quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Economia dá sinais de busca por estabilização, dizem analistas

31/08/2016 10h03 - Atualizado em 31/08/2016 10h17



Economia dá sinais de busca por estabilização, dizem analistas














Especialistas ouvidos pelo G1 estima retomada do crescimento para 2017.
'Estamos tateando o fundo do poço', diz economista.

Karina Trevizan e Marta CavalliniDo G1, em São Paulo






PIB arte 2ºtri2016 (Foto: Arte/G1)
queda de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre veio em linha com as expectativas, de acordo com economistas ouvidos pelo G1. Os especialistas apontam ainda expectativa de que a economia se estabilize ou retome o crescimento a partir do quarto e último trimestre do ano.
“Estamos tateando o fundo do poço”, afirma Thaís Marzola Zara, economista chefe da Rosemberg Associados. “O resultado veio em linha com o que a gente estava esperando. Basicamente, já temos os primeiros sinais de que a economia está buscando a estabilização", diz
"Provavelmente, ainda vai ter outra queda no terceiro trimestre para aí começar a buscar a estabilidade ou crescimento no quarto”, avalia Zara, acrescentando, no entanto, que “a recuperação vai ser bem lenta e gradual”.
Já Miguel Daoud, consultor da Global Financial Advisor, ressalva que, “se a questão do impeachment não melhorar o humor do investidor, no ano que vem provavelmente no ano que vem a gente não terá uma reversão desse cenário negativo”.
Dois anos consecutivos de queda no PIB não é comum na história brasileira"
Pedro Raffy Vartanian
Para Pedro Raffy Vartanian, economista do Mackenzie, a queda de 0,6% veio dentro do esperado, “em função da conjuntura atual de política monetária de combate à inflação, tentativa de ajuste fiscal e instabilidade política”.
Em relação às perspectivas para a economia, Vartanian espera uma recuperação gradual a partir de 2017, e no segundo semestre o PIB deve voltar a ter variação positiva. “Não deverá ser uma grande taxa de crescimento, mas será superior a 1%. Dois anos consecutivos de queda no PIB não é comum na história brasileira”, diz. O professor prevê ainda que o desemprego deverá inverter a tendência de corte de vagas a partir do segundo semestre com a estabilidade da inflação.
Forte queda da agropecuária
A agropecuária foi o que registrou a maior queda no trimestre, com perda de 2%. Zara aponta que o desempenho negativo do setor já era esperado, já que “tivemos dificuldades com a safra de algumas culturas especificas”.
Daoud explica que o setor foi impactado pelo clima, a queda do preço das commodities no exterior e pela valorização do real.
Para Vartanian, a queda na agropecuária chama a atenção porque o setor vinha reagindo bem. “Mas tem a ver com sazonalidade e algumas culturas foram afetadas pela perda da produtividade”, diz.
Indústria tem leve alta
A indústria teve alta de 0,2% no trimestre, dado que é apontado por Zara como um sinal de “recuperação em ritmo moderado”.
Daoud comenta que “a indústria foi o setor que respondeu mais imediatamente” à crise econômica, “e agora está se recuperando em decorrência do exagero que houve no passado”.

O economista afirma que o setor foi beneficiado pelo câmbio, ao contrário da agricultura. “O que ajudou a indústria foi o câmbio, não a demanda”, diz o especialista, referindo-se à queda de 0,7% do consumo das famílias.
O que ajudou a indústria foi o câmbio, não a demanda"
Miguel Daoud
Apesar da alta da indústria, Vartanian alerta que esse indicador não pode ser visto como uma recuperação do setor.
“Comparada com o ano anterior, a queda foi de 3%. É que no 1º trimestre houve férias coletivas, carnaval e interrupção de atividades para ajuste nos estoques, então é normal na base de comparação haver alta no segundo semestre. O que vale é a base de comparação com o mesmo trimestre do ano anterior”, afirma.
Consumo e serviços em queda
Daoud credita a queda do consumo, assim como o recuo de 0,8% do setor de serviços, à alta do desemprego. Vartanian complementa que a queda do consumo das famílias e do setor de serviços também está relacionada ao aumento da taxa de juros.
O investimento subiu pouco, mas subiu, mostrando que a gente começa a vislumbrar um horizonte melhor para 2017"
Thaís Marzola Zara
“No caso do consumo das famílias, houve queda por receio de desemprego num cenário de crédito caro. Nos serviços tem a ver com o poder de compra dos trabalhadores. A inflação afetou o orçamento das famílias e a demanda por serviços”, explica.
Investimentos sobem
Zara destaca o crescimento dos investimentos após uma sequência de quedas. “Vale a pena destacar a formação bruta de capital fixo, que são os investimentos. Subiu 0,4% depois de 10 trimestres de queda. Subiu pouco, mas subiu, mostrando que a gente começa a vislumbrar um horizonte melhor para 2017”, diz a especialista.

Já Daoud avalia que “o investimento melhorou muito pouco, e não estabelece uma tendência”. “O investimento melhorou muito pouco. Como teve nos últimos tempos uma queda muito forte, esse aumento não é grande coisa pelo tamanho da nossa economia."
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