domingo, 28 de setembro de 2014

Redução do preço do trigo preocupa produtores do Paraná

Houve queda de 33% no valor da saca de 60 quilos em relação a 2013. Safra no estado deve chegar a 4 milhões de toneladas. 28/09/2014 08h05 - Atualizado em 28/09/2014 08h08 Do Globo Rural Os produtores de trigo do Paraná já colheram quase a metade da safra, que deve ser recorde este ano. Apesar disso, tem muito agricultor que não está muito animado. Fazia tempo que o agricultor Celito Mazzaro não via grãos de qualidade como os desta safra. No ano passado, em Cascavel ele perdeu toda a produção de 100 hectares por causa do clima. Agora as plantas estão bonitas e com boa produtividade. Colheita com safra cheia costuma ser motivo de comemoração, especialmente numa cultura de risco como a do trigo, em que é fácil ter perdas com geadas e excesso de chuva, o que não aconteceu esse ano. As lavouras se desenvolveram bem, mas os produtores não se sentem recompensados. O maior problema é o preço. A saca de 60 quilos, um ano atrás, valia R$ 45. Agora sai a R$ 30. Uma queda de 33%. Celito Mazzaro calcula que o valor mal cobre os custos. "Esse ano é bolso vazio, porque com o preço que está, de R$ 30... Olha, tem que dar uma produção boa para cobrir os custos", comenta o agricultor. Esta deve ser a maior safra de trigo da história do Paraná. Até agora 41% da produção foi colhida. A expectativa é de que a safra chegue a quatro milhões de toneladas, o dobro da de 2013. No Brasil, a safra deve ser de 7,6 mil toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O presidente da Coopavel explica que a desvalorização tem a ver com a alta produção no país e também no exterior. Outro fator que pressionou os preços foi a isenção de impostos para a importação de um milhão de toneladas entre os meses de agosto e setembro. "Essa importação de trigo prejudicou, porque nós tínhamos estoques que davam condições de abastecer normalmente o mercado. E também, nós estávamos no início da colheita, então esse um milhão de toneladas isenta de impostos, prejudicou diretamente o produtor rural e principalmente os estados do sul, que produzem 95% da produção nacional de trigo", avalia Dilvo Grolli, presidente da Coopavel. O agricultor Jurandir Tomazi termina a colheita esta semana e gostaria de estocar o produto, na esperança de ver os preços reagirem, mas as contas da safra estão vencendo e ele terá de vender os grãos com a cotação de agora. "Vamos ter que vender tudo, , porque hoje não tem como você segurar. É difícil, porque você trabalha, produz, só que no final não te sobra dinheiro, você paga as despesas e fica zero a zero, não adianta nada", diz Jurandir Tomazi, agricultor.
tópicos: Economia, Mato Grosso, Paraná

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