sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Conselheiro do CeiseBr prevê queda no preço do etanol com Renovabio em vigor no país

Produção de biocombustível deve dobrar até 2030, aumentando oferta nas bombas. Política nacional estimula produção de energia limpa em troca de créditos de descarbonização


A Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, que entrou em vigor em todo o país, deve contribuir para a queda do preço do etanol nas bombas. Pelo menos é o que estima Antônio Eduardo Tonielo Filho, ex-presidente e atual conselheiro diretor do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CeiseBr).
Diretor de usina em Sertãozinho (SP), Tonielo Filho explica que a produção de etanol deve dobrar até 2030, já que o Renovabio prevê o aumento da participação do biocombustível na matriz energética, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, os danos ambientais.
“Vai refletir [no preço da bomba] porque hoje não temos estabilidade na produção, temos previsibilidade. não conseguimos só produzir etanol, precisamos produzir açúcar, porque a usina é flexível. Com essa previsão de produção, vamos conseguir produzir mais etanol e ter uma produção mais estável”, afirma.
Regulamentado pelo ex-presidente Michel Temer, em março do ano passado, o Renovabio prevê o uso de créditos de descarbonização (Cbios) concedidos a produtoras de biocombustível, com base na energia limpa produzida. Esses créditos podem ser vendidos para quem precise de contrapartida pela emissão de carbono de produção.
“Tendo eficiência e créditos CBios, vamos ter um produto mais barato para o consumidor. Isso é o que importa para a gente. Se produzirmos mais etanol, o preço não estaria tão alto na bomba, porque quem controla o preço é o mercado. A falta do produto faz o preço subir. A oscilação de preços no mercado acaba”, diz o usineiro.
Renovabio
Criado por lei aprovada no final de 2017, o Renovabio teve a regulamentação concluída já sob o governo Jair Bolsonaro e entrou em vigor nesta terça-feira (24). O programa implementa mecanismos para incentivar empresas do setor de biocombustível a cumprir rigorosas regras contra danos ambientais, como o desmatamento.
“Melhoramos a nossa eficiência, a nossa produtividade, em até 30%. Com isso, conseguimos produzir etanol com a mesma produtividade, sem aumentar área. Isso também é importante, porque ele limita a gente. Não podemos plantar cana em bioma, na Amazônia, no Pantanal, em área desmatada”, diz Tonielo Filho.
Consultor em agronegócio, o economista José Carlos de Lima Junior diz que o Renovabio também deve elevar o percentual de biodiesel no diesel comum. A emissão de poluentes deve ser reduzida a partir do incentivo do consumo de biocombustível, em vez de combustível fóssil, como a gasolina.
“Atualmente, estamos com uma mistura de B7 para B10, ou seja, 7% para 10% de biodiesel no diesel. Agora, vamos ter uma mistura maior. A grande vantagem com o RenovaBio é que vai ter menos emissão de poluentes. Teremos uma vantagem com os carros de passeio, que poderão utilizar muito mais etanol do que gasolina”, afirma.

Data de Publicação: 03/01/2020 às 08:30hs
Fonte: G1

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