quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Ibovespa recua 2,5% com aversão a risco global e incerteza eleitoral



Publicado em 30/08/2018 18:00




Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de mais de 2 por cento nesta quinta-feira, com o efeito negativo da maior aversão a risco no ambiente global sendo amplificado na bolsa paulista pelas preocupações com cenário eleitoral brasileiro.
O principal índice de ações da B3 <.BVSP> recuou 2,53 por cento, a 76.404,09 pontos. O volume financeiro somou 9,7 bilhões de reais.
O pregão foi contaminado nesta sessão pelo clima externo desfavorável, marcado por nova rodada de depreciação de moedas de mercados emergentes, com destaque para o peso argentino , em meio a uma crise financeira naquele país.
O banco central argentino elevou os juros a 60 por cento ao ano, de 45 por cento anteriormente, e aumentou em 5 cinco pontos percentuais a taxa de compulsório para bancos.

No Brasil, o dólar superou 4,20 reais, mas a atuação da autoridade monetária comandada por Ilan Goldfajn por meio de leilões de swaps cambiais atenuou o avanço da moeda, que ainda assim encerrou em alta de 0,78 por cento, a 4,1463 reais.
Na parte da tarde, notícia da agência Bloomberg de que o presidente dos EUA, Donald Trump, quer dar continuidade ao plano de tributar 200 bilhões de dólares de produtos importados da China, levou o Ibovespa para a mínima da sessão.
Em Wall Street, o S&P 500 <.SPX> caiu 0,44 por cento.
Incertezas relacionadas às eleições no Brasil referendaram as vendas na bolsa paulista, conforme nova pesquisa não mostrou grandes mudanças na preferência do eleitor.
No levantamento do DataPoder360 divulgado nesta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida presidencial com 30 por cento de apoio, contra 21 por cento do candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
A pesquisa não trouxe um cenário sem o petista, mas mostrou o potencial de um possível candidato apoiado por ele.
"Não mostrou mudanças no quadro dos candidatos, mas reforçou a possibilidade de transferência de votos do ex-presidente Lula para o possível candidato do PT, Fernando Haddad", afirmou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos.
"Ao mesmo tempo, mostrou que o tucano Geraldo Alckmin não consegue melhorar e segue preocupando o mercado financeiro, já que continua sendo o candidato visto com maior potencial reformista", acrescentou.
De acordo com um gestor ouvido pela Reuters, a preocupação no mercado é de que parece cada vez maior a chance de o PT estar no segundo turno, mesmo sem Lula.
Ele explicou que há preocupação entre agentes financeiros de que o PT não adote medidas que eles veem como necessárias para a economia brasileira, notadamente do lado fiscal, citada por investidores em geral como primordial para o país.
Investidores também estão atentos à sessão extraordinária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), embora a pauta divulgada nesta quinta-feira não cite qualquer processo ligado à candidatura do ex-presidente Lula.
DESTAQUES
- ELETROBRAS ON e ELETROBRAS PNB caíram 6,55 e 6,31 por cento, entre as maiores quedas, após leilão de privatização de distribuidoras da companhia, no qual o grupo Energisa arrematou as distribuidoras em Rondônia (Ceron) e Acre (Eletroacre) e um grupo formado por Oliveira Energia e ATEM ficou com a empresa responsável pelo fornecimento em Roraima (Boa Vista Energia).
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 3,94 por cento, em sessão negativa para o setor bancário, contaminados pelo mau humor generalizado. BRADESCO PN perdeu 4,27 por cento, SANTANDER BRASIL UNIT declinou 3,52 por cento e BANCO DO BRASIL recuou 3,73 por cento.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON caíram 2,59 e 2,21 por cento, respectivamente, após ganhos fortes na véspera e apesar da alta dos preços do petróleo, conforme os papéis da petrolífera de controle estatal seguem afetados pela volatilidade eleitoral, além de sofrerem com a maior aversão a risco na bolsa como um todo.
- CSN subiu 0,7 por cento, após anunciar cancelamento os dividendos no valor de 890 milhões de reais, se comprometendo a utilizar os recursos não distribuídos para amortizar obrigações de curto prazo. No setor, GERDAU PN cedeu 2,33 por cento e USIMINAS PNA caiu 3 por cento, revertendo ganhos vistos mais cedo, quando o setor encontrou suporte em decisão dos EUA de aliviar cotas de importação de aço do Brasil.
- VALE fechou em queda de 1,18 por cento, também sucumbindo à deterioração na bolsa, após ganhos no começo do dia na esteira da alta dos preços do minério de ferro na China, enquanto o dólar mais valorizado também tem efeito benigno na receita da mineradora.
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Fonte: Reuters

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