domingo, 2 de março de 2014

Novas tecnologias aumentam a produtividade do camarão no RN

Novas tecnologias aumentam a produtividade do camarão no RN Técnicas conseguiram controlar a doença da mancha branca. Resultados aumentaram produção e exportação do produto. 02/03/2014 08h45 Do Globo Rural Novas tecnologias estão aumentando a produtividade das criações de camarão no Rio Grande Norte. As inovações são uma reação à doença da mancha branca, que chegou a suspender a exportação do produto na região. Uma das novidades acontece em um laboratório no município de Touros, o maior do Rio Grande do Norte. Tudo começa em tanques do setor de maturação. No local, os melhores machos e fêmeas do plantel são colocados para reprodução e recebem alimentação especial e com hora marcada. "Os animais se alimentam a cada três horas e, basicamente, é uma dieta extremamente rica em proteína que consiste em lula, mexilhão, biomassa de artêmia e ração balanceada", relata Roseli Pimentel, gerente geral do laboratório. As proteínas aumentam e melhoram a produção de ovos das fêmeas. Cada uma delas produz 240 mil ovos, dos quais 160 mil eclodem seis horas depois da fecundação. Com pouco mais de uma semana, eles já se parecem com miniaturas de camarão. Há cerca de três anos, um vírus causador de uma doença popularmente conhecida como mancha branca chegou aos viveiros de camarão do estado. O índice de mortalidade pode atingir 100%. Por isso, o melhoramento genético na carcinicultura é tão importante. “Hoje o que a gente oferece ao mercado são animais que não possuem patógenos. É isso que a gente acredita que é a saída para a carcinicultura: um animal resistente e limpo ao mesmo tempo", explica Roseli. Em uma fazenda de 57 hectares em Taipu, a produção é de baixa densidade. São dez camarões por metro quadrado e ciclo de 130 dias. A mancha branca não chegou ao local porque vários cuidados são tomados para evitar que o vírus chegue até os viveiros. Um exemplo é a instalação de barreiras sanitárias, com a limpeza dos veículos que vêm de áreas de risco. Há também um reforço na alimentação do crustáceo, com melaço e probiótico. “Dois litros de probiótico por semana e 60 quilos de mel para cada bombona, em todos os viveiros, três vezes na semana”, afirma Edmilson Policarpo de Souto, gerente da fazenda. As bactérias boas, chamadas de probióticas, se alimentam do melaço, se multiplicam mais rapidamente e produzem mais alimentos para os camarões, aumentando o peso deles. "Percentualmente, eu diria que melhorou uns 20% no sentido de ganho de biomassa", garante Antônio Carlos Fonseca, criador de camarão há 13 anos. Entre 2000 e 2005, Antônio Carlos chegou a exportar, mas hoje está satisfeito atendendo o mercado interno. “A nossa produção de 2013 foi de 180 toneladas e vamos manter essa produção para 2014. Os compradores são os atravessadores que levam para o eixo Rio - São Paulo e para Salvador", afirma o criador. Em uma fazenda em Barra do Cunhaú, outra técnica para melhorar o rendimento da criação é usada. Ela é responsável por 10% da produção de camarão no estado. No local, a densidade dos tanques aumentou muito, passando de 15 para 150 camarões por metro quadrado, com ciclo de 90 dias. Isso só foi possível porque foram adotadas técnicas de manejo inspiradas em ideias empregadas em outros países, que garantem uma melhor qualidade dos viveiros e proteção contra contágios. Os reservatórios foram impermeabilizados com lonas para evitar o contato da água com a terra, eliminando possíveis contaminações e facilitando a limpeza entre os ciclos de cultivo. Telas impedem que pássaros tenham contato com os animais, espalhando doenças pela fazenda. “Os resultados produtivos são muito bons e conseguimos vencer a mancha branca, mas a parte financeira pesa muito porque o investimento é de R$ 600 mil por hectare e a gente calcula que é um retorno de cinco anos”, diz o produtor Werner Jost. Com camarões de melhor qualidade, criadores e distribuidores investem na conquista dos consumidores. Agregar valor oferecendo ao mercado um produto mais elaborado é a proposta de uma indústria de beneficiamento que consegue elevar o preço do quilo do camarão em cerca de 30%. Do local, só sai camarão congelado, inteiro, sem cabeça e descascado. A produção é crescente e a clientela garantida. “Atualmente, nós estamos recebendo já 100 toneladas por mês e ainda temos condições, com as instalações atuais, de chegar a 160 toneladas por mês de produção", afirma Leônidas de Paula, diretor da indústria. Para atingir a meta, foram investidos no último ano mais de R$ 1 milhão em equipamentos. Uma máquina pesa e embala o camarão inteiro, a outra tira quase toda a casca. Houve também contratações: a empresa passou de 50 para 70 funcionários, a maioria mulheres, que têm mais habilidade no processo de limpeza do produto. Tudo para que, do inicio ao fim, se obtenha o melhor resultado. “Estamos trabalhando atualmente com 100% de mercado interno, mas não descartamos a exportação", garante Leônidas. No ano passado, o maior comprador de camarão do Brasil foi a França. Do início do ano até agora, o preço médio do quilo vendido para o exterior subiu 60%. Em 2013, o Rio Grande do Norte ficou em primeiro em volume negociado, resultando em US$ 2,3 milhões. Em 2014, a expectativa é superar esses números. Cerca de 200 toneladas do crustáceo já partiram em direção a países como Vietnã. “Há falta de camarão no mundo. Cada vez mais, estamos sendo procurados para fornecer esse camarão, tanto para o mercado europeu como para o asiático e outros países ao redor do mundo”, comemora o exportador Cristiano Gomes. tópicos: Taipu

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