terça-feira, 30 de julho de 2013
30/07/2013 19:30
30/07/2013 19:30
INTERNACIONAL: Crise financeira na China ainda é pouco provável
Estará a China à beira de um colapso financeiro? Essa é uma pergunta que vem ganhando nova urgência, depois que a economia do país entrou em desaceleração
ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCE
O crescimento no segundo trimestre foi de 7,5%, em sua segunda queda consecutiva. A dívida total já alcançaria mais de US$ 17 trilhões, ou espantosos 210% do Produto Interno Bruto (PIB), num aumento de 50 pontos percentuais em relação a quatro anos atrás, estima Wang Tao, economista-chefe para a China do UBS Securities (UBS).
Temor - A escala do problema sugere que o temor é bem fundado. No altamente alavancado setor empresarial chinês, a dívida das empresas chegou a 113% do PIB no fim de 2012, acima dos 86% em 2008 - quando os líderes do país ordenaram que os bancos abrissem suas torneiras de crédito durante a crise financeira, estima Louis Kuijs, economista-chefe para China no Royal Bank of Scotland (RBS).
Excesso de capacidade - Para piorar as coisas, as maiores empresas tomadoras de crédito - estatais de setores da indústria pesada como aço, alumínio, solar e construção naval - estão agora com excesso de capacidade, que foi financiado pelo crédito fácil.
Pagamento de juros - Uma parcela significativa dos novos empréstimos está sendo usada para pagar juros de empréstimos anteriores, segundo Wang, do UBS. "Os fabricantes que estão enfrentando problemas de excesso de oferta serão a fonte mais provável de novas inadimplências para os bancos neste ano", diz Liao Qiang, diretor de classificação de crédito de instituições financeiras na Standard & Poor's. "E, no próximo ano, os bancos sofrerão pressões crescentes, de incorporadoras imobiliárias, empresas de construção civil e governos locais endividados e em dificuldades".
Inadimplência - Embora o nível de inadimplência oficialmente admitido seja ainda muito baixo - pouco inferior a 1% para os bancos comerciais, no fim do ano passado -, esse nível é provavelmente subestimado. Os empréstimos dos governos locais, tomados em grande parte no sistema bancário paralelo, não regulamentado, cresceram nos últimos anos e agora equivalem a cerca de um terço do PIB, segundo o UBS.
Infraestrutura e empreendimentos imobiliários - Grande parte desse dinheiro foi bombeado para projetos de infraestrutura e empreendimentos imobiliários que não gerarão retornos durante anos. Se os mercados imobiliários chineses esfriarem, os governos locais, fortemente dependentes da venda de terrenos, poderão ficar inadimplentes.
Risco pequeno - Embora muitos analistas estejam ficando mais pessimistas em relação à economia chinesa, eles admitem haver risco muito pequeno de uma crise sistêmica. Controles de capital protegem a China do tipo de fuga que provocou colapsos financeiros em países como Tailândia e Malásia na década de 1990. Além disso, a dívida externa chinesa é muito pequena, apenas 7,2% do PIB, aponta Kuijs, do RBS, de modo que um esfriamento no interesse do capital estrangeiro não teria muito impacto.
Poupança pessoal - Com seu elevado nível de poupança pessoal e US$ 1,7 trilhão em ativos estrangeiros líquidos, a China tem amplos recursos para socorrer bancos e setores da economia em dificuldades. Kuijs estima que, mesmo num cenário de "grave estresse", em que um terço dos empréstimos ficasse em condição de inadimplência, o custo de um socorro elevaria a dívida do governo em apenas sete pontos percentuais, para ainda gerenciáveis 60%. "Seria certamente problemático. Mas a China tem meios fiscais para absorver problemas como esse."
Otimismo - Wang, do UBS, também é otimista. "O nível de endividamento não é um bom indicador para saber se um país tem um problema sério", diz ela. "A questão é saber se o país tem condições de arcar com a dívida, e até agora a China tem."
Sem pressa - O governo não tem pressa para resolver o problema da dívida. Em evento recente, o premiê Li Keqiang disse que o crescimento econômico não cairá abaixo de 7%. "Se a China quer reduzir sua dívida, então o crescimento terá de ser menor. Em algum momento mais adiante, eles terão de optar", disse Shen Minggao, diretor de pesquisa para a China no Citigroup.
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