Produção de biocombustível deve dobrar até 2030, aumentando oferta nas bombas. Política nacional estimula produção de energia limpa em troca de créditos de descarbonização
A Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, que entrou em vigor em todo o país, deve contribuir para a queda do preço do etanol nas bombas. Pelo menos é o que estima Antônio Eduardo Tonielo Filho, ex-presidente e atual conselheiro diretor do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CeiseBr).
Diretor de usina em Sertãozinho (SP), Tonielo Filho explica que a produção de etanol deve dobrar até 2030, já que o Renovabio prevê o aumento da participação do biocombustível na matriz energética, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, os danos ambientais.
“Vai refletir [no preço da bomba] porque hoje não temos estabilidade na produção, temos previsibilidade. não conseguimos só produzir etanol, precisamos produzir açúcar, porque a usina é flexível. Com essa previsão de produção, vamos conseguir produzir mais etanol e ter uma produção mais estável”, afirma.
Regulamentado pelo ex-presidente Michel Temer, em março do ano passado, o Renovabio prevê o uso de créditos de descarbonização (Cbios) concedidos a produtoras de biocombustível, com base na energia limpa produzida. Esses créditos podem ser vendidos para quem precise de contrapartida pela emissão de carbono de produção.
“Tendo eficiência e créditos CBios, vamos ter um produto mais barato para o consumidor. Isso é o que importa para a gente. Se produzirmos mais etanol, o preço não estaria tão alto na bomba, porque quem controla o preço é o mercado. A falta do produto faz o preço subir. A oscilação de preços no mercado acaba”, diz o usineiro.
Renovabio
Criado por lei aprovada no final de 2017, o Renovabio teve a regulamentação concluída já sob o governo Jair Bolsonaro e entrou em vigor nesta terça-feira (24). O programa implementa mecanismos para incentivar empresas do setor de biocombustível a cumprir rigorosas regras contra danos ambientais, como o desmatamento.
“Melhoramos a nossa eficiência, a nossa produtividade, em até 30%. Com isso, conseguimos produzir etanol com a mesma produtividade, sem aumentar área. Isso também é importante, porque ele limita a gente. Não podemos plantar cana em bioma, na Amazônia, no Pantanal, em área desmatada”, diz Tonielo Filho.
Consultor em agronegócio, o economista José Carlos de Lima Junior diz que o Renovabio também deve elevar o percentual de biodiesel no diesel comum. A emissão de poluentes deve ser reduzida a partir do incentivo do consumo de biocombustível, em vez de combustível fóssil, como a gasolina.
“Atualmente, estamos com uma mistura de B7 para B10, ou seja, 7% para 10% de biodiesel no diesel. Agora, vamos ter uma mistura maior. A grande vantagem com o RenovaBio é que vai ter menos emissão de poluentes. Teremos uma vantagem com os carros de passeio, que poderão utilizar muito mais etanol do que gasolina”, afirma.
Data de Publicação: 03/01/2020 às 08:30hs
Fonte: G1
Fonte: G1
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