domingo, 28 de setembro de 2014

Leilão no MS reúne criadores e vendedores de gado de corte

Leilão do Corixão é importante ponto de comércio de animais do estado. Comitivas viajam mais de 30 dias para exibir os bois aos compradores. 28/09/2014 07h50 - Atualizado em 28/09/2014 08h00 Do Globo Rural Uma vez por mês, criadores e vendedores de gado do pantanal de Mato Grosso do Sul se reúnem para comprar e vender gado de corte. Comitivas viajam mais de 30 dias para exibir seus animais aos compradores. O pantanal de Mato Grosso do Sul é um verdadeiro paraíso para a criação de gado de corte. Na região nascem, por ano, de seis a sete milhões de animais. Graças à umidade do solo, as pastagens se mantém verdes durante todo o período seco. O problema é tirar a boiada do pantanal para levar até os pontos de compra e venda de gado. As fazendas que ficam isoladas nas partes mais profundas do pantanal reúnem suas boiadas e formam comitivas para transportar os animais até os pontos de comercialização. Uma aventura que pode durar vários dias. Ramon Silveira é chefe de uma comitiva. “Nós caminhamos cerca de uns 300 quilômetros em uns 25 dias de viagem”, conta. Algumas boiadas vêm do pantanal de Paiguás, cruzam o rio Taquari, o pantanal da Nhecolância até chegar ao município de Rio Verde para participar do tradicional Leilão do Corixão. No leilão os animais são divididos em lotes, recebem feno e descansam da longa viagem. “Desta vez eu trouxe 1.500 cabeças, 750 machos e 750 fêmeas. A gente traz pra vender, não pra levar de volta. Existe mercado para vender lá, mas você tem que aguardar o comprador ir lá o dia que ele pode. Você não tem o custo de trazer para o leilão, mas você tem o custo de ficar sempre esperando a boa vontade do comprador. Aqui não, você trouxe, tanto o comprador, quanto o vendedor estão no mesmo lugar e a coisa acontece”, diz Ramon Silveira. Os compradores começam a chegar. Airton Belintane não se assusta com a magreza dos bezerros que chegam do pantanal. “Eu estou apetite para comprar. É um gado que tem uma recuperação rápida. O preço do gado está bastante aquecido. Não é que não tenha gado. O gado tem. Acontece que o fazendeiro está bem financeiramente”, diz. A figura mais aguardada por todos é o leiloeiro, que chega num avião particular. Adriano Barboza ganhou fama no Brasil inteiro, graças ao seu estilo de narração e aos seus conhecimentos do mercado. “Eu tenho tido o prazer de fazer leilão no Brasil inteiro, e por isso a gente acaba ficando conhecido”, explica. O leilão em que o Globo Rural esteve reuniu 2.800 cabeças. Os lotes entram na pista para a observação dos compradores. Cada um tem em mãos a ficha dos animais. Quem não pode comparecer para ver os animais de perto, recebe imagens ao vivo pela TV e pela internet e pode fazer lances através do telefone. Os homens da pista ficam de frente para a plateia fazendo gestos e repassando os lances ao leiloeiro. Fiscais da Agência Estadual de Defesa Sanitária ficam no local para conferir a documentação dos rebanhos. Nenhum animal entra ou sai do leilão sem os papéis que comprovam as vacinas e o estado clínico deles. Só depois de emitida a nota fiscal eles estão liberados para seguir viagem. Os caminhões formam filas para carregar os animais, mas a boiada arrematada por uma fazenda vizinha segue caminhando lentamente. Os animais estão cansados e precisam se alimentar e tomar água pelo caminho. Por sorte, a chuva que começou a cair essa semana no planalto de Mato Grosso encheu os açudes e está ajudando na brotação do pasto. A empresa que faz o leilão arca com todos os custos, inclusive as despesas das comitivas que transportaram o gado. Cobra 4% de quem vende e mais 4% de quem compra. O leiloeiro fica com 0,7% do total. Pantaleão Flores, membro da organização do leilão, ficou contente com o resultado. “Vendeu 100%. O leilão foi bom, melhor do que eu esperava”, comenta. Adriano Barbosa está animado com a reação do mercado. “O mercado extremamente aquecido. Nós tivemos ai uns dois últimos anos difíceis pra pecuária, com as margens muito achatadas, mas de um ano pra cá melhorou. As exportações batendo recordes a cada seis meses. O bezerro corrigiu, em todas as praças do Brasil, uns 30% nos últimos 12 meses”, avalia.
tópicos: Economia, Mato Grosso do Sul

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