sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fundação gaúcha trabalha para criar soja mais resistente antes mesmo da confirmação de pragas e doenças

Fundação gaúcha trabalha para criar soja mais resistente antes mesmo da confirmação de pragas e doenças PESQUISA 27/12/2013 | 19h43 Quatro novas cultivares à base da tecnologia Intacta devem ser lançadas em breve João Henrique Bosco | Cruz Alta (RS) A helicoverpa foi identificada no Rio Grande do Sul oficialmente só no mês de novembro. Antes disto, a pesquisa já vinha sendo intensificada. A equipe de reportagem do Projeto Soja Brasil visitou na região noroeste do Estado um centro de pesquisa que, mesmo antes da confirmação da existência da praga em solo gaúcho, já havia lançado no mercado pelo menos quatro novas cultivares que podem oferecer resistência à lagarta. As notícias que passaram a chegar já na safra passada lá do cerrado baiano e na região centro-oeste colocaram os produtores gaúchos em alerta. Todos sabiam que a praga chegaria por ali. – A gente vive num cenário que por um lado é privilegiado porque vê os outros Estados já plantando, aparecendo os primeiros problemas com as pragas. A gente como planta um pouquinho, e depois tem – se é que dá para chamar de privilegio – de plantar depois, e consegue ficar um pouco mais atento a estas doenças e pragas – afirma o pesquisador da área de melhoramento de soja Cleiton Steckling. É na região noroeste do Rio Grande do Sul, na cidade de Cruz Alta, que a pesquisa vem sendo intensificada. A Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa (Fundacep) lançou só em 2012 quatro novas cultivares desenvolvidas a partir da tecnologia Intacta. – A empresa, que é detentora da tecnologia, nos passa através de um convênio de cooperação técnica a tecnologia dentro de uma cultivar, e a gente precisa transferir esta tecnologia para nossas cultivares. Isto a gente faz através dos cruzamentos de hibridação, transferindo o pólen da planta de interesse de uma outra para cima do estigma da planta receptora, e vai gerar o cruzamento e os filhos que vão carregar esta tecnologia para as futuras gerações – explica Steckling. O trabalho é minucioso, requer tempo e paciência. Outras quatro cultivares à base da nova tecnologia estão prestes a ser lançadas no mercado pela fundação, que é mantida pela iniciativa privada e cadastrada pelo Ministério da Agricultura. Mas é apenas uma pequena amostra, comparada à dimensão da pesquisa realizada na Fundacep. Por ano, em média, são estudadas cerca de mil linhagens, e cada uma poderá, caso aprovada, virar uma cultivar à disposição do produtor, para prevenir ou combater as mais variadas pragas ou doenças. – Nosso objetivo final é chegar para o produtor uma cultivar com mais resistência às principais doenças e alta produtividade. Por isto a gente testa uma grande quantidade de materiais para neste momento de seleção poder optar pelas melhores para cada característica – acrescenta a pesquisadora Caroline Wesp. Durante a visita do Soja Brasil, a equipe acompanhou o trabalho de cruzamento entre as diferentes cultivares. – A gente testa para cada doença de soja a reação destas linhagens. As que são suscetíveis por critério a gente acaba eliminando do programa, e levando adiante só as que têm uma resistência boa a doenças – diz Caroline. Na ponta final está o agricultor, hoje em dia inseparável do resultado da pesquisa, dependente das novas tecnologias, ligado em tudo o que acontece e, no caso do Rio Grande do Sul, com um pouco mais de tempo para se prevenir. – Além de desenvolver a variedade a gente também posiciona ela no mercado para ver o melhor manejo. Dependendo da cultivar vai ser necessário começar antes ou depois as aplicações, qual o melhor produto daquele material. A gente posiciona qual o melhor fungicida, a melhor época de aplicação, quantas são necessárias. Então seria a ideia do pacote tecnológico, lançar a cultivar mas também com o melhor manejo – conclui a pesquisadora. CANAL RURAL

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