior de varrições, bem como de cafés com xícaras riadas e rio. O volume de CDs (Cerejas Descascados) produzidos é sensivelmente menor que o estimado inicialmente."
A produtora Daniella Pelosini, fornecedora regular da torrefadora italiana Illy, disse que vai se esforçar para produzir os cafés que as marcas de alta qualidade buscam.
"Não temos certeza do que aconteceu, mas o grão passou rapidamente de verde a seco. Estou achando muito difícil fazer volumes de cerejas para lotes descascados", disse ela durante visita à sua fazenda em Pardinho, no Estado de São Paulo.
"É um ano muito atípico", disse ela, estimando que 15% a 20% de sua produção será natural descascado, contra 35% em um ano normal.
Hélcio Junior, um dos proprietários da Unique Cafés, empresa que trabalha com grãos especiais de Carmo de Minas, nas terras altas da Mantiqueira, afirmou que a região tem visto queda de cerca de 50% na produção de cafés especiais, na comparação com o ano passado, que foi muito bom.
Junior explicou que o problema na região, conhecida pela alta qualidade do café, ocorreu pelo excesso de chuvas, que trouxe muitas floradas em vários períodos, quando a safra foi formada.
"Isso acabou trazendo maturação muito desuniforme, importante para café especial, o cereja, que é o café maduro. Há muita dificuldade de colher o café cereja, está muito desuniforme e isso está encarecendo muito a colheita", destacou.
Um dos efeitos será uma produção maior de cafés de qualidade inferior, bebidas mais fracas e tipos Rio ou Riado, que muitos torradores usam para misturar. Para os agricultores que já estão enfrentando preços historicamente baixos, o impacto adicional da menor qualidade só aumentará o problema.
Os produtores de café do Peru e de Honduras estão se beneficiando do déficit de qualidade no Brasil, com preços entre 5 e 10 centavos de dólar sobre os futuros, de acordo com o trader de Londres. Essas origens normalmente são negociadas em nível com os futuros.
O operador disse que os futuros em Nova York podem ser afetados, se os compradores se voltarem para os estoques da bolsa, que não são substitutos perfeitos, mas são arábicas lavados, pelo menos.
(Com reportagem adicional de Roberto Samora, da Reuters em São Paulo)
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Por: Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel
Fonte: Abics/Reuters

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